A perseguição aos cristãos na China

Teoricamente, os cristãos chineses têm direito à liberdade religiosa, mas o espaço para evangelização é limitado. A Constituição afirma que os cidadãos chineses “gozam de liberdade de crença religiosa.” Ao mesmo tempo, o Estado proíbe organizações públicas de qualquer religião. Os cristãos não podem se reunir em templos não registrados e tampouco evangelizar
publicamente, não sendo os únicos a ser perseguidos. Em alguns casos, muçulmanos e budistas têm recebido o mesmo tratamento rigoroso dado aos cristãos e é comum que
muitas seitas ou grupos religiosos de menor expressão sejam extintos.

O objetivo principal do governo é manter a estabilidade e o poder. Esta é a principal motivação
que está por trás do controle populacional, da reforma econômica e da política religiosa chinesa, que consiste em domínio e opressão.

O Movimento Patriótico das Três Autonomias (MPTA), também conhecido como Igreja dos Três Poderes, é a Igreja oficial, controlada pelo Partido Comunista. As igrejas não registradas recebem ataques esporádicos do governo. A perseguição depende principalmente do grau
de perigo que o governo enxerga em cada grupo religioso.

Como é a perseguição

A perseguição ao cristianismo na China abrange desde multas e confisco de Bíblias até destruição de templos. Evangelistas são detidos, interrogados, aprisionados e torturados. Além da perseguição governamental, as tentativas de evangelizar muçulmanos no extremo noroeste
do território chinês têm enfrentado resistência e alguns ataques.

As leis religiosas que entraram em vigor em 1º de março de 2005 aumentaram a pressão sobre grupos não registrados, exigindo que se legalizassem ou se preparassem para sofrer as consequências. Além disso, em vez de facilitar o registro, novas emendas dificultaram o
processo.

O objetivo principal do governo é manter a estabilidade e o poder.
O objetivo principal do governo chinês é manter a estabilidade e o poder.

Contexto geográfico

Sudoeste da China

No sudoeste da China, as igrejas cristãs são minoria e os crentes estão dispostos a servir a sua Comunidade. Os líderes tem um baixo nível de instrução, mas são ensináveis, e cuidam profundamente de seus membros, possuindo um coração de servos do Senhor.

Nesta região, o nível de educação dos crentes é ainda menor do que o dos pastores, de forma que eles não podem ler a Bíblia por si mesmos, mas esperam pela visita de pastores itinerantes
em sua região. Os líderes da Igreja cuidam de seus vizinhos crentes e não crentes, e por isso desenvolvem bons relacionamentos com eles.

Nessa região, vários grupos minoritários têm talentos especiais, como por exemplo, talentos naturais para música. Eles são muito bons para artesanato.

Noroeste da China

Na maior parte dos grupos minoritários de cristãos na China, em particular aqueles da região noroeste, incluindo o Tibet, o cristianismo é considerado como um “estrangeiro”, uma religião
e cultura que é inconsistente com as suas próprias culturas e religiões tradicionais. Por isso, a igreja cristã e os cristãos, que são uma minoria, geralmente enfrentam perseguição por parte de suas próprias comunidades.

Na região Noroeste, as igrejas cristãs minoritárias são geralmente rejeitadas pela população local. É difícil para estas igrejas de minoria se conectarem com o mundo exterior
porque geralmente estão localizados em regiões remotas e isoladas geopoliticamente.

Nos últimos anos, os governos provinciais dessa região estão usando vários meios para retirar os missionários vindos do exterior – justamente os missionários que têm maiores recursos para estabelecer redes de apoio para as igrejas minoritárias.

Oeste da China

Uyghurs-na-China
Uyghurs na China

No Oeste da China a perseguição pela comunidade pode ser observada particularmente nas populações de origem muçulmana (como por exemplo, Uyghurs) e em grupos de origem budista (por exemplo, os tibetanos) onde os cristãos são minoria. Nestes casos a comunidade pode, até mesmo, influenciar o governo a exercer pressão sobre as igrejas cristãs para restringir as suas atividades, ou mesmo, ameaçar a sua existência.

