O Nestorianismo é uma doutrina de estudos cristológicos que analisa, sobretudo, a natureza divina de Cristo, fazendo separação entre o Cristo homem e o Cristo Deus, sem, contudo, negar
ambas.
O criador dessa doutrina foi o monge Nestório de Alexandria (380 – 451 d.C.). Nestório era um pregador famoso em Antioquia e, desde 428 d.C., bispo de Constantinopla. Embora o próprio Nestório talvez nunca tivesse ensinado a ideia incorreta que leva seu nome (a ideia de que Cristo era duas pessoas em um corpo, não uma pessoa), foi afastado de seu ofício por uma combinação de alguns conflitos pessoais com uma boa dose de política, tendo seus ensinos condenados.
Por que o nestorianismo está errado
É importante compreender por que esta idéia do o nestorianismo está errada. Não temos, em parte alguma da Bíblia, indicação de que a natureza humana de Cristo, por exemplo, seja uma pessoa independente, que decide fazer algo contrário à natureza divina de Cristo. Em parte alguma temos indicação da natureza humana conversando com a natureza divina ou lutando dentro de Cristo, ou algo parecido. Antes, temos um quadro coerente de uma única pessoa agindo em integridade e unidade. Jesus sempre fala “eu”, não “nós”, apesar de referir-se a si próprio e ao Pai como “nós”. A Bíblia sempre trata Jesus por “ele” não por “eles”.
E, ainda que às vezes possamos distinguir ações de sua natureza divina e ações de sua natureza humana, para nos facilitar a compreensão de algumas declarações e ações registradas nas Escrituras, a própria Bíblia não diz “a natureza humana de Jesus fez isso” ou “a natureza divina de Jesus fez aquilo”, como se houvesse pessoas distintas, mas sempre fala do que a pessoa de Cristo fez. Assim, a igreja continuou insistindo que Jesus era uma só pessoa, ainda que possuísse natureza humana e natureza divina.
Origens do cristianismo na China
A primeira evidência histórica clara do cristianismo na China data de cerca de 600 dC. Havia cismas no cristianismo primitivo sobre entendimentos de doutrinas e autoridade. Nestório, um líder cristão de Constantinopla, capital do Império Romano Bizantino, divergia de outros líderes sobre certas doutrinas por volta do ano 430.
Muitos líderes e igrejas ficaram do lado dele quando houve uma divisão. Alguns nestorianos se mudaram para a Pérsia. Os nestorianos chamavam sua igreja de Igreja do Oriente, e ela se espalhou amplamente na Ásia Central e se espalhou para a China no século VII.
Sabemos sobre a existência de nestorianos na China e sobre suas atividades através de descobertas arqueológicas de uma igreja nestoriana e pinturas murais nestorianas perto de Turpan em Xinjiang; restos de antigas igrejas na China; observações de Marco Polo e outros relatos e, por fim, um monumento que foi esculpido em 781, chamado de Xi’an Stele, Jingjiao Stele, Nestorian Stele ou ainda Estela Nestoriana.
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A Estela Nestoriana
Uma estela é uma coluna ou placa de pedra em que os antigos faziam inscrições.
A Estela Nestoriana explicava a extensão do cristianismo na China e como um missionário chamado Alopun chegou a Chang An, que era então a capital do Império Tang no ano de 635. O monumento descreve em detalhes os ensinamentos e o crescimento da religião, e foi descoberto em Xian no ano de 1625.
A estela dizia que um imperador Tang chamado Taizong (599-649) aprovou a pregação da religião em todo o império e ordenou a construção de uma igreja em Chang An. As doutrinas explicadas no monumento são reconhecíveis como ensinamentos cristãos para os cristãos modernos, mas também parecem estranhas em sua ênfase e incompletas.
Alopun viajou na rota da Rota da Seda através do Corredor Gansu para chegar a Chang An. Ele viajou por Xinjiang. Uma igreja nestoriana foi descoberta fora da antiga cidade da Rota da Seda de Gaochang. Isso e algumas pinturas de parede mostraram que o cristianismo nestoriano era uma religião naquela área, naqueles dias.
Os uigures chegaram a Xinjiang e a tomaram por volta do ano 842. Alguns deles se tornaram nestorianos. Em alguns lugares da China Tang, pode ter havido mais nestorianos do que budistas. No final da dinastia Tang, os governantes Tang tornaram-se intolerantes com as “religiões estrangeiras”.
O imperador Wuzong (814 – 846), que era taoísta, decretou que todas as religiões estrangeiras fossem banidas, e os cristãos e pessoas de outras religiões, incluindo o budismo, foram perseguidos. Em 907, a Dinastia Tang foi destruída e o comércio e as viagens ao longo da rota da Rota da Seda terminaram em grande parte.
Em 1279, os mongóis capturaram a China e estabeleceram a Dinastia Yuan (1279-1368 d.C.). Eles reabriram o comércio da Rota da Seda através de Xinjiang, e Marco Polo viajou para a China. Quando ele voltou para a Europa, ele relatou que havia um grande número de nestorianos no sul da China, em Pequim, que era a capital do Império Yuan, e nas principais cidades comerciais que ele visitou.
O papa católico enviou um missionário a Pequim em 1294. Os mongóis eram tolerantes com várias religiões e permitiram que os católicos construíssem igrejas. No final da dinastia Yuan, havia muitos católicos em Pequim e em outra cidade. No entanto, os chineses se ressentiram dos mongóis e, quando se rebelaram contra os mongóis, também atacaram os nestorianos e os católicos. Durante a Dinastia Ming, ambos os tipos de cristãos foram expulsos. Era o início de uma longa história de perseguição aos cristãos na China.
Referências:
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática Atual e Exaustiva.
