Conversamos com Profissionais da Saúde sobre a pandemia e 2020

Em 2017, a série ‘Sob Pressão’, criada pelo cineasta Jorge Furtado e produzida pela Globo, foi lançada ao ar. Ao longo de três temporadas, os episódios mostram os dramas vividos por uma equipe de profissionais da saúde que tenta salvar vidas em hospitais públicos. Antes da pandemia a série já mostrava a luta dessas pessoas. Mas este ano, a última temporada da série trouxe dois episódios especiais sobre plantões médicos em plena pandemia do Covid-19 e mostrou, com a arte, o que se tem vivido na realidade.

Antes de mais nada, é preciso esclarecer que não são classificados como profissionais da saúde apenas os médicos ou enfermeiros. Fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogo e até mesmo as pessoas da limpeza e da recepção fazem parte da equipe de profissionais da saúde, protagonistas de 2020.

No dia 18 de Outubro é comemorado o Dia do Médico. E, em 2020, esses profissionais tiveram motivos de sobre para serem parabenizados e reconhecidos. A pandemia que levou a quase todos para dentro de suas casas encontrou resistência nos profissionais da saúde, que em determinado momento foram praticamente os únicos a deixarem suas casas para atuarem em seus ofícios. Enquanto grande parte da sociedade se resguardava e protegia a si e suas famílias, essas pessoas encaravam o vírus que atormentava a população a uma distância de apenas uma roupa de proteção – quando a tinham.

Roupas, essas, que não foram suficiente para proteger o Enfermeiro Daniel Garcia, 42, um dos cinco profissionais que atenderam um paciente contaminado na Unidade do AMA (Assistência Médica Laboratorial) do Jardim Peri. Mesmo com a paramentação durante o plantão inteiro, avental por cima dos jalecos, máscara, luvas e face shield, o enfermeiro contraiu o vírus da Covid-19. Apesar de seu estado não ter agravado a nível da necessidade de internação, Daniel foi contaminado em abril, no auge da pandemia, e conta que entre seus maiores medos havia o de contaminar sua família.

O primeiro maior medo é morrer, o segundo é contaminar alguém da sua família. Você se sente como uma arma, uma bomba podendo prejudicar a vida das pessoas.

Daniel Garcia da Silva, Enfermeiro no AMA Jardim Peri
No Brasil, mais de 150.000 pessoas morreram na pandemia do novo Coronavírus
Crédito: Blog da Qualidade
No Brasil, mais de 150.000 pessoas morreram na pandemia do novo Coronavírus
Crédito: Blog da Qualidade

A pandemia foi como uma guerra, e os soldados que vão à frente são esses caracterizados pela farda composta do jaleco, luvas e máscaras. Segundo os levantamentos do Ministério da Saúde, mais de 200.000 profissionais da área foram infectados pelo vírus da Covid-19. A médica Fernanda Gutierre, 28, Residente de Clínica Médica no Hospital do Tatuapé foi uma dessas profissionais.

Segundo a médica, ocorreram mudanças bruscas nos plantões quando a pandemia começou, principalmente nos atendimentos. “A carga de trabalho se intensificou, os atendimentos foram em massa e até certo ponto, exaustivos. Devíamos selecionar os mais graves para garantir que os pacientes que realmente precisassem do suporte intensivo (UTI, ventiladores, monitores), recebessem”. Fernanda também acrescenta que os profissionais da saúde foram afetados com a carga emocional, sentindo frustrações, medos e às vezes, alegrias pelas curas.

O fato de ocorrerem mortes em maiores quantidades todos os dias, mesmo com todo suporte medico que dávamos, trouxe uma responsabilidade ainda maior e uma carga emocionalmente pesada. O sofrimento dos pacientes mexe com o emocional, principalmente diante da impotência de fazer o que está ao alcance e o paciente não sobreviver.

Fernanda Gutierre, Médica e Residente de Clínica Médica

Com os números abaixando e as medidas de flexibilização aumentando, os profissionais da saúde se veem como verdadeiros soldados de guerra prestes a voltar para casa, mas com traumas a mais e companheiros a menos.

Uma profissão de entrega

Não existe maior amor do que este: de alguém dar a própria vida por causa dos seus amigos.

João 15:13

A Bíblia fala que o maior amor é aquele que dá a vida por seus amigos. No caso, as pessoas que têm dado suas vidas não são necessariamente amigas daquelas que foram salvas, mas ainda sim, trata-se de uma grande prova de amor.

Crédito: Marcelo Seabra/Agência Pará
Crédito: Marcelo Seabra/Agência Pará

Jesus Cristo também foi chamado de grande médico, pois declarou, como está em Lucas 5:31-32, que“os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não vim chamar os justos, e sim pecadores, ao arrependimento”. Para trabalhar em um hospital, principalmente durante esses tempos, é necessário coragem e um espírito de renúncia – renúncia da sua própria saúde e do que você gostaria de fazer para proteger a si mesmo e aos que ama. É por essa renúncia que o grande ato de serviço desses profissionais é possível, o cuidado e cura de pessoas que nem sequer conhecem direito.

Assim, pois, qualquer um de vocês que não renuncia a tudo o que tem não pode ser meu discípulo.

Lucas 14:33

Fernanda entende que está em um lugar que muitos não desejam estar, mas ajuda com confiança as pessoas que precisam de consolo, tratamento e apoio. Seu apoio vinha de Deus e tinha muita certeza no cuidado que o Senhor trazia em todo aquele momento e que de modo algum achava que Ele estava distante.

Eu orava e confiava em Deus, e ia feliz pelo privilegio de servir na maior pandemia que ja vivemos. Com alguns pacientes eu chorei, com outros sorri. Valeu a pena. Em tempos como esse eu escolhi amar. E amar é sacrifício, é ir além do cansaço e continuar pelo outro. É chorar com os que choram e se alegrar com os que se alegram. Escolhi trazer à minha memoria e a dos pacientes esperança e alegria. Nem sempre podemos curar, mas sempre podemos aliviar o sofrimento e no final ouvir um muito obrigada de um paciente, vale todo esforço.

Fernanda Gutierre, Médica e Residente de Clínica Médica

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