O que significa a pedra branca do Apocalipse

O livro de Apocalipse começa com uma sequência de pequenas cartas destinadas a sete igrejas na Ásia Menor (atual Turquia), que existiam na época do apóstolo João, o escritor do livro. Uma delas é a carta para a igreja de Pérgamo.

Na carta, o apóstolo João relata um recado de Jesus Cristo à igreja de Pérgamo, e podemos ver que Cristo faz uma promessa – dará aos fiéis uma pedra branca com um nome novo escrito nela.

E ao anjo da igreja que está em Pérgamo escreve: Isto diz aquele que tem a espada aguda de dois fios:
Conheço as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.


Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e fornicassem.


Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu odeio.


Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da minha boca.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas:


Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe.

Apocalipse 2:12-17

Mas afinal, o que seria essa pedra branca?

Esta é uma passagem do qual há infinitas interpretações. Veremos algumas delas, porque cada uma tem algo a acrescentar à nossa compreensão desta linda imagem.

pedra branca apocalipse

No mundo antigo uma pedra branca podia significar muitas coisas distintas.

(1) Segundo uma lenda judaica, ao cair o maná do céu também caíam pedras preciosas. A pedra branca, neste caso, representaria os preciosos dons de Deus a seu povo.

(2) No mundo antigo usavam-se ábacos feitos com pedras de cores. Assim, os cristãos são reconhecidos entre a multidão.

(3) Nos tribunais antigos usavam-se pedrinhas brancas e negras para registrar o veredicto dos jurados. Uma vez que o promotor e o defensor tinham desenvolvido suas argumentações, o jurado expressava seu veredicto colocando pedras brancas ou negras, segundo fosse inocente ou culpado, numa urna. A sentença de inocente correspondia a uma maioria de pedras brancas, a de culpado a uma maioria de pedras negras. A pedra branca, então, significa inocência. Aqui significaria que o cristão fiel é declarado inocente no tribunal celestial, pelos méritos de Cristo.

(4) Na antiguidade usava-se um objeto chamado téssera. Era um pequeno tablete de madeira, metal ou pedra, sobre a qual ia uma inscrição especial. A possessão de uma téssera conferia a seu possuidor algum privilégio especial. Três destas tésseras têm um interesse especial para nós.

(a) Em Roma, as grandes “casas” (famílias) tinham seus “clientes”. Os “clientes” eram pessoas que recebiam alimentos e roupas das famílias mais ricas. Todas as manhãs iam à casa de seu benfeitor e lhes era dado comida e dinheiro para o dia. Os “clientes” em geral tinham uma téssera que os identificava como merecedores desses presentes. Isto significaria que o cristão possui o direito e o privilégio de receber gratuitamente de Cristo o dom da vida.

(b) Uma das maiores honras que podiam obter-se no mundo antigo era ganhar uma vitória nos jogos atléticos. Os vencedores em geral recebiam uma téssera que creditava sua qualidade de tais e que lhes permitia livre acesso aos jogos, espetáculos e diversões públicas. Isto significaria que o cristão é o atleta vitorioso de Cristo que recebe seu prêmio e participa da honra e glória de seu Senhor.

(c) Os grandes gladiadores eram os heróis mais admirados por Roma. Em geral o gladiador devia pelejar até que algum desafiante o matasse. Mas se algum gladiador tinha ganho honras especiais e sua carreira tinha sido particularmente brilhante, ao envelhecer era excetuado da obrigação de seguir pelejando, permitindo-se que se aposentasse com honras. Tais homens recebiam uma téssera que tinha escritas as letras SP, iniciais que em latim significam: “homem cujo valor foi provado além de toda dúvida possível”.

Isto significaria que o cristão fiel é como um gladiador que, tendo provado sua coragem na batalha da vida, pode desfrutar do descanso que Cristo lhe concede, com honras. 

