Na China, existem igrejas cristãs oficiais, mas para elas se tornarem oficiais é preciso que jurem obediência ao Partido Comunista Chinês, o partido que governa a China – um juramento acima inclusive do que as Escrituras determinam. Por isso, a Igreja dos chineses, talvez a maior igreja cristã do mundo, é uma igreja que está escondida: ela não aceitou se tornar filiada ao partido da China e sofre por isso.
As igrejas que estão filiadas ao partido e obedecem aos políticos governistas vivem muito bem e tem recursos de sobra, mas as outras são igrejas ocultas, escondidas, e estão na China sobrevivendo sem o resto do mundo saber quem são ou onde estão.
Nesta matéria, vamos entender melhor a história da China e da igreja cristã que lá resiste.
História e Política da China
A China é o país mais populoso do mundo e possui a terceira maior extensão territorial do planeta. As maiores altitudes do globo encontram-se em seu território. A maior parte da população chinesa vive na região leste, concentrada principalmente em 42 grandes cidades, todas com mais de um milhão de habitantes.
O nome do país se origina de Ch’in (ou Ts’in), nome da dinastia que unificou o país no século III a.C. No entanto, Frei Gaspar da Cruz informou, no século XVI, que China era o nome pelo qual indianos e habitantes do sul se denominavam o país, porém os nativos chamavam a terra de Tame e seus habitantes de Tamgin.
Embora seja uma antiga civilização, não há muitos registros das origens de sua história, como do mundo greco-romano, egípcio ou mesopotâmico.
Só em tempos bem recentes descobertas arqueológicas permitiram traçar um esboço das origens chinesas. Sabe-se que foi habitada por hominídeos, 200 ou 500mil anos atrás. Foram descobertas cerâmicas pintadas, com data de 4000 a.C., ou seja, do fim do período Neolítico. Foi no século III a.C. que a China começou a construir a famosa Grande Muralha, uma das sete maravilhas do mundo antigo, como forma de conter as invasões dos povos do norte. Mesmo assim, os mongóis invadiram e dominaram o país. Genghis Khan e seu neto, Kublai Khan, governaram a China de 1276 até 1368, por intermédio da dinastia Yuan. Nesse período, a China era parte de um poderoso império que ia do Rio Danúbio, na Europa, até a Coreia.
Considerada uma das culturas mais antigas do mundo, durante séculos a China manteve-se como uma civilização de liderança, ultrapassando o resto do mundo nas artes e nas ciências. Atribui-se aos chineses a criação de artigos muito importantes para a civilização mundial, como: a tecelagem da seda, o chá, a pólvora, a bicicleta, os instrumentos de medição astronômica,
a tinta, o papel, as Artes Marciais e esportes como o Polo, dentre outros.
Mas no século XIX e início do XX, o país foi assolado por conflitos civis, fome, importantes derrotas militares e ocupação estrangeira.
Uma sucessão de dinastias governou o país até 1911, quando o médico Sun Yat-sen derrubou a dinastia que detinha o poder e foi proclamado presidente. Na década de 1920, Chiang Kai-shek, do Partido Nacionalista, chegou ao poder. No entanto, o Partido Comunista, fundado
em 1921, entrou em luta contra o partido de Chiang pelo controle do país.
Por um breve período, as duas facções promoveram uma aliança para combater a invasão japonesa, mas retomaram o conflito após a rendição do Japão na II Guerra Mundial. Mao Tsé-tung e os comunistas alcançaram a vitória em 1949, estabelecendo um sistema socialista autocrático, que, assegurando a soberania da China, impôs controles estritos sobre a vida cotidiana e custou a vida de dezenas de milhões de pessoas.
Depois de 1978, o sucessor de Mao, Deng Xiaoping, e outros líderes focados e orientados para o mercado de desenvolvimento econômico (Socialismo de Mercado), abriram as portas da China para o mundo ocidental. Para grande parte da população, os padrões de vida melhoraram significativamente, mas os controles políticos permaneceram apertados. A China, desde o início de 1990, aumentou seu alcance global e participação em organizações internacionais.
Cultura e população
A população da China é a maior do mundo. Possui mais de 1,3 bilhões de habitantes. A política de controle populacional da China, tem como principal regra cada família possuir apenas 1 filho. Com isso, existe uma preferência dos pais por filhos do sexo masculino.
