O livro mais vendido de todos os tempos, com aproximadamente 6 bilhões de cópias por todo o globo, a Bíblia Sagrada narra a criação do Universo, do homem, e a trajetória do mundo até a vinda de Jesus Cristo e após ela. A Bíblia é um dos pilares da fé cristã, que pontua e rege os ensinamentos da igreja, inspirada nas lições de Deus. É devido à essa importância que diversas traduções e versões foram criadas, para atender a todos que buscam respostas e conselhos nos escritos divinos.
Versão e Tradução
Para compreender melhor as diferenças entre as bíblias que existem atualmente, é preciso entender que versão e tradução são coisas distintas. As traduções partem do texto originário, ou melhor dizendo, da língua originária a qual os escritos pertencem. Por exemplo, a Bíblia, em sua maioria, é escrita originalmente em grego e hebraico: ao transcrever os textos para outra língua, estamos traduzindo-a. As versões, por sua vez, são a ‘tradução da tradução’, ou seja, usa-se como base um texto que foi traduzido do original para criar-se um texto novo.
Jay Sour, escritor e professor canadense de literatura comparada, explica a dicotomia típica entre tradução e adaptação que ainda hoje é debatida em estudos de tradução e literatura vomparada: “O objetivo presumido de uma ‘tradução perfeita’, que nunca poderá existir, é criar do texto em seu idioma original um equivalente preciso e exato em outro idioma. Em outras palavras, o objetivo de uma tradução é evitar fazer alterações além do que a mudança de idioma exige. A presunção de uma adaptação é que as mudanças estão sendo feitas intencionalmente. Uma vez que todas as traduções requerem alguma adaptação e todas as adaptações são traduções de algum tipo (geralmente de um meio para outro meio), o debate é uma questão de olhar se o copo está meio vazio ou meio cheio.”
Sour continua: “A palavra ‘versão’ (como ‘adaptação’) enfatiza a mudança em um texto, enquanto uma tradução aspira a resistir à mudança do texto. Embora toda tradução seja necessariamente uma versão, apontar que uma tradução é uma versão pode ser um insulto moderado, em essência apontando que todas as traduções são, em algum grau, falhas – palavras que rimam em um idioma não rimam em outro, algumas piadas são engraçadas em um idioma mas não funcionam em outro, as conotações, associações e ambiguidades de algumas palavras não podem ser traduzidas, etc.”
Ainda segundo Sour, “É importante notar que, no século 16, ‘versão”’francesa era sinônimo de ‘tradução’. A origem da palavra é ‘afastar-se’. No inglês do século 18, a palavra ‘versão’ assumiu um sentido de ‘destruição’. Nenhum tradutor gostaria que seu trabalho fosse rotulado como ‘uma versão’, pela simples razão de que convida à extrapolação de que a tradução é uma das muitas ‘versões’ possíveis ou, pior ainda, uma ‘perversão‘.”
As traduções da Bíblia
Você já teve dúvidas sobre qual tradução da Bíblia deveria ler? Existem diversas traduções das escrituras para o português que podem influenciar o seu entendimento das escrituras.
William Teixeira, formado em Teologia pela Universidade Metodista e pastor titular na igreja Comunidade Portal da Graça há 14 anos, comenta a necessidade de novas traduções do Livro Sagrado ao longo dos anos.
‘A língua é muito dinâmica, então ela vai mudando com o passar do tempo. Uma tradução que era boa há 50 anos não é mais uma boa tradução hoje, porque a língua se modifica e adquire novos significados. A tradução precisa acompanhar esse dinamismo da língua. A primeira tradução da Bíblia para o português foi há quase 300 anos, imagina lermos um português de 300 anos atrás? Por isso, a tradução precisa ser atualizada‘ explica o teólogo.
‘Além disso, existe a parte comercial, já que as editoras possuem os direitos autorais de uma tradução específica. Existem algumas traduções que são de sociedades sem fins lucrativos, mas há traduções que são de editoras comerciais – a Bíblia é o livro mais vendido no mundo todos os anos ‘, diz William.
