Grandes ativistas cristãos: justiça, igualdade e liberdade

Muitos cristãos contribuíram de distintas formas para promover a justiça, igualdade e liberdade ao longo da história. Através de suas crenças e convicções, não se deixaram escapar do chamado pela ação social e defesa dos direitos humanos. Nesta matéria, destacamos algumas dessas pessoas, suas importâncias e atividades mais notáveis na promoção dos direitos da vida humana.

Lucretia Mott

Lucretia Mott (1793-1880). Biblioteca do Congresso Americano.
Lucretia Mott (1793-1880). Biblioteca do Congresso Americano.

Nascida em Nantucket, Massachussets, Lucretia Mott é pouco conhecida fora dos Estados Unidos. Foi uma quaker (denominação cristã pacifista), abolicionista, reformadora social e ativista dos direitos das mulheres. Ficou conhecida por defender o sufrágio feminino em pleno século XIX. Ela defendeu igualmente a necessidade de reformar a posição das mulheres na sociedade.

Sua luta social a favor do direito dos escravos e contra a escravidão não era ouvida, mesmo entre os abolicionistas. Muitos movimentos opunham-se à participação das mulheres nos congressos e reuniões. Na Convenção Mundial Contra a Escravidão, em 1840 no Reino Unido, Lucretia foi impedida de participar apenas por ser mulher. Muitos abolicionistas não queriam ser associados ao movimento dos direitos das mulheres e tinham medo que elas roubassem seus protagonismos.

Lucretia defendia a igualdade entre os sexos, como a equidade salarial, jurídica, direito ao divórcio e ao voto. Em 1866 ajudou a criar a Associação Americana pela Igualdade de Direitos, da qual se tornou presidente. A principal reivindicação da organização era o sufrágio universal. Mott não separava o ativismo dos direitos civis; para ela, era preciso lutar pelos direitos de todos. Infelizmente, ela morreu em 1880, sem ver seu sonho sufragista se realizar. O direito das mulheres brancas de votar só foi aceito nos Estados Unidos em 1920, e das negras apenas em 1965.

Harriet Tubman

Harriet Tubman (1822-1913) em 1869. Biblioteca do Congresso Americano.
Harriet Tubman (1822-1913) em 1869. Biblioteca do Congresso Americano.

A escravidão foi proibida em 1863 nos Estados Unidos. Tradicionalmente, os estados do sul estadunidense eram favoráveis ao escravismo negro, porque suas economias estavam baseadas na agricultura de exportação de grandes fazendas escravistas. Por conta da divergência entre os estados do norte e do sul sobre isso, uma guerra civil foi iniciada, e só terminou oficialmente em 1865. Com a vitória dos estados do norte a escravidão foi proibida em todos os Estados Unidos. Mas o racismo e a segregação racial permaneceram.

Minty, era o nome de batismo de uma escravizada do condado de Dorchester, em Maryland. Sua vida foi marcada pela opressão, espancamentos e açoites, mas também por uma extrema devoção religiosa. Em 1849, Minty escapou da fazenda a qual era ligada, e retornou mais tarde para buscar sua família. Com êxito, mudou seu nome para Harriet Tubman e dedicou-se a libertar todos os escravizados que pudesse e igualmente ajudá-los a encontrar abrigos. Organizou diversos planos de fuga, por trilhas desconhecidas, florestas, estradas com longas viagens de trem. Ao poucos tornou-se uma personagem famosa.

Harriet foi a responsável direta pela libertação de mais de 300 escravos. Sempre os levava para os estados do norte, onde a escravidão já havia sido abolida. Seu lema de vida era: “Seja livre ou morra tentando”. Para ela, não fazia sentido viver uma vida fútil, presa à opressão, aos donos de escravos, e ao trabalho forçado. Por isso, contribuiu durante o resto de sua vida para manter os seus parceiros vivos e pelos direitos civis e políticos dos negros, mesmo com muita perseguição e desgaste.

Durante a Guerra Civil (1861-1865), Harriet serviu a União (estados do norte) e exerceu funções como cozinheira, enfermeira e espiã. Participou de diversos planos de ações para captar informações dos estados inimigos, pois conhecia bem os adversários e tinha uma ampla rede de contatos. Sua atuação na Guerra permitiu a fuga de centenas de escravos do sul.

Em 10 de março de 1913, morreu de causas naturais. Ninguém poderia imaginar que uma nascida escrava poderia ter vivido e contribuído para os direitos dos afrodescendentes tanto quanto ela.

Eu daria todo o meu sangue, até à última gota, até esse monstro chamado escravidão estar morto.

Harriet

Veja o trailer do filme Harriet lançado em 2019, que conta sua história.

Desmond Doss

Desmond Doss (1919-2006) em 1945, na Segunda Guerra Mundial.
Desmond Doss (1919-2006) em 1945, na Segunda Guerra Mundial.

Desmond Doss foi um soldado estadunidense durante a Segunda Guerra Mundial. Mas não foi um soldado qualquer. Membro da Igreja Adventista do Sétimo dia, Doss tomou a decisão de servir na guerra como socorrista. Porém, para realizar seu objetivo teve que persistir em ir contra as ordens das autoridades do Exército, que insistiam que um soldado deveria matar outras pessoas.