A China possui 56 grupos étnicos. O grupo han chinês, que habita principalmente o leste do país, representa 92% do total da população. Os demais grupos, zhuang, manchu, hui, miao, uyghur, tujia, yi, mongol, tibetano, buyi, dong, yao, coreano, e outras nacionalidades, representam cerca de 8% (2000).A província de Yunnan abriga mais de 20 grupos étnicos, sendo a região com a maior diversidade étnica.
Os chineses se comunicam em mais de 600 dialetos e se dividem em quase 200 grupos étnicos, dos quais 55 são oficialmente reconhecidos. Mais de 90% da população é alfabetizada.
A população chinesa atual tem sido formada por uma geração mais jovem, que não conheceu a Revolução Cultural, e também por uma população rural cada vez mais descontente.
As vítimas de exploração e abuso do poder têm se tornado mais conscientes dos seus direitos, tanto humanos como legais. Além dessas coisas, o aumento de desastres naturais e ocupacionais também preocupa o governo. Mais da metade dos chineses dizem não ter religião. Da outra metade, 36,6% professam crenças locais e o budismo. Hoje, diz-se que o número de cristãos dobrou desde 1997, e agora eles são talvez 5% da população.
A história da Igreja Cristã na China
Pouco se sabe sobre a história do Cristianismo na China, o que se sabe é que nestorianos*, cristãos da Igreja do Oriente, vieram da Pérsia para a China, pela Rota da Seda. Eles foram os
primeiros a apresentar o cristianismo à Dinastia Tang, em 635 d.C.
Um jovem escocês chamado Robert Morrison foi o primeiro missionário a ir para a China para evangelizar o país. Morrison se empenhou durante toda a sua vida na tradução da bíblia do inglês para o mandarim e na criação de um dicionário inglês-mandarim, que facilitaria a aprendizagem do idioma chinês a outros missionários.
Outro missionário cristão muito importante para a história da igreja chinesa foi Hudson Taylor, inglês que viveu por 51 anos no país e, enquanto esteve lá, empenhou-se na assídua evangelização e ensino da palavra de Deus, principalmente nas áreas mais remotas do país (interior da China).
A década de 1950 viu o advento do Movimento Patriótico das Três Autonomias (MPTA), a fim de controlar a Igreja. Os missionários estrangeiros continuaram a sofrer perseguição até saírem completamente da China, em 1952. Muitos líderes cristãos chineses foram enviados a prisão ou campos de trabalho, destinados a executar tarefas humilhantes e degradantes.
MPTA – Movimento Patriótico das Três Autonomias
O Movimento Patriótico das Três Autonomias – MPTA, também conhecido como a Igreja dos três poderes, é a igreja oficial, controlada pelo Partido Comunista. A Igreja do Senhor Jesus na China contém igrejas registradas e não registradas. As igrejas não registradas ou domésticas
surgiram de um avivamento espiritual, impulsionado em grande parte por crentes advindos das várias regiões rurais da China, que se reuniam em casas de vilas para reuniões secretas para ouvir do Evangelho.
Os crentes da igreja do Movimento Patriótico das Três Autonomias – MPTA são fracos em aplicar com ousadia as verdades bíblicas em sua vida quotidiana. Eles carecem de ensinos
bíblicos plenos e integrais. Alguns pastores do MPTA ousam ignorar as restrições do governo. Em particular, Ministério para crianças e adolescentes são proibidos nas igrejas do MPTA.
Nas Igrejas do MPTA, a indicação dos pastores tem que ser aprovada pelas autoridades religiosas. Muitos sofrem uma decadência moral de um secularismo e materialismo. Entretanto, líderes de igrejas domésticas tem apoiado estas igrejas com seu testemunho e sua compreensão da verdade do Evangelho.
Muitas Igrejas do MPTA tem líderes que podem dar instrução bíblica efetiva para grupos de estudo bíblico nos lares e fornecer estudos bíblicos completes. Contudo, tem uma visão limitada quanto aos ensinos da Bíblia no que concerne a direitos humanos e outros assuntos espirituais de grande importantes.
Perseguição religiosa na China
O partido comunista da China mantém um controle rígido sobre a sua população, incluindo restrições de liberdade religiosa. A maioria de sua população é composta de religiões tradicionais como o Budismo, o Taoísmo e o Ateísmo.
