O que fazer quando se aposentar?

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, há cerca de 30 milhões de pessoas aposentadas no Brasil. Após anos de trabalho e dedicação, os aposentados tem a chance de escolher a quais atividades se dedicar, já que manter-se ativo mesmo na aposentadoria é cuidar da saúde e qualidade de vida.

Uma coisa é preciso esclarecer: aposentadoria não é sinônimo de velhice. Hoje há uma discussão do que de fato é envelhecer, mas a Organização Mundial da Saúde avalia que o envelhecimento tem quatro etapas: meia-idade, de 45 a 59 anos; idoso(a), de 60 a 74 anos; ancião, de 75 a 90 anos e velhice extrema, de 90 anos em diante. E cada uma dessas 4 etapas tem sido encaradas de forma diferente com o avanço da tecnologia, da saúde e da longevidade de cidadãos de todo o mundo. A tendência hoje é de viver uma juventude prolongada.

Hoje, se uma pessoa se aposentar aos 65 anos, ela provavelmente ainda está em perfeitas condições de viver bons anos de vida ativa, agora com menos preocupações profissionais, mas dedicando-se à atividades práticas e saudáveis. Essa tendência alcança o âmbito comportamental dessas pessoas. Há uma busca pela jovialidade na forma em que se vestem e em seus costumes. Por exemplo, hoje, se uma pessoa viveu uma vida atlética, praticando diversos esportes e vestindo roupas condizentes com o que fazia, ela não sente que deveria mudar seus hábitos, suas roupas e demais características só por ter alcançado a aposentadoria.

Com esta busca por uma jovialidade se estendendo para o aspecto cultural-comportamental em todo mundo, manter-se ativo fisicamente e mentalmente depois de anos de trabalho não é apenas mais uma opção do que fazer em seu tempo livre, mas um movimento cultural: os maduros e aposentados não são incapazes, muito pelo contrário, estão cada vez mais ‘jovens’ e ativos.

A alguns, é necessário entender que a aposentadoria se refere muito mais a um ciclo da vida se encerrando do que a uma troca de identidade. Muitas pessoas vivem uma crise de identidade quando se aposentam, porque ao encerrar as suas antigas atividades acreditam que perderam grande parte do que faziam elas serem elas. Mas a profissão é apenas uma das características de qualquer pessoa e a aposentadoria é apenas um novo ciclo de mudanças em suas atividades, e não em seu caráter, identidade ou personalidade.

Veja a seguir algumas atividades que você pode fazer quando se aposentar:

Prática de exercícios físicos

Seja uma aula de dança sob o som de músicas que animam, um tempinho debaixo d’água praticando hidroginástica ou até mesmo uma boa e revigorante caminhada pela manhã, as atividades físicas são necessárias em todas as idades, principalmente para a pessoa idosa. Quando trabalhamos e estudamos, reclamamos da falta de tempo para dedicar-nos às atividades físicas, então por que não usar desse tempo extra que adquirimos com a aposentadoria para colocar o corpo em movimento?

A prática desses exercícios beneficiam tanto a saúde física quanto a mental. O hábito de colocar os músculos para serem exercitados fortalece o corpo, o que é uma ótima prevenção para acidentes comuns entre pessoas idosas: as quedas. A caminhada ajuda na circulação, reduz gorduras localizadas, ajuda a prevenir problemas cardíacos e é uma leve atividade para aqueles que ainda não têm o costume de se exercitar.

Descobrir novas habilidades

Outra área de nossa vida que não deve ser abandonada depois da aposentadoria é a mental. Devemos estar em constante exercício estimulando não os músculos, mas o cérebro. Essa é a hora de dedicar-se às habilidades e hobbies que pela falta de tempo, dinheiro ou vontade ficaram para trás ao longo dos anos que você se dedicou à sua profissão.

Diante da necessidade da implementação da quarentena, as pessoas idosas foram gravemente afetadas em sua saúde mental. O medo de possível infecção pela Covid-19 em si e em seus familiares juntamente com a pressão do isolamento social tornou essas pessoas vulneráveis ao coronavírus e a doenças relacionadas à saúde mental, como depressão.

Diante desse contexto, encontrar atividades que ocupem a mente é muito importante. Ler livros, fazer palavras-cruzadas, jogar jogos que exercitem o pensamento, aprender um novo idioma e escrever são apenas alguns exemplos da infinidade de atividades que podem exercitar nossa mente e nos manter com uma boa qualidade de vida.

Passar tempo com a família

Gastar tempo de qualidade com família e amigos também contribui para a saúde mental e emocional de uma pessoa aposentada. Manter esses contatos também é benéfico para os mais jovens que vivem na correria de trabalho, faculdade e compromissos e precisam da neutralização, calma e paz vinda de uma pessoa com mais sabedoria.

Manter esta proximidade não é apenas importante, mas necessário durante a pandemia. Os relacionamentos e conversas, mesmo que por vídeo-chamadas, conversas em redes sociais ou encontros à distância são motivos de muito felicidade para ambos os lados.

Espiritualidade

Segundo o estudo Espiritualidade e qualidade de vida de pessoas idosas: um estudo relacional, de Ewerton Dias e Luís Pais-Ribeiro, as pessoas idosas que apresentam maiores índices de espiritualidade, também apresentam os melhores índices de qualidade de vida.

Dedicar-se a um relacionamento com Deus não tem restrição de idade, muito pelo contrário, quanto mais tempo você passar com o Senhor, mais conhecerá sobre a Vida e Seu Amor em Jesus Cristo. Quando trabalhamos reclamamos das atividades que tomam o tempo e prioridade de Deus em nossas vidas, mas não deve ser assim. Então agora, por que não abrir aquele velho livro das revelações de Deus, chamado Bíblia Sagrada, e se permitir ser transformado pela Palavra de Deus?

Voluntariado

Em todos os lugares, se procurarmos com atenção, veremos pessoas que precisam de nossa ajuda. O voluntariado é uma ótima ação para todos, principalmente para os aposentados. Essa atividade mantém os relacionamentos e contatos ativos, o que beneficia muito a pessoa que muitas vezes pode se sentir sozinha e com falta de atividades em seu dia-a-dia. A vontade de cuidar e de ajudar, de sentir-se útil também é muito positiva para os que às vezes são enganados com a ideia que não podem mais fazer nada agora que envelheceram.

A pesquisa feita por Luccas Melo, Liana Lautert e Eunice Fabiani, publicada na Revista da Escola de Enfermagem pela USP, Qualidade de vida e trabalho voluntário em idosos, analisa que a qualidade de vida de um idoso é aumentada com a iniciativa do trabalho voluntário. O relatório também destaca que a própria Organização Mundial da Saúde ratifica que o trabalho voluntário pode ser incentivado aos idosos com o objetivo de promover melhora na vida dos envolvidos.

Veja aqui alguns locais em São Paulo que você pode ser voluntário