(5) Na antiguidade os dias especialmente felizes e bem-sucedidos se denominavam “dias brancos”. Plutarco conta que quando Péricles estava sitiando a cidade de Samos sabia que o cerco seria longo; não queria que seu exército perdesse o entusiasmo; por isso, dividiu-o em oito setores: todos os dias as oito divisões de seu exército tiravam a sorte; uma das sortes era uma pedra branca. A parte do exército que tinha tirado a pedra branca estava excetuada de serviço e podia divertir-se à vontade. A partir desse episódio é que chegou a denominar-se os dias felizes como “dias brancos” (Plutarco, Vida de Péricles).

Plínio, numa carta que escreve a um amigo, diz que nesse dia teve a alegria de ouvir a dois magníficos defensores nos tribunais, homens jovens, em cujas mãos estava seguro o futuro da oratória romana. E adiciona que esse dia ficava para ele marcado como cândido cálculo, com a mais branca das pedrinhas (Plínio, Caria, 6. 11).

Os trácios costumavam guardar uma urna em suas casas na qual depositavam uma pedra branca por cada dia feliz que tinham vivido, e uma pedra preta para cada dia infeliz; ao morrer contavam as pedras brancas e as pretas, e segundo a preponderância de umas ou outras dizia-se que o homem tinha tido uma vida feliz ou triste.

Isso tudo significaria que graças a Jesus Cristo o cristão fiel pode ser feliz e desfrutar da vida, uma alegria que nada nem ninguém poderá lhe tirar (João 16:22).

Na presença de Cristo, sem amuletos

Seguindo esta linha de interpretações há uma possibilidade mais, que talvez seja a correta. Um dos costumes mais generalizados no mundo antigo era levar consigo algum amuleto ou encantamento. Podia ser feito de prata ou ouro, ou com alguma pedra preciosa, um diamante. O mais comum, entretanto, era que fosse um seixo sobre o qual se escrevia o nome de um deus. Conhecer o nome de um deus era ter um poder especial sobre ele, poder chamá-lo no momento em que se necessitava sua ajuda. Pensava-se que este tipo de amuleto era muito mais poderoso se somente seu possuidor sabia o nome que tinha escrito.

O mais provável é que João esteja dizendo: “Seus amigos pagãos — e vocês faziam o mesmo quando eram pagãos — portam amuletos e encantamentos com inscrições supersticiosas neles. Pensam que esses amuletos lhes trazem boa sorte e segurança. Vocês não necessitam tal coisa, porque conhecem o nome do único Deus verdadeiro e isso lhes é suficiente para estarem sempre seguros, na vida ou na morte. O pagão colocava sua confiança num amuleto supersticioso; o cristão tem sua confiança no nome de Deus.”

Rebatizada por Deus

As palavras branco e novo são características de Apocalipse.

R. H. Charles disse que no Apocalipse o branco é a cor do céu. A palavra que se usa não descreve uma brancura opaca, mas sim uma brancura que brilha, cintila e vibra, como a neve quando recebe de cheio os raios do Sol. Representa o que somente podemos identificar com a brancura nívea e vibrante da pureza celestial.

É deste modo que no Apocalipse nos deparamos com as vestimentas brancas (3:5), túnicas brancas (7:9), linho branco (19:8, 14) e o grande trono branco de Deus (20:11). O branco, então, é a cor do céu.

Por outro lado, em grego há duas palavras para dizer “novo”. Uma coisa pode ser neos, que significa novo no que respeita ao tempo; pode tratar-se de um novo objeto de um tipo ou características bem conhecidas a muito tempo. Por outro, existe kainos, que significa novo não somente com relação ao tempo mas também em qualidade. Uma coisa kainos não somente é de feitura recente, mas sim nada igual foi feito antes. Introduz na experiência humana algo totalmente desconhecido.

É deste modo que no Apocalipse temos uma nova Jerusalém (3:12), uma nova canção (5:9), novos céus e nova terra. Diz-se, fazendo uso desta palavra, que Deus faz novas todas as coisas (21:5). Tendo em conta estas observações, sugeriram-se duas linhas de pensamento. Sugeriu-se que a pedra branca é o crente; que o Cristo ressuscitado está prometendo aos que forem fiéis um novo eu, uma nova vida, um novo caráter, purificado de todos os pecados e manchas desta Terra, que brilhe com a mesma pureza do céu. A pedra branca, neste caso, seria o crente fiel, recriado e feito novo.

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