Os nomes possuem significados diferentes para muitas culturas. No caso dos hebreus, eles assumiram propriedades muito fortes, relacionados com a essência das pessoas. Assim, ao mudar de nome, mudava-se o caráter também. Jesus não teve seu nome mudado, mas adaptado para o grego.
Parte da alma de um judeu
Os nomes são utilizados até hoje em geral para marcar gerações, árvores genealógicas e a própria identidade do coletivo e do indivíduo. Nos tempos bíblicos, os pais costumavam escolher os nomes dos bebês pelas circustâncias da concepção ou do parto, mas o mais comum de suas referências era o sufixo “El“, que significa Deus.
Nesse sentido, os nomes fazem parte da alma de um judeu, uma menção ao seu chamado espiritual. Esse significado é reforçado pelo desígnio neshamá, alma em hebraico, cujas letras também podem formar a palavra shem, nome. Para os judeus, nomear um recém-nascido é uma tarefa sagrada, parte importante da vida religiosa. Frequentemente, as crianças judias recebem nomes bíblicos, ou de pessoas importantes das próprias famílias.
No judaísmo existem algumas classificações para os nomes. Em primeiro lugar, os nomes bíblicos mencionados na Torá, nos Profetas ou nos Escritos. Depois, os nomes talmúdicos, encontrados no Talmud e Midrashim. Em seguida, os nomes encontrados na natureza, no mundo animal e depois vegetal. Após isso seguem-se os nomes que incluem referências a Deus, aos anjos, e por último os que não se encaixam em nenhuma dessas categorias.
Mudança nos nomes
Na Bíblia é comum que pessoas tenham seus nomes trocados por Deus ou outros líderes importantes, a fim de que o caráter delas se transforme também. Exemplos: Abrão, que quer dizer “Grande pai”, teve seu nome alterado diretamente por Deus para Abraão, representando sua aliança com ele, uma vez que o nome significa “pai de muitos”; ou seja, pai do povo hebreu. Já no Novo Testamento, Simão, o “ouvinte”, foi mudado para Pedro por Jesus, que significa “rocha”, um alicerce que representa a nova aliança.
Além deles, podemos citar outro grande personagem. Jacó era uma alusão ao fato de ter sido o segundo a nascer, logo após Esaú, seu irmão gêmeo. Embora seu nome original tenha sido preservado, ele recebeu a alcunha de Israel, “o homem que luta com Deus”. Essa designação fazia menção à insistência de Jacó de ser abençoado por Deus, que mudou seu nome para Israel por ver nele o potencial de ser o grande patriarca de seu povo. De Israel, surgiram as doze tribos que formaram a população hebraica, que depois deu origem aos judeus.
Um último caso a mencionar, é Oséias, grande seguidor de Moisés, que quer dizer “salvo” ou “salvação”; teve seu nome alterado por este último para Josué, que significa “Iavé é a salvação”.
O nome de Jesus
Jesus não é exatamente um nome hebraico. Para entendermos isso precisamos falar brevemente do Novo Testamento. Na época de Cristo, os romanos dominavam a maior parte das terras ao redor do Mar Mediterrâneo, incluindo a Palestina, chamada de Canaã na Bíblia. Contudo, mesmo antes da expansão romana, esses territórios haviam sido integrados no mundo helenístico por Alexandre, o Grande, rei da Macedônia de 336 a 323 a.C. Dessa maneira, o idioma comum de grande parte do Oriente Médio se tornou o grego, uma vez que o intuito era expandir a própria cultura grega.
Em virtude disso, os textos bíblicos do Novo Testamento produzidos no século I foram todos escritos em grego, para facilitar a circulação de ideias entre os cristãos, judeus e gentios. Enquanto que o hebraico só era utilizado para formalidades litúrgicas, e o aramaico só era falado pelos próprios judeus como uma língua popular. Assim, os evangelistas e o apóstolo Paulo chamavam Cristo de Iesous, a forma grega de Yeshua. Este por sua vez é a forma abreviada de Yehoshua no hebraico, traduzido em português para Josué. Como vimos, esse nome significa “Iavé é a salvação”, ou então “Iavé provém a salvação”. Yeshua era um nome relativamente comum naquela época, aparecendo muitas vezes na Bíblia.
A anunciação do nome de Jesus
Mateus, o evangelista, retratou o nascimento de Jesus indicando que seu nome estava perfeitamente concernente com sua missão e com o Plano divino. Ele foi enviado para confirmar a salvação de Deus e teve seu nome prenunciado pelo anjo a José. Veja:
Mas, depois de ter pensado nisso, apareceu-lhe um anjo do Senhor em sonho e disse: “José, filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele “salvará o seu povo dos seus pecados”
Mateus 1:20-21
Lucas, por outro lado, revelou que o anjo Gabriel apareceu a Maria, lhe confirmando que seu Filho iria ser o rei do povo de Deus. Além da revelação do messias, o anjo também anunciou que Jesus seria o Filho de Deus, título nunca aplicado a nenhum outro personagem bíblico.
Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.
Lucas 1:30-33,
Qual o significado de Iavé?
Se Yeshua significa “Iavé é a salvação”, o que significa Iavé ou Yahweh? O nome próprio de Deus revelado à Moisés na sarça ardente foi “Eu Sou o que Sou” (Êxodo 3:14). Esse nome se escreve no idioma original hebraico com quatro letras, sem as vogais. YHWH seria o mais próximo possível no português. No entanto, com o passar do tempo a pronúncia correta se perdeu, pois os hebreus substituíam na fala esse tetragrama para “Adonai”, que significa Senhor.