No entanto, com sua persistência, Desmond se tornou o primeiro objetor de consciência da história do Exército dos Estados Unidos. Ou seja, ele decidiu por sua conta e risco ir à guerra sem pegar em armas, com o objetivo de salvar vidas. Entrou para a história depois da Batalha em Okinawa, em 1945 no Japão. Sozinho, foi responsável por salvar a vida de mais de 100 soldados estadunidenses, feridos, impossibilitados de fugir dos inimigos japoneses e deixados para trás.

Eu ficava orando o tempo todo “Senhor me ajude por favor a salvar mais um”.

Desmond Doss

Foi o primeiro e único soldado objetor de consciência a ser condecorado com a Medalha de Honra do governo americano. É considerado um modelo de auto-sacrifício, modéstia e generosidade pelos americanos. Demond Doss morreu em 13 de maio de 2006, em sua casa, no Alabama, por problemas respiratórios.

Em 2016, o diretor Mel Gibson lançou um filme contando sua história. Veja abaixo o trailer de Até o Último Homem, indicado a 6 óscares, incluindo Melhor Filme.

Martin Luther King

Martin Luther King Jr. (1929-1968) durante a Marcha sobre Washington em 1963.
Martin Luther King Jr. (1929-1968) durante a Marcha sobre Washington em 1963.

A segregação racial nos Estados Unidos era severa. As pessoas pretas eram tratadas abertamente como inferiores, e os espaços eram separados publicamente. O tratamento policial, institucional e judicial também era diferente e prejudicial para os pretos, o que permanece de muitas formas até hoje.

Na década de 1950, o movimento pela igualdade dos direitos civis ganhou força em diferentes países do mundo, especialmente nos Estados Unidos. Foi nesse contexto que surgiu a figura do pastor batista e ativista político Martin Luther King Jr. Ele ganhou destaque e popularidade ao liderar a luta pelos direitos dos negros, pois possuía uma grande capacidade de discursar em público.

Ele reivindicava salários dignos, melhoria de condições e mais oportunidades de trabalhos. Também era a favor dos direitos das mulheres, tendo lutado ao lado de Rosa Parks em ambos os movimentos feminino e negro. Ele se inspirou na resistência não-violenta de Mahatma Gandhi (1869-1948), que lutou a favor da independência da Índia, e também se apoiou em suas crenças cristãs para fortalecer seu ideal de desobediência civil.

No dia 28 de agosto de 1963 Luther King fez um ato histórico, que marcou profundamente o mundo. Ele discursou para um público de 250 mil pessoas em Washington, capital dos EUA, em frente ao Memorial do Presidente Abraham Lincoln (1809-1865), responsável pela abolição da escravidão. Em seu discurso, Luther King expressou seu desejo de ver suplantados a segregação racial e o racismo.

Eu tenho um sonho que meus quatro pequenos filhos um dia viverão em uma nação onde não serão julgados pela cor da pele, mas pelo conteúdo do seu caráter. Eu tenho um sonho hoje

Martin Luther King

Em 1964, Martin Luther King foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz, por luta pelos direitos civis e políticos da população preta. Mas infelizmente, no dia 4 de abril de 1968, foi assassinado por James Earl Ray, um presidiário fugitivo.

Confira o trailer abaixo de Selma – Uma luta pela igualdade, de 2015, sobre a história de Luther King.

Dom Paulo Evaristo Arns

Paulo Evaristo Arns (1921-2016) em 17 de maio de 1982. Crédito: Wikipedia.
Paulo Evaristo Arns (1921-2016) em 17 de maio de 1982. Crédito: Wikipedia.

Paulo Evaristo Arns foi frade franciscano, cardeal, arcebispo de São Paulo e escritor. Suas atividades como líder da arquidiocese paulistana iniciaram-se em 1971, e logo enfrentaram os horrores da Ditadura Militar (1964-1985). Durante esse período, destacou-se por sua luta política, em defesa dos direitos humanos, contra as torturas e a favor do voto nas Diretas Já.

Em outubro de 1975, celebrou na Catedral da Sé o culto ecumênico em homenagem ao jornalista assassinado pelos militares, Vladimir Herzog. Também atuou contra a invasão da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) em 1977, comandada pelo coronel Erasmo Dias. Foi igualmente responsável por muitas manobras no período militar, que ajudaram a enfraquecer as atividades repressoras.

Era um membro progressista da Igreja Católica, notabilizado por sua defesa dos pobres. Sua atuação pastoral foi voltada aos habitantes da periferia de São Paulo, aos trabalhadores, e à defesa dos direitos das pessoas marginalizadas. Além disso, era favorável ao culto eclesiástico nos bairros, tendo criado quarenta e três novas paróquias. Evaristo Arns abdicou do cargo em 1996, após completar 75 anos, e morreu em 14 de dezembro de 2016, aos 95 anos, por conta de uma broncopneumonia.

Jesus não foi indiferente nem estranho ao problema da dignidade e dos direitos da pessoa humana, nem às necessidades dos mais fracos, dos mais necessitados e das vítimas da injustiça. Em todos os momentos Ele revelou uma solidariedade real com os mais pobres e miseráveis; lutou contra a injustiça, a hipocrisia, os abusos do poder, a avidez de ganho dos ricos, indiferentes aos sofrimentos dos pobres, apelando fortemente para a prestação de contas final, quando voltará na glória para julgar os vivos e os mortos.

Dom Paulo Evaristo Arns

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