Babilônia – História, Geografia e Contexto da Cidade

A Babilônia foi capital da Suméria e serviu por quase dois milênios (2340 a.C. – 224 d.C.) como um importante centro da civilização antiga. Citada em diversas passagens bíblicas, desde Gênesis até Apocalipse, a cidade se tornou conhecida pelos seus misteriosos Jardins Suspensos da Babilónia, por ter feito cativo o povo hebreu e pelo alto nível de desenvolvimento tecnológico que proporcionou às sociedades seguintes, como os números babilônicos. Além disso, os escritores bíblicos muitas vezes retrataram esta antiga capital da Babilônia como um exemplo de paganismo e idolatria. Leia mais a seguir! 

A história da Babilônia

As origens da cidade de Babilônia são desconhecidas. A cidade deve ter sido construída anos antes de 2300 a.C., porque há relatos de que nesta época ela tenha sido destruída por um rei inimigo, em uma invasão. Isto faz da Babilônia uma das cidades mais antigas do mundo antigo. Gênesis 10:10 menciona Babel (a grafia hebraica da palavra Babilônia) como parte do império de Nimrod.

Cuxe gerou também Ninrode, o primeiro homem poderoso na terra.

Ele foi o mais valente dos caçadores, e por isso se diz: “Valente como Ninrode”.

No início o seu reino abrangia Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinear.

Gênesis 10:8-10

Em algum momento durante o início de sua história, a cidade de Babilônia tornou-se um pequeno reino independente. Localizada em uma região favorável à agricultura, nas margens do rio Eufrates, a Babilônia em seu início era apenas um centro administrativo secundário do Império de Ur, na Mesopotâmia. A cidade só passou a ter mais importância após a queda de Ur e a conquista da cidade pelo povo amorita, quando o famoso rei Hamurabi ascendeu ao poder e a transformou em um grande reino. 

A ascensão do Império da Babilônia

Um dos feitos mais conhecidos do monarca Hamurabi, além de ter promovido o crescimento do Primeiro Império Babilônico, foi a criação de seu severo código de leis, o Código de Hamurabi. O “olho por olho, dente por dente” é lembrado até hoje como uma das legislações mais radicais da história, permitindo a pena de morte em diversos casos e até mesmo mutilações de partes do corpo. O código também possuía trechos que apontavam o próprio rei Hamurabi como uma espécie de divindade, que havia sido escolhido por Anu e Bel (deuses sumérios) e enviado à Babilônia para governá-la. 

Ruínas restantes na Babilônia | Foto: Haider Al-Janabi/Wikimedia Commons
Ruínas restantes na Babilônia | Foto: Haider Al-Janabi/Wikimedia Commons

Após a morte de Hamurabi, a civilização foi dominada pelo povo cassita, que resgatou o antigo culto babilônico ao deus Marduk e trouxe um período de prosperidade à região, governando o sul da Mesopotâmia e tendo a cidade de Babilônia como sua capital.

Os assírios atacaram e saquearam a Babilônia por volta de 1250 a.C., mas ela se recuperou e floresceu por mais um século até que os assírios conseguissem tomar

de vez a cidade com suas forças bélicas superiores por volta de 1100 a.C.

Depois que o rei assírio Tiglate-Pileser III (745-727 a.C.) declarou-se rei da Babilônia com o nome de Pul, deportou vários de seus cidadãos para o território subjugado do reino do norte de Israel (2 Reis 17:24).

O rei da Assíria trouxe gente da Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e de Sefarvaim e os estabeleceu nas cidades de Samaria para substituir os israelitas. Eles ocuparam Samaria e habitaram em suas cidades.

Quando começaram a viver ali, não adoravam o Senhor; por isso ele enviou leões para o meio deles, que mataram alguns dentre o povo.

Então informaram o rei da Assíria: “Os povos que deportaste e fizeste morar nas cidades de Samaria não sabem o que o Deus daquela terra exige. Ele enviou leões para matá-los pois desconhecem suas exigências”.

Então o rei da Assíria deu esta ordem: “Façam um dos sacerdotes de Samaria que vocês levaram prisioneiro retornar e viver ali para ensinar as exigências do Deus da terra”.