Tibetanos-na-China
Tibetanos na China

A perseguição nos dias atuais

Após severa perseguição no século passado, hoje, a perseguição se dá em cada região da China através das autoridades locais, quando estas recebem queixas de atividades cristãs mais visíveis. A leis de restrições religiosas variam de região para região, dependendo das autoridades locais, e, geralmente, são muito mais amplas do que as previstas por lei.

Nas igrejas registradas, há sinais de que o controle governamental sobre a realização das atividades da Igreja está relativamente menos rigorosos do que era antes.

Ao longo dos anos, a Igreja cristã na China tem aprendido a trabalhar dentro dos limites religiosos legais, a fim de evitar ser perseguida. Os líderes da Igreja estão dispostos a limitar o tamanho das reuniões das igrejas e reduzir atividades da Igreja durante datas importantes para o país (por exemplo, dia nacional, o período de jogo olímpico no ano de 2008).

A perseguição tornou-se cada vez mais invisível ao longo dos anos, mais centrada na vigilância constante das igrejas, ao invés de, maus-tratos físicos e prisões.

Muitos jovens crentes das cidades tendem a abster-se de compartilhar acerca de sua conversão com seus pais ou com seus colegas de trabalho, por temer a sua oposição, ao passo que, não veem isto como sendo uma forma de perseguição.

Jovens chineses

Até mesmo alguns líderes da Igreja que experimentaram severas perseguições no passado começaram a sentir-se satisfeitos com a crescente mas limitada liberdade religiosa. Eles ainda se alegram com o fato de que a igreja da qual fazem parte tem crescido e vivido uma melhoria de sua situação financeira. Alguns pensam ainda que a Igreja se tornaria mais vulnerável se a aplicação da lei religiosa se tornasse mais rigorosa.

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Olimpíadas de 2008

As Olimpíadas de 2008 afetaram de certa forma o modo de o governo lidar com a Igreja. As medidas de segurança introduzidas nessa época foram tão bem-sucedidas, que o governo pode decidir continuar a utilizá-las por tempo indeterminado. Nesse período, a repressão a reuniões de igrejas não oficiais e aos seus líderes aumentou em muitas províncias, bem como o
número de relatos de estrangeiros sendo detidos ou deportados. O ano de 2008 foi marcado por detenções em massa de membros de igreja.

Pandemia

O site da organização Portas Abertas apresenta um relato atualizado de como a perseguição aos cristãos na China tem se mantido após a pandemia do COVID-19:

“Permanece ilegal para menores de 18 anos frequentarem a igreja. Todos os locais de encontro tiveram que fechar durante a crise da COVID-19, mas algumas igrejas foram forçadas a permanecerem fechadas, mesmo quando as restrições começaram a afrouxar, e foram silenciosamente eliminadas. A velha verdade é que igrejas só serão percebidas como uma ameaça ao se tornarem muito grandes, muito políticas ou convidarem estrangeiros. 

Líderes cristãos geralmente são os principais alvos da vigilância do governo e alguns deles são sequestrados. “Eles são simplesmente pegos e aparecem meses depois em um tipo de prisão domiciliar, onde são reeducados”, disse uma fonte da Portas Abertas. 

Se um convertido do islamismo ou do budismo for descoberto pela comunidade e pela família, é provável que enfrente ameaças ou abusos. Os maridos podem fazer pressão para se divorciar ou persuadir para que as esposas abandonem a fé. Vizinhos podem denunciar qualquer atividade cristã para as autoridades ou para o chefe da vila, que agirá para impedir os cristãos.” 

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Eli Moreira
Eli Moreira é pastor e escritor. Fundou o Redenção para comunicar a mensagem da paz de Jesus à diversidade cultural de nosso País. Todos são convidados para irem aos nossos encontros às 20h30 na Rua Augusta 2283 - São Paulo, SP.