Ele deixou de ser pronunciado por conta de seu peso sagrado, e mesmo nas Bíblias protestantes atuais vemos “SENHOR” ao invés do nome próprio de Deus. A fim de possibilitar uma possível pronúncia, os religiosos e intelectuais bíblicos colocaram vogais no tetragrama. Dessa forma, YHWH se tornou Yahweh, que também pode ser escrito Iavé, uma forma mais simplificada. Algumas denominações ainda preferem alterar para Javé ou para Jeová. De qualquer modo, Iavé é uma tentativa de expressar o tetragrama, e costumeiramente possui o significado de “Eu Sou”. Veja mais sobre o nome de Deus.
Títulos de Jesus
Como mencionado, Iesous é a figuração grega de Yeshua, o nome original de Jesus. Já no latim, a adaptação se transformou para Iesus, da onde se originou “Jesus” na maior parte dos idiomas atuais. Cristo, igualmente, é uma referência grega, o qual o paralelo original é Messias e ambos significam “o Ungido”. Porém, Jesus possui outros nomes, como Issa, no árabe, que mantém o mesmo significado: “Deus é a salvação.”
Algumas traduções diferentes do português: Lisus em romeno; Исусе (Isuse) em búlgaro; Yēsū em chinês; Iesu em japonês; Иисус (Lisus) em russo; Gesù em italiano. Na maior parte das línguas, o nome de Cristo não costuma variar de “Jesus”. Além de adaptações de seu próprio nome, Jesus possui inúmeros títulos, que refletem sua grandeza e seus atributos, vamos ver alguns deles a seguir.
No Antigo Testamento
Além de adaptações de seu próprio nome, Jesus possui inúmeros títulos, que refletem sua grandeza e seus atributos. Em Isaías 7:14 é profetizado que uma criança nasceria de uma virgem, e seu nome se chamaria Emanuel, que significa “Deus conosco”. Como sabemos, este não é o nome de Jesus em si, mas uma alusão à sua missão na Terra de nos conectar com Deus. Cristo também é chamado em Isaías 9:6 de algumas formas excepcionais, que realçam sua posição única na Criação, veja:
Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre seus ombros, e se chamará: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.
Já o autor do Cântico dos Cânticos se refere à Rosa de Saron e ao Lírio dos Vales como as flores mais raras e belas do mundo. Ambos os títulos são associados à Jesus por sua perfeição inigualável.
No Novo Testamento
O evangelista João começa seu livro nos dizendo que Jesus é o Verbo, ou Palavra, de Deus. Um meio pelo qual Deus fez todas as coisas e resgatou os seres humanos. Ele afirma que Cristo estava no princípio com Deus, e ao mesmo tempo era Deus. Jesus é reconhecido como o Verbo encarnado, ou seja, a ação de Deus, que se fez carne para pagar pelos pecados da humanidade.
Outros títulos que fazem menção à Jesus são Leão de Judá e Raiz de Davi. Sentenças que o relacionam com sua origem e descendência. Jesus era da Tribo de Judá, e o leão é visto como um símbolo que representa grandeza e bravura. Já a Raiz de Davi remonta a herança real, ao direito de ser o rei dos judeus.
Não obstante, Jesus foi chamado pelo autor do Livro do Apocalipse de Alfa e Ômega, a primeira e última letras do alfabeto grego respectivamente. Sua intenção era evidente: Ele representa o princípio e o fim de todas as coisas.
Filho de Deus e Filho do Homem
Jesus também é chamado de Filho de Deus. No judaísmo as pessoas são consideradas como criaturas de Deus, não filhas. Daí a estranheza de Jesus, na Bíblia, ser chamado por seus seguidores de Filho de Deus. Os religiosos da época não aceitavam. Essa designação refere-se à divindade de Cristo, veja:
Porque Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
João 3:16
À princípio, somente Jesus poderia ser chamado de Filho de Deus. No entanto, ele possibilitou por sua morte e ressurreição que todos se tornassem herdeiros de Deus por meio da fé. Antes, os humanos eram apenas filhos de Adão e herdeiros de seu pecado.
Mas a todos que o receberam, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, ou seja, aos que crêem no seu Nome.
João 1:12
É nessa perspectiva que Jesus utilizava um título para Ele mesmo: Filho do Homem, ou então Filho da Humanidade. Ele exaltava o fato de ser humano; de ser amigo e irmão de todos. Sua humanidade e humildade eram tantas, que mesmo possuindo um trono de glória e majestade, se sujeitou à condição humana, a tal ponto de ser educado por suas próprias criaturas e ao mesmo tempo chamá-las de irmãos.
Nomes hebraicos na atualidade
A literatura bíblica influenciou profundamente a formação e desenvolvimento da Civilização Ocidental. Não podemos nos esquecer que o cristianismo é um movimento que nasceu dentro do universo judaico da Palestina do século I. Por isso, fizemos uma lista dos nomes masculinos e femininos do hebraico ainda muito utilizados atualmente.
Masculinos:
- Noah. Uma adaptação inglesa para Noé. Significa “descanso” ou “repouso”.
- Miguel. Remete a uma frase que diz “Quem pode ser como Deus?”.
- Benjamim. “Filho da felicidade”, ou “Filho da mão direita”.
- João. “Deus é cheio de graça”, “Agraciado por Deus”.
- Gabriel. “Homem de deus”, “Mensageiro de Deus”.
- Rafael. “Deus curou”, “Curado por Deus”.
- Mateus. “Dom de Deus”, “Presente de Deus”.
Femininos:
- Ana. “Graciosa” ou “cheia de graça”
- Maria. “Senhora”, “Pura”.
- Ester. “Estrela”.
- Débora. “Esforçada”.
- Rebeca. “União”, “ligação”.
- Sara. “Princesa”.
- Raquel. “Mansa”, “pacífica”.
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