Então um dos sacerdotes exilados de Samaria veio morar em Betel e lhes ensinou a adorar o Senhor.

2 Reis 17:24-28

Em 721 a.C. um príncipe caldeu, Merodaque-Baladã II, assumiu o controle da Babilônia e se tornou uma pedra no sapato para o domínio Assírio.

Ele aparentemente planejou uma enorme rebelião em várias regiões do Império Assírio. Em retaliação a esta rebelião, Senaqueribe da Assíria (704-681 a.C.) atacou a Babilônia em 689 a.C., destruindo-a totalmente, embora tenha sido reconstruída por seu sucessor Esarhaddon (680–669 a.C.).

Depois disso, o poder assírio na região enfraqueceu gradualmente, de modo que a cidade e o reino da Babilônia ficaram mais fortes mais uma vez.

Em 626 a.C Nabopolassar conquistou o trono da Babilônia. O novo império babilônico incorporou babilônios, assírios e caldeus. Ele foi sucedido por Nabucodonosor II (605-562 a.C.), o segundo e o maior rei do Império Neobabilônico, governando desde a morte de seu pai Nabopolassar em 605 a.C. até sua própria morte em 562 a.C.

Ele ampliou a capital para uma área de quase 10 mil quilômetros quadrados, embelezada com edifícios magníficos. Este período de grande desenvolvimento tem sido o ponto focal de todas as pesquisas arqueológicas feitas na antiga Babilônia. 

As enormes paredes duplas da cidade abrangiam ambas margens do rio Eufrates. Nessas paredes havia oito grandes portões. Tanto os portões quanto à face das paredes voltadas para a estrada foram decorados com tijolos esmaltados coloridos, com desenhos de leões, dragões e touros.

Uma réplica do Portão de Ishtar construída na década de 1950, quando o Iraque começou a desenvolver as ruínas da Babilônia como um local turístico. Crédito: Abdullah Dhiaa Al-deen / The New York Times
Uma réplica do Portão de Ishtar construída na década de 1950, quando o Iraque começou a desenvolver as ruínas da Babilônia como um local turístico. Crédito: Abdullah Dhiaa Al-deen / The New York Times

A cidade da Babilônia também continha um palácio como residência para o rei. No lado noroeste desta área do palácio, provavelmente estiveram os famosos Jardins Suspensos. Segundo a tradição, Nabucodonosor II construiu estes jardins para uma de suas esposas estrangeiras para lembrá-la do cenário de sua terra natal.

A glória da Babilônia refletia o poder imperial do rei. Reis capturados foram trazidos à sua corte na Babilônia. Entre eles, Joaquim e Zedequias, reis de Judá. 

Nabucodonosor levou prisioneiro Joaquim para a Babilônia. Também levou de Jerusalém para a Babilônia a mãe do rei, as mulheres do rei e os oficiais do rei e os líderes do país.

2 Reis 24:15

Executaram os filhos de Zedequias na sua frente; depois furaram seus olhos, prenderam-no com algemas de bronze e o levaram para a Babilônia.

2 Reis 25:7

Mas a gloriosa cidade não reinou para sempre. Durante o reinado de Nabonido (555-539 a.C.), enquanto Belsazar era co-regente (Daniel 5), a cidade se rendeu aos persas sem oposição – e com um aviso de Deus escrito na parede e interpretado por Daniel. A passagem de Daniel 5 conta essa história interessantíssima, não deixe de ler.

Finalmente, o poder passou dos persas para Alexandre, o Grande, a quem Babilônia se submeteu voluntariamente em 331 a.C. Alexandre planejou reformar e expandir a cidade e torná-la sua capital, mas ele morreu antes de realizar esses planos. A cidade depois caiu em insignificância porque um dos sucessores de Alexandre fundou uma nova capital em Selêucia, a uma curta distância dali.

Os livros de Isaías e Jeremias predisseram a queda da Babilônia. Isso aconteceria como punição de Deus aos babilônios por causa de a destruição de Jerusalém e a deportação dos cidadãos de Judá (Is 14:22; 21: 9; 43:14; Jer. 50: 9; 51:37).

“Eu me levantarei contra eles”, diz o Senhor dos Exércitos.

“Eliminarei da Babilônia o seu nome e os seus sobreviventes,

sua prole e os seus descendentes”, diz o Senhor.

