Igreja de Esmirna | Estudo da Carta na Bíblia e seu Contexto

O livro de Apocalipse começa com uma sequência de pequenas cartas destinadas a sete igrejas na Ásia Menor, (atual Turquia), que existiam na época do apóstolo João. São elas a igreja de Éfeso (Apocalipse 2:1–7), a igreja de Esmirna (Apocalipse 2:8–11), a Igreja de Pérgamo (Apocalipse 2:12–17), a Igreja de Tiatira (Apocalipse 2:18–29), a Igreja de Sardes (Apocalipse 3:1–6), a igreja de Filadélfia (Apocalipse 3:7–13) e a igreja de
Laodiceia (Apocalipse 3:14–22).

Cada uma dessas cartas inclui uma mensagem pertinentes a cada igreja, e delas podemos tirar muitas lições para nós ainda hoje.

A segunda carta é para a igreja em Esmirna. Entre todas as cidades da Ásia Menor, Esmirna era a mais bela. Situada na região que hoje pertence à Turquia, Esmirna (Izmir) era chamada, naquela época, de ornamento, a coroa ou a flor da Ásia.

retrato aéreo da Esmirna atual
Retrato aéreo da Esmirna contemporânea, na Turquia.

A cidade de Esmirna

Luciano de Samósata disse que Esmirna era a mais bela de todas as cidades da Jônia (costa sudoeste da Anatólia, hoje na Turquia). Aristides de Atenas, que cantou a glória de Esmirna, falou de “sua graça, que se estende por todo mundo como um arco íris… seu brilho, que permeia todo lugar sobre a Terra e alcança também o céu, como o brilho das armaduras de bronze no poema de Homero.”

Nenhuma outra cidade antiga poderia ter competido com Esmirna em beleza. Somava-se à sua beleza o fato que o zéfiro, vento suave e fresco que vem do oeste, soprava sempre em suas ruas. “O vento zéfiro”, diz Aristides, “sempre sopra por toda a cidade, e a torna tão arejada como um jardim de árvores frondosas”. Este vento a submetia a apenas uma desvantagem: os desperdícios da cidade eram jogados no mar e o vento do oeste tendia a devolvê-los a suas costas em vez de afastá-los delas.

Mapa com a localização das sete igrejas do Apocalipse
Mapa com a localização das sete igrejas do Apocalipse

Esmirna estava situada numa magnífica posição, no fim do caminho que unia a Lídia com a Frígia, alcançando além destas regiões o longínquo leste. Por lá afluía rumo à costa toda a produção e tráfico do rico vale do rio Hermus. Era inevitável que Esmirna fosse uma grande cidade comercial. Estava situada na parte mais profunda de um espaçoso mas amplo golfo, que terminava num porto bem protegido por prolongações rochosas, no próprio coração da cidade. Era o mais seguro e o mais conveniente de todos os portos, pois tinha a vantagem de poder ser fechado em tempos de guerra.

A cidade começava no porto; atravessava os últimos e insinuados contrafortes de algumas montanhas e culminava no Monte Pagos, uma elevação coberta de templos e bordejada por casas famosas, as residências de famílias ricas e nobres, as quais rodeavam o monte Pagos e se chamavam “a coroa da cidade” . Mesmo os viajantes modernos utilizam o termo ao falar da cidade como “um lugar de realeza, coroado de torres”. Aristides a comparava com uma magnífica e gigantesca estátua cujos pés estavam no mar, suas pernas e ventre nas planícies vizinhas à costa, o tronco nas primeiros ondulações montanhosas e a cabeça, coroada de magníficos 86 edifícios, no monte Pagos. 

Vista da atual Esmirna a partir do Monte Pagos
Vista da atual Esmirna a partir do Monte Pagos

O próprio autor elogiou Esmirna, dizendo que era “uma flor de tamanha beleza como o Sol e a Terra jamais tinham mostrado aos homens”. Sua história tinha muito a ver com a beleza que a adornava, porque era uma das poucas cidades do mundo que respondia a um esforço de planejamento urbanístico.