Teoricamente, os cristãos chineses têm direito à liberdade religiosa, mas na prática há perseguição e o espaço para evangelização é limitado. A Constituição afirma que os cidadãos chineses “gozam de liberdade de crença religiosa” mas, ao mesmo tempo, o Estado proíbe organizações públicas de qualquer religião. Os cristãos não podem se reunir em templos não registrados e tampouco evangelizar publicamente, não sendo os únicos a ser perseguidos.
Em alguns casos, muçulmanos e budistas têm recebido o mesmo tratamento rigoroso dado aos cristãos e é comum que muitas seitas ou grupos religiosos de menor expressão sejam extintos.
Os convertidos ao cristianismo de origem muçulmana ou budista são os que enfrentam maiores dificuldades, já que são perseguidos pelas autoridades e também por suas próprias famílias e comunidades. Por isso, os lugares onde há maior perseguição aos cristãos são principalmente cidades com grande quantidade de cidadãos de origem muçulmana ou budista, como Xinjiang, Tibet e Oeste da China.
Veja mais detalhes e informações em nossa matéria sobre a perseguição aos cristãos na China, confira!
Projeto Pérola
Na década de 1970, um milhão de Bíblias foram contrabandeadas para a China. Assista ao vídeo e conheça mais sobre o Projeto Pérola.
Paul Eastbrooks conta como um grupo de jovens que trabalhava na Ásia se uniu e contrabandeou um milhão de Bíblias para a China. Entre coincidências divinas, histórias de perseguição e pequenos contrabandos, eles desenvolveram uma rede disposta a morrer para que a palavra de Deus chegasse a milhões de pessoas na China em uma época em que o país era completamente fechado e tentava eliminar a igreja de Jesus Cristo da nação.
Ainda hoje, a venda de Bíblias em lojas na China não é permitida e o único lugar onde os cristãos podem obter a palavra de Deus é em igrejas oficiais e licenciadas.
A Igreja Cristã na China hoje
Nas última décadas, o número de cristãos na China cresceu, e estima-se que tenha dobrado desde 1997. Destes cristãos, a maior parte são evangélicos. Somente um quarto destes são católicos. Nos últimos anos, mais e mais reuniões das igrejas cristãs são realizadas em locais abertos como por exemplo em edifícios comerciais, mas, ainda sob a vigilância constante do governo.
Uma igreja cada vez mais urbana
Juntamente com a urbanização e a migração de pessoas para as cidades à procura de oportunidades de trabalho, a igreja crista rural está ficando mais e mais fraca. Devido à falta de de pessoas para a sucessão da liderança das igrejas e do número de obreiros ser insuficiente; ela tem sido incapaz de atender às suas próprias necessidades para o ministério infantil, ministério com idosos e o trabalho de aconselhamento familiar, etc.
Acredita-se que a igreja cristã urbana logo ultrapassará a igreja rural para tornar-se o maior
grupo da Igreja na China. Este grupo de igrejas compostas por trabalhadores migrantes são geralmente mais fracas e precisam de ajuda. Igrejas com membros provenientes de todas as esferas da sociedade desenvolvem a obra do Senhor de maneira adequada, mas são limitados por suas limitações organizacionais.
Nas igrejas urbanas existem múltiplos ministérios para atender diversas necessidades individuais, assim como encontros bíblicos de estudo em células, discipulado. Elas possuem uma estrutura econômica forte e também possuem recursos humanos. Mas seus líderes ainda são inexperientes para influenciar fortemente a sociedade onde vivem.
Ao longo dos anos, a Igreja tem aprendido a trabalhar dentro dos limites religiosos legais, a fim de evitar ser perseguida. Os líderes da Igreja estão dispostos a limitar o tamanho das reuniões das igrejas e reduzir atividades da Igreja durante datas importantes para o país (por exemplo, dia nacional, o período de jogo olímpico no ano de 2008).
Uma oração pela igreja da China
1 – Agradeça a Deus pela perseverança do povo de Deus, que O está servindo acima das circunstâncias e que não tem visto na perseguição um obstáculo para bendizer ao Seu nome;
2 – Ore para que Deus dê estratégia, sabedoria e ousadia para que eles testemunhem do sacrifício que Cristo realizou por todos os pecadores, a quem Ele deseja redimir;
3 – Interceda para que a igreja não ceda diante dos princípios fundamentais de sua fé em Cristo, sempre andando ao lado do Mestre Jesus;
4 – Ore para que Deus realize grandes coisas nas pequenas reuniões das igrejas que são realizadas em seu nome;
Participe da conversa.