Isaías 14

“Fujam da Babilônia; saiam da terra dos babilônios e sejam como os bodes que lideram o rebanho.

Vejam! Eu mobilizarei e trarei contra a Babilônia uma coalizão de grandes nações do norte. Elas tomarão posição de combate contra ela e a conquistarão. Suas flechas serão como guerreiros bem treinados, que não voltam de mãos vazias.

Assim a Babilônia será saqueada; todos os que a saquearem se fartarão”, declara o Senhor.

Jeremias 50:8-10

Hoje, as ruínas desta cidade permanecem como um testemunho eloqüente da passagem de impérios orgulhosos, que passam, ao passo que Deus e sua providência são eternos.

Os Jardins Suspensos da Babilônia

Jardim suspenso da babilônia | Foto: Stella Maris/Wikimedia Commons
Jardim suspenso da babilônia | Foto: Stella Maris/Wikimedia Commons

A arquitetura e a religião tiveram um papel fundamental no sucesso do Segundo Império. Foram construídos diversos palácios e santuários, estes principalmente para Marduk, a divindade protetora da cidade da Babilônia. A história mais difundida desse período é provavelmente a da existência de jardins suspensos construídos no palácio real para agradar uma das esposas do imperador. 

Não há evidências o suficiente para provar que o jardim suspenso da Babilônia realmente existiu e, por isso, ele é considerado apenas um mito. No entanto, escritas da época o descrevem com precisão e detalhes, e a construção é considerada uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.

“Neste palácio ele ergueu calçadas muito altas, sustentadas por pilares de pedra; e plantou o que foi chamado de paraíso suspenso, e encheu-o com todos os tipos de árvores, o que lhe rendeu a perspectiva exata de um país montanhoso.” — Beroso (37 a.C.–100 d.C.).

Um relevo vidrado de um touro, descoberto na escavação da antiga Babilônia. Foto de Ben Chapman
Um relevo vidrado de um touro, descoberto na escavação da antiga Babilônia. Foto de Ben Chapman

Os Babilônios: cultura, economia e religião

Como a cidade da Babilônia foi a capital da área da Mesopotâmia por muitos anos, o termo Babilônia passou a se referir a toda a cultura que se desenvolveu na região naquela época, uma combinação vinda de diferentes povos. Os sumérios foram responsáveis por grande parte do desenvolvimento científico da cidade, com a criação da escrita cuneiforme, de estudos em astronomia e da invenção de um sistema de números de base 60. O mais comum na matemática, dos dias de hoje, é o sistema decimal (de base 10), porém os números babilônicos ainda deixam sua herança na contagem das horas, por exemplo. 

Por estar localizada próxima ao rio, a cidade possuía eficientes sistemas de irrigação e sua base principal da economia era a agricultura. Eram cultivados principalmente cereais, tâmaras e legumes, os quais eram comercializados para toda a região. A Babilônia acabou se tornando um importante centro comercial, pois estava em um cruzamento de vias terrestres e fluviais que facilitavam o transporte.

A religião babilônica também obteve muitas influências dos povos que a dominaram ao longo dos séculos. Inicialmente, os sumérios trouxeram uma crença panteísta, com vários festivais e templos ao redor das cidades, um para cada divindade. Anu, deus do céu, Ishtar, deusa do amor, e Enlil, deus do ar, são alguns dos exemplos dos deuses que eram cultuados. Já por volta de 1100 a.C, os amoritas se estabeleceram na região e promoveram o deus Marduk, que acabou se tornando uma figura central da religião babilônica, mais tarde também resgatada pelo povo cassita ao dominar a cidade. 

Escrita cuneiforme babilônica | Foto: Ernest Alfred Wallis/Wikimedia Commons
Escrita cuneiforme babilônica | Foto: Ernest Alfred Wallis/Wikimedia Commons

O Cativeiro da Babilônia

Durante o reinado de Nabucodonosor II, ocorreu o chamado Cativeiro da Babilônia, nome dado para designar a deportação forçada dos judeus de Jerusalém para a Babilônia. Isso ocorreu porque a região da Palestina, considerada pela religião hebraica (judaica), como a Terra Prometida, passou a ser alvo da expansão dos impérios Mesopotâmicos. Devido a essa dominação, os povos hebreus foram mantidos como escravos da civilização babilônica por cerca de 70 anos, quando foram libertados por Ciro, o Grande.  

