A Árvore da Vida, uma Sombra no Deserto

O livro de Apocalipse começa com uma sequência de pequenas cartas destinadas a sete igrejas na Ásia Menor (atual Turquia), que existiam na época do apóstolo João, o escritor do livro. Uma delas é a carta para a igreja de Éfeso.

Na carta, o apóstolo João relata um recado de Jesus Cristo à igreja de Éfeso, e podemos ver que Cristo faz uma promessa – dará de comer da árvore da vida a quem perseverar, vencer, manter-se fiel.

1 Escreve ao anjo da igreja de Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro:
2 Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos.
3 E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste.
4 Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.
5 Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.
6 Tens, porém, isto: que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.
7 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus.

Apocalipse 2: 1-7

Mas afinal, o que seria essa árvore da vida?

Em seu comentário do novo testamento, o autor escocês William Barclay faz um exame interessante do termo:

O que é a árvore da vida na Bíblia

A árvore da vida aparece na descrição do Jardim do Éden; no meio daquele Jardim estava “a árvore da vida” (Gên. 2:9). Era a árvore do qual Adão não devia comer (Gên. 2:16-17); seu fruto podia converter o homem em Deus, e por tê-lo comido Adão e Eva foram expulsos do Paraíso (Gênesis 3:22-24).

Na sabedoria dos judeus, a árvore da vida devia representar aquilo que podia dar ao homem uma vida verdadeira. A sabedoria é uma árvore de vida para os que podem lealmente apoderar-se dela (Provérbios 3:18). Os frutos dos justos são uma árvore de vida (Provérbios 11:30). A esperança que se cumpre é uma árvore de vida (Provérbios 13:12); uma língua íntegra é uma árvore de vida (Provérbios 15:4). A árvore de vida chegou a descrever qualquer coisa capaz de converter a vida humana no que deve ser.

A isto deve adicionar-se outra imagem. Na história do Jardim do Éden, primeiro Adão recebe a proibição de comer da árvore da vida e depois é expulso, e por isso perde definitivamente a possibilidade de alimentar-se de seus frutos. Era comum entre os judeus pensar que quando viesse o Messias e amanhecesse a nova era, a árvore da vida estaria no meio dos homens, e todos os que tivessem sido fiéis poderiam comer dela. 

Os rabinos estavam acostumados a descrever a árvore da vida no Paraíso: seus ramos se estendiam acima de todo o jardim; dele emanavam quinhentos mil perfumes fragrantes e suas frutas tinham outros tantos gostos, todos diferentes mas igualmente agradáveis.

A ideia era que o Messias restauraria o que Adão tinha perdido. Comer da árvore da vida significa entrar na bem-aventurança dos justos no Reino do Cristo; significa deleitar-se em todas as alegrias que correspondem aos fiéis quando Cristo vier, supremo, em seu Reino.

A árvore da vida no Bahrein

No Bahrein, um pequeno país insular do golfo Pérsico, há uma árvore da vida: trata-se de uma árvore Prosopis cineraria de 9,75 metros de altura que tem mais de 400 anos. Fica em uma colina, em uma área árida do deserto da Arábia, a 2 quilômetros de Jebel Dukhan, o ponto mais alto do Bahrein, e a 40 quilômetros de Manama, capital e maior cidade do país.

A árvore da vida no Bahrein
A árvore da vida no Bahrein

A árvore é coberta de folhas verdes. Devido à sua idade e ao fato de ser a única grande árvore que cresce na área, a árvore é uma atração turística local e é visitada por aproximadamente 65.000 pessoas todos os anos. Sua resina amarela é usada para fazer velas, aromáticos e chicletes; os grãos são processados ​​em farinha, geleia e vinho.

Bahrein tem pouca ou nenhuma chuva ao longo do ano. Em uma região tão árida e sem nenhum manancial de água por perto, não se sabe como a árvore sobrevive. Suas raízes têm 50 metros de profundidade, o que pode ser suficiente para atingir a água no subsolo. Outros dizem que a árvore aprendeu a extrair umidade dos grãos de areia. Alguns afirmam que a árvore está no que já foi o Jardim do Éden e, portanto, tem uma fonte de água “sobrenatural”.

Em outubro de 2010, arqueólogos desenterraram cerâmica de 500 anos e outros artefatos nas proximidades da árvore. Uma análise de solo e dendrocronologia realizada na década de 1990 concluiu que a árvore era uma acácia plantada em 1582.

Sombra no Deserto

Um texto de Eli Moreira

Há quatrocentos anos, ela vive no mesmo lugar. No seu entorno só existe areia. Ninguém pôde explicar, ao certo, como aquela árvore conseguiu sobreviver no deserto do Bahrein. O que os biólogos sabem é que por ser da família prosópis que é nativa da Ásia, ela possui raízes profundas que chegam a ter cinquenta metros de profundidade, sendo assim, capazes de sobreviver em lugares extremamente áridos.

A Bíblia compara o homem que se alimenta da Palavra de Deus como alguém que tem raízes que o conduzem até a corrente das águas. Jesus afirmou que Ele é a água viva. Convidou a todos que tem sede que venham até Ele e bebam. A partir deste momento suas vidas se tornarão num rio de águas vivas – águas que fluem do interior, de um relacionamento profundo com Deus, uma relação que liga o coração daquele que busca as palavras que vem de Deus, com Aquele que sustenta a sua vida.

Quem vive desta forma, não ignora o deserto, mas, compreende que o deserto não é o destino final. O deserto é cruel, implacável para quem não descobriu que um rio de águas vivas está presente nos piores lugares. Um rio que as pessoas não conseguem enxergar. Mas, que, pode matar a sede de qualquer que buscar refrigério nestas águas. Águas que são o próprio Deus que se torna salvador de todos àqueles que o invocarem.

Esta árvore que se encontra no deserto do Bahrein tem sido chamada de árvore da vida. Ela desafia e vence a morte a centenas de anos. Ela contrasta com o deserto. Nenhuma vida parecida com ela, pode ser encontrada naquela região. Sua longevidade parece não ter fim. Sua vida se opõe à morte que espreita a qualquer pessoa que se adentrar o deserto. Assim, também, o homem que busca refugio em Deus se torna uma árvore frutífera que se opõe a morte, que pode ser encontrada nos desertos dos homens.

Ele é como árvore
plantada junto a corrente de águas,
que, no devido tempo, dá o seu fruto,
e cuja folhagem não murcha;
e tudo quanto ele faz será bem sucedido


Salmo 1.3
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Sombra no Deserto – Eli Moreira

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Eli Moreira
Eli Moreira é pastor e escritor. Fundou o Redenção para comunicar a mensagem da paz de Jesus à diversidade cultural de nosso País. Todos são convidados para irem aos nossos encontros às 20h30 na Rua Augusta 2283 - São Paulo, SP.