A história de Esmirna

Esmirna foi fundada como colônia grega pelo ano 1000 a.C. No ano 600 foi invadida pelos lídios que a destruíram por completo. Durante quatrocentos anos Esmirna não foi uma cidade, mas um agrupamento de pequenos povoados. Em torno do ano 200 a.C., Lisímaco a reconstruiu como cidade unificada. Possuía ruas amplas e bem pavimentadas.

A mais famosa de todas as ruas era a do Ouro, que começava no templo de Zeus e terminava no templo de Cibele. Atravessava os pés do Monte Pagos. Se os edifícios que rodeavam Pagos eram a coroa de Esmirna, a Rua do Ouro era seu colar.

Aqui temos uma coisa interessante e significativa, algo que nos demonstra o cuidado e o conhecimento detalhado com que João escreveu as cartas de Cristo às sete Igrejas. Jesus Cristo é chamado “O que esteve morto e tornou a viver”. Esta expressão não era mais que um eco da experiência da própria cidade de Esmirna. Tinha vivido durante quatrocentos anos até que praticamente “morreu” como cidade, até “ressuscitar” pelas obras de Lisímaco.

Esmirna era uma cidade livre. Sabia muito bem o significado da lealdade e a fidelidade. De todas as cidades orientais tinha sido a mais fiel a Roma, mesmo muito antes que Roma fosse a potência inquestionável do mundo antigo. Cícero, o famoso orador, político e filósofo romano, chamou Esmirna de “nossa aliada mais antiga e fiel”.

Nas batalhas contra Mitrídates, um dos mais formidáveis e bem sucedidos inimigos de Roma, as coisas não tinham saído muito bem para os romanos. E quando as tropas imperiais estavam  sofrendo fome e frio, os habitantes de Esmirna tiraram até a roupa que tinham para enviar aos soldados no campo de batalha. Tal era a fidelidade de Esmirna que já no ano 195 a.C. tinha sido a primeira cidade em erigir um templo à deusa Roma. E quando, no ano 26 de nossa era, as cidades da Ásia Menor competiam pelo privilégio de ser autorizadas a honrar o imperador Tibério, erigindo um templo dedicado a seu espírito divino, Esmirna tinha sido a escolhida, tendo precedência ainda sobre Éfeso, sua vizinha maior e mais importante.

Esmirna também era um lugar onde florescia a cultura e o conhecimento e as artes eram tidas em grande estima. Apolônio de Tiana havia ensinado aos habitantes de Esmirna a grande verdade de que somente a qualidade humana de seus cidadãos podia fazer com que uma cidade fosse grande.

“Ainda que Esmirna seja a cidade mais bela sob o Sol, e tenha se apoderado do mar, e possua as fontes do zéfiro, é muito maior o encanto de possuir uma coroa de grandes homens que uma coroa de pórticos, pinturas e jóias de ouro muito acima do que pode encontrar-se em qualquer outro lugar do mundo. Porque os edifícios podem ver-se somente no lugar onde estão convocados, mas os homens podem mover-se de um lugar a outro, e serem vistos e falar-se deles em todos lados, e fazem com que sua cidade seja tão grande como a amplitude dos países aonde possam levá-los seus passos.

Apolônio de Tiana

Esmirna tinha um palco onde todos os anos se celebravam jogos atléticos famosos em todo mundo; uma magnífica biblioteca pública; um odeão, onde se interpretava música e um teatro que era o maior de toda a Ásia Menor. Esmirna era uma das cidades que se dizia ter sido o berço de Homero; tinha um edifício recordativo chamado de Homerión e tinha cunhado a cabeça de Homero em suas moedas. Esta pretensão era disputada por outras cidades, mas na realidade não se sabe onde nasceu o famoso poeta de Ilíada e Odisséia.

Pode prever-se que uma cidade como Esmirna teria também uma magnífica arquitetura. E certamente estava coberta de templos: tinha-os dedicados a Cibele, Zeus, Apolo, Nêmesis, Afrodite e Esculápio. Em Esmirna residia todo o esplendor da cultura pagã em suas expressões mais elevadas e a religião pagã em toda sua magnificência.