A Bíblia possui várias citações desse momento. No Livro do Apocalipse, por exemplo, a palavra “Babilônia” é uma metáfora para um mundo que se teria se rebelado contra Deus, pois destruiu Jerusalém e levou seu povo como cativo. 

A grande cidade foi dividida em três partes, e as cidades das nações se desmoronaram. Deus lembrou-se da grande Babilônia e lhe deu o cálice do vinho do furor da sua ira.

Apocalipse 16:19

BABILÔNIA NO NOVO TESTAMENTO 

No Livro do Apocalipse, o mundo em rebelião contra Deus é chamado de “Babilônia”.

Os profetas do Velho Testamento muitas vezes profetizaram a queda da Babilônia, a capital de um império que destruiu a cidade de Deus, Jerusalém, e levou Seu povo como cativo. Assim, em Apocalipse, Babilônia é uma figura de linguagem para uma sociedade que perseguiu o povo de Deus, mas que Deus acabará por destruí-la.

Em Apocalipse 14:8, o poder da Babilônia para fazer as pessoas resistirem ao poder de Deus e suas reivindicações no evangelho são admitidas, mas sua condenação é certa. Em Apocalipse 16:19, a Babilônia é uma “grande cidade” que cai porque Deus se lembra de seu pecado e traz a Sua punição. Ao longo dos capítulos 17–18, Babilônia é proeminente retratada como uma prostituta porque seduz as pessoas para longe de Deus com seu glamour. Mas é uma promessa falsa que não pode ser cumprida.

“Babilônia” se opõe à igreja, a “Nova Jerusalém” (Apoc. 21: 2), que é “a noiva, a esposa do Cordeiro” (Ap 21: 9). Deus revela o “mistério” ou verdade divina (Ap 17: 5) sobre ela e todas as sociedades feitas pelo homem que são organizadas independentemente de Deus. A queda da Babilônia é celebrada pelo povo de Deus (Apocalipse 18:20; 19:1-5).

Em Mateus 1: 11-12,17, o cativeiro de Judá na Babilônia é mencionado na

Genealogia de Jesus. Em Atos 7:43, Babilônia aparece no famoso discurso de Estevão sobre a história do povo judeu. Em 1 Pedro 5:13 “Babilônia” provavelmente se refere à cidade de Roma.

A região da Babilônia nos dias de hoje

Portão de Ishtar original, no Museu de Pergamon, Berlim | Foto:  Radomir Vrbovsky/Wikimedia Commons
Portão de Ishtar original, no Museu de Pergamon, Berlim | Foto:  Radomir Vrbovsky/Wikimedia Commons

Hoje, o território faz parte do Iraque e pouco se foi preservado das estruturas originais da cidade Mesopotâmica. Acredita-se que possam existir até mesmo algumas ruínas debaixo do rio Eufrates, que não podem ser escavadas por questão de segurança. As poucas estruturas que restaram dos palácios originais tiveram a interferência de Saddam Hussein em 1986, ditador iraquiano que, fascinado por Nabucodonosor, decidiu reconstruir a Babilônia como forma de homenagem. 

No auge da Guerra do Iraque, foram gastos cerca de cinco milhões de dólares para a reconstrução de um dos palácios por cima das antigas ruínas e sem respeitar o patrimônio histórico que ali existia. Hoje, a “Babilônia de Saddam”, como é chamada, encontra-se bastante deteriorada por ter sido usada como base militar na guerra e é bem pouco visitada por turistas. 

Além disso, outros monumentos da época também não foram preservados. O Portão de Ishtar, localizado na cidade de Hillah, é apenas uma réplica e o original se encontra até hoje em um museu alemão. Esse é um exemplo bastante utilizado no debate sobre retirar artefatos de importância cultural de países afetados pela guerra e se essas peças estão mesmo em melhor situação longe de seus locais de origem. A preservação da história se dá, dentre muitas formas, através do patrimônio histórico. E pouco restou de uma sociedade tão rica e marcante quanto um dia foi a Babilônia. 

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