Há dois tipos de traduções: a tradução literal, em que o esforço do tradutor está concentrado em tornar o texto o mais fiel literalmente ao que foi escrito no original, palavra por palavra, no vernáculo hebraico e grego (e as vezes à custa dos recursos naturais de expressão da língua portuguesa), e a tradução da equivalência dinâmica, cujos esforços estão na busca pelo sentido do texto, tentando facilitar para o leitor contemporâneo a compreensão do que o autor quis dizer ( às vezes ao custo da literalidade, ordem e vocabulário do texto original).
A Bíblia Sagrada possui inúmeras traduções em todo o mundo. No Brasil circulam, atualmente, pelo menos 13 traduções/versões da Bíblia para o português: Nova Versão Internacional (NVI); Nova Tradução da Linguagem de Hoje (NTLH); King James 1611; Almeida Revista e Atualizada (ARA); Almeida Revista e Corrigida (ARC); A Mensagem; Nova Versão Transformadora (NVT); Nova Bíblia Viva; Nova Almeida Atualizada (NAA); King James Atualizada (KJA) Almeida Século 21; Tradução Brasileira; Almeida Corrigida Fiel (ACF).
No entanto, existe uma grande lacuna entre o português e o hebraico, uma das línguas originais em que foi escrito o Velho Testamento, e entre o português e o grego, língua em que foi transcrito o Novo Testamento. Devido a essa diferença na linguagem, algumas palavras, frases e conceitos traduzidos do hebraico e do grego para o português podem ter seu significado alterado.
William cita um exemplo:“o idioma grego tem um tempo verbal que é um tempo totalmente perfeito que abrange o passado, o presente e o futuro. Então, quando Jesus diz na cruz: ‘Está Consumado’, nenhuma tradução em português vai conseguir dar o sentido original do que está no grego, que é ‘Tetelestai’. No grego, a duplicação da primeira sílaba quer dizer que o tempo verbal daquela ação de Jesus abrange passado, presente e futuro“.
Bíblias de estudos
A Bíblia de estudos é utilizada para sanar a vontade daqueles que desejam aprofundar-se nos assuntos religiosos, pois nelas existem informações adicionais como mapas, conversões de medidas e dinheiro, explicações detalhadas a respeito de termos desconhecidos, entre outros detalhes.
Alguns exemplos de Bíblias de estudos são:
- Bíblia do Pregador Pentecostal – baseada na doutrina Pentecostal, obteve popularidade entre muitos religiosos. Nela encontra-se 1.002 sermões, comentários detalhados nos textos, além de um curso de teologia básico que aborda os principais aspectos de temas bíblicos, como Hermenêutica e Angelologia. Por tais razões, tornou-se uma das Bíblias mais vendidas em língua portuguesa;
- Bíblia do Expositor – escrita pelo Pastor americano Jimmy Swaggart na década de 1980, a Bíblia do Pregador possui um estudo detalhado a respeito de cada versículo bíblico, o que a torna uma obra única é muito bem explorada. Swaggart explica o contexto histórico em que cada parte da narrativa se encontra, utiliza versículos de referência, entre outras observações;
- Bíblia de Estudo Plenitude – contendo mais de 10 mil notas de estudo, a obra possui uma linguagem clara, o que torna todas as suas informações (que ao todo ultrapassam 14 mil notas) de fácil compreensão para aqueles que estudam por meio dela. Ela foi desenvolvida por cerca de 60 teólogos, incluindo Jack W. Hayford, doutor em teologia nos Estados Unidos. Outro detalhe interessante é que o livro tem uma versão para jovens.
- Bíblia de Estudo de Genebra – sendo datada de 1560 e umas das Bíblias mais antigas já publicada, a obra foi revista e atualizada por João Ferreira de Almeida (modelo ARA) e é considerada uma das mais ricas existentes. Para a construção foram utilizados mapas, notas de explicação, notas de estudo, gráficos e notas de teólogos a respeito das doutrinas bíblicas.
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