Esmirna possuía uma dose maior que o comum de algo que era característico de todas as cidades gregas. Mommsen diz que a Ásia Menor era um “paraíso da vaidade municipal”; e Esmirna, entre todas as cidades livres da época, era notória pela rivalidade com que defendia seu prestígio local. Todos queriam exaltar a Esmirna e, ao mesmo tempo, subir, eles próprios ao degrau mais alto da hierarquia política local. Não deixa de ter sentido que no começo de sua carta João diga que Cristo é “o primeiro e o último”. Em comparação com Sua glória, todas as distinções terrestres não são mais que vaidade, ridícula e vazia.

ruínas da ágora de esmirna
Ruínas da Ágora de Esmirna.

A Carta à Igreja de Esmirna

E ao anjo da igreja em Esmirna, escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto, e reviveu:
Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás.
Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano da segunda morte.

Apocalipse 2:8-11

A luta para ter o primeiro lugar nas coisas do mundo perde importância diante das glórias eternas. Há uma característica de Esmirna que aparece na carta e que teve consequências muito sérias para os cristãos que viviam nela. Em Esmirna, os judeus eram especialmente numerosos e influentes. Sabemos, por exemplo, que em certa ocasião contribuíram com 10.000 denários para o embelezamento da cidade (um denário equivalia ao salário de um dia de trabalho).

Em Esmirna os judeus eram particularmente hostis aos seguidores de Jesus porque a Igreja obtinha a maioria de seus convertidos dos próprios judeus e dos pagãos que interessavam-se no judaísmo. Os judeus fizeram tudo o que puderam para prejudicar à igreja e para convencer às autoridades romanas de que devia persegui-la. Não demorou para haver ali martírios, como o de Policarpo. Leia mais sobre ele em nossa matéria.

Não deve ter sido fácil ser cristão em Esmirna. E, entretanto, a carta aos cristãos em Esmirna é uma das únicas duas, no Apocalipse, onde só encontramos louvores, sem recriminações. 

A provação de Esmirna

A Igreja em Esmirna estava atravessando um momento de provação e o futuro era ainda mais sombrio. Há três coisas nesta carta com relação a isso:

(1) É tribulação. Esta palavra, no idioma original, o grego do Novo Testamento, significava simplesmente a sensação de ser apertado por um peso ou força. A pressão dos acontecimentos pesava sobre a Igreja de Esmirna, e a força das circunstâncias procurava obrigá-la a abandonar sua fé.

(2) É pobreza. No Novo Testamento, a pobreza e a fé em Cristo estão intimamente relacionadas. “Bem-aventurados os pobres”, diz Jesus (Lucas 6:20). Tiago diz que Deus escolhe os pobres deste mundo para que sejam ricos na fé (Tiago 2:5).

Devemos tomar nota da palavra que se usa neste caso. Em grego há duas palavras que designam o pobre. Uma, a que se usa aqui, é ptojia. A outra é penia. A última define a condição do homem que deve trabalhar com suas mãos para ganhar o sustento. A primeira, pelo contrário, denota a destituição total. Em outras palavras, penia é o homem que não tem o supérfluo, ptojia é o que não tem nem sequer o essencial.

A pobreza dos cristãos devia-se a duas razões. A maioria pertencia às classes mais baixas da sociedade, e muitos deles eram escravos. O abismo entre as classes sociais mais baixas e as mais altos não é coisa nova. No mundo antigo era ainda maior que em nossa época. Estas cartas foram escritas à Igrejas asiáticas, mas sabemos que nessa mesma época em Roma as classes sociais mais baixas literalmente morriam de fome quando os ventos contrários atrasavam os carregamentos de cereais provenientes de Alexandria e fazia-se impossível distribuir a farinha gratuita que recebiam como único meio de sustento.

Os primeiros cristãos sabiam o que é a pobreza absoluta. Mas havia outra razão para que os cristãos fossem pobres. Ocorria muito frequentemente, naquela época, que as casas dos cristãos fossem saqueadas por multidões raivosas. Assim, ficavam sem recursos de tudo o que poderiam ter. Não era coisa fácil ser cristão nos tempos de João, na cidade de Esmirna ou em qualquer outro lugar do mundo antigo. 

(3) Em terceiro lugar, o cárcere. João prevê um encarceramento de dez dias. Este número não deve ser interpretado literalmente. Segundo o costume antigo, ao falar “dez dias” fazia-se referência a um período curto de tempo. Esta profecia, portanto, é ao mesmo tempo uma ameaça e uma promessa. Virão dias mais difíceis e os crentes serão encarcerados por sua fé; entretanto, ainda que dura, a prova não demorará muito em ser superada. E hoje sabemos que foi exatamente desta maneira que tudo aconteceu. Ser cristão era contra a lei, mas as perseguições não foram muito prolongadas nem contínuas. Durante longos espaços de tempo, os cristãos eram deixados em paz. Inesperadamente, entretanto, um governador de província podia pensar que era necessário “um ajuste de contas”, ou as multidões lançar uma “caça” de cristãos — então começava a tormenta e a perseguição descia sobre a Igreja. Ser cristão era estar submetido a uma constante incerteza.

Hoje, ser preso não parece algo tão terrível assim. De toda maneira, certamente é melhor que a morte. Mas no mundo antigo, o cárcere era a sala de espera do sepulcro. O Estado não se preocupava com a saúde, a vida ou a morte de presos. O destino mais comum de um preso era morrer de fome, de peste ou de esgotamento.

Judeus causavam problemas aos Cristãos

Os instigadores das perseguições aos cristãos em toda a região da Ásia Menor eram os judeus. Era deles que provinham as calúnias das quais os crentes de Esmirna sofriam. Veja como os judeus perseguiam os cristãos nos primeiros anos da igreja primitiva.

Os títulos de Cristo e suas exigências

Vimos que a Igreja em Esmirna estava lutando contra dificuldades. E com isto em mente o autor começa a carta começa mencionando os títulos atribuídos a Cristo, sugerindo quais são as coisas que Cristo pode oferecer aos que se veem em uma situação similar à que viviam os cristãos em Esmirna. Veja os títulos de Cristo e seus significados.

A metáfora da coroa na Bíblia

Jesus Cristo não deverá nada a ninguém; Ele dá a recompensa de nossa lealdade. Ele não deixará de vir em seu momento oportuno. Nesta passagem mencionam-se duas recompensas.

(1) Há a coroa da vida. No Novo Testamento menciona-se a coroa da vida em várias oportunidades. Aqui e em Tiago 1:12 trata-se da coroa da vida. Paulo fala da coroa da justiça (2 Timóteo 4:8), e da coroa de alegria (1 Tessalonicenses 2:19). Pedro fala da coroa de glória (1 Pedro 5:4).

Paulo estabelece um contraste entre a coroa eterna do cristão e a coroa perecível de louro que era o prêmio dos vencedores nos jogos atléticos (1 Coríntios 9:25) e Pedro fala de uma coroa de glória que nunca perde seu brilho (1 Pedro 5:4). O “de” que aparece em cada uma destas expressões refere-se ao material de que estão feitas as coroas. Menciona-se, então, uma coroa que é feita de glória, de justiça, de beleza, de vida. Ganhar a coroa da justiça, da glória, da vida, é ser coroado de justiça, de glória, de vida.

Devemos entender bem a ideia que há por trás desta palavra “coroa”. Em grego há duas palavras para dizer “coroa”. Uma é diadema, que é a coroa real, e a outra é stefanos, uma palavra que em geral se relaciona com momentos de alegria e vitória.

Vejamos quais são as distintas classes de stefanoi (este é o plural de stefanos) que se conheciam na antiguidade.

(a) A primeira que vem à mente é a coroa que recebiam os vencedores nos jogos atléticos. Esmirna celebrava anualmente jogos que eram famosos em toda a Ásia. Como nos Jogos Olímpicos (que eram os mais famosos de todos) a retribuição dos vencedores era uma coroa de louro. O cristão pode ganhar a coroa de louro da vitória na luta da vida. Pode correr a carreira da vida e estar seguro de que no final dela será coroado o atleta vitoriosa de Cristo.

(b) Quando alguém executava de maneira eficiente e fiel a tarefa de magistrado, ao terminar seu tempo de serviço era-lhe outorgada uma coroa. A coroa era a recompensa pela fidelidade no cumprimento de uma tarefa. Aquele que serve fielmente a Cristo e a seu próximo ao longo de toda uma vida de discipulado, receberá sua coroa.

(c) No mundo pagão era costume de usar coroas e arranjos de flores nas festas e banquetes. A coroa era um símbolo da alegria festiva. Ao terminar a vida, quando o cristão foi leal, terá a alegria de participar do banquete celestial como hóspede e convidado de Deus.

(d) Os adoradores pagãos tinham o costume de pôr na cabeça uma coroa quando iam ao templo de seus deuses. A coroa era uma forma de assinalar o fato de que se ia comparecer perante Deus. Ao terminar sua vida o cristão que tenha sido fiel terá a alegria de comparecer perante a presença de Deus.

(e) Por último, alguns eruditos pensaram que nesta menção de uma coroa, faz-se referência ao halo ou auréola que rodeia os seres divinos e os santos nas representações pictóricas. Se fosse assim, o significado é que os cristãos, se forem fiéis a seu chamado, serão coroados com a vida que pertence exclusivamente a Deus. Tal como dissesse João: “Seremos semelhantes a Ele, porque haveremos de vê-lo como Ele é” (1 João 3:2).

É possível que nesta vida a lealdade a Cristo também ponha sobre a cabeça do cristão uma coroa de espinhos, mas na vida vindoura não há dúvida que levará a coroa de glória.

A segunda morte

(2) Cipriano usa duas grandes expressões para descrever os que são fiéis até a morte. Diz que são “ilustres, com a nobreza de um bom nome” e “a corte de mantos brancos entre os soldados de Cristo”. Os fiéis recebem outra promessa: Não serão danificados pela segunda morte. “A  segunda morte” é uma frase misteriosa que em todo o Novo Testamento somente aparece no livro do Apocalipse (20:6,14; 21:8). Os rabinos usavam essa mesma frase quando referiam-se “à segunda morte que morrerão os ímpios no outro mundo”.

Esta frase tem duas origens:

(a) Entre os judeus, os saduceus criam que depois da morte não havia absolutamente nada; os epicureus, entre os gregos, sustentavam a mesma doutrina. Encontramos tais conceitos inclusive no Antigo Testamento, porque o cético livro do Eclesiastes é obra de um saduceu. “Melhor é cão vivo que leão morto” (Eclesiastes 9:4-5). Para os saduceus e os epicureus a morte era a aniquilação total, a obliteração, a extinção, o fim último mais além do qual não havia absolutamente nada.

Para o judeu ortodoxo isto não era muito fácil, pois significava dizer que o crente fiel e o incrédulo teriam o mesmo fim (Eclesiastes 2:15,16; 9:2). Portanto, chegaram a sustentar que havia algo assim como duas mortes — a morte física, que devem atravessar todos os homens, e uma segunda morte, depois da morte física que era o juízo divino.

(b) Tudo isto está intimamente relacionado com as ideias que estudávamos quando falamos da palavra “paraíso” (2:7). Vimos que muitos judeus e alguns pensadores cristãos primitivos criam que havia um estado intermediário por aquele que passavam todos os homens, no qual esperavam até o dia do juízo. Se as coisas sucedessem assim, poderia falar-se literalmente de duas mortes: a física e a outra, que sofreriam somente os que fossem condenados no tribunal de Deus. Ninguém pode falar com total confiança com relação a estas coisas. Mas quando João diz que os fiéis não serão danificados pela segunda morte, dizia exatamente o mesmo que Paulo quando afirmava que não há nada, na vida ou na morte, que possa nos separar do amor de Deus em Jesus Cristo. O crente fiel está seguro na vida e na morte (Romanos 8:38-39). 

Referências:

BARCLAY, William. Comentário do Novo Testamento.
KEENER, Craig. S. Comentário Bíblico Atos: Novo Testamento.

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