Crente, Cristão, Protestante, Evangélico e Gospel: entenda a diferença dos termos

Há muitas opções para chamarmos aquelas pessoas que aceitaram em suas vidas Jesus Cristo, o Filho de Deus, como o Salvador. Se você frequenta uma igreja mais tradicional, logo é chamado de crente. Mas muitas vezes podem usar o termo ‘Evangélico‘ na tentativa de ofensa. A sociedade dá várias nominações para os que foram salvos por Jesus, mas é importante saber a diferença entre esses termos. Eles não são livres em si mesmos, mas têm uma carga de valores e estereótipos, que muitas vezes estão errados ou mal compreendidos. Claramente, nos atentar ao que nos chamam não deve ser nossa maior preocupação, mas sim entender os valores que cada palavra carrega e o quanto isso tem a ver com a coerência da Palavra de Deus em nossas vidas.

Crente

O termo ‘crente‘ é usado muitas vezes em tom de ofensa. Isso denuncia o contexto da aversão que as pessoas têm criado pelas pessoas que deveriam estar amando como Jesus amou (João 13:34-35). Mas não apenas isso, o dicionário diz que ‘crente’ é simplesmente aquele que crê.

Na carta de Tiago, um dos livros-carta do Novo Testamento, o autor discute a necessidade das obras como expressão da Fé. Ou seja, apesar de sermos salvos apenas pela Fé em Jesus como Aquele que nos salva, as obras de uma vida transformada por Ele são consequência de uma vida ativa e parecida com Cristo (Tiago 2:14-26).

Você crê que Deus é um só? Faz muito bem! Até os demônios creem e tremem.

Tiago 2:19

Assim, a Palavra de Deus mostra que o simples ato de ‘crer’ até os que não respeitam a Deus, fazem. Então simplesmente ser ‘crente’ não é um termo bom para aqueles que constantemente são transformados por Deus. Entendendo que a grande diferença que se tem entre um simples ‘crente’ e os que de fato confessam Jesus como seu Salvador é o temor e o amor pelo Senhor, é de se pensar se nossa vida tem sido em temor e obediência ou simplesmente crendo que Deus existe. Afinal, isso até os inimigos de Deus fazem.

Cristão

A Bíblia nos fala, no livro de Atos, que narra os feitos dos apóstolos ensinavam sobre Jesus, que o termo ‘Cristão‘ foi uma forma que as pessoas identificavam os discípulos logo depois que Ele ressuscitou e subiu aos Céus.

Em Antioquia, os discípulos foram, pela primeira vez, chamados de Cristãos.

Atos 11:26

O significado da palavra que hoje muitas pessoas usam para falar que não apenas creem em Deus, mas confessam que Jesus Cristo é o Senhor de suas vidas e Salvador de seus corações transgressores. Mas a raiz dessa famosa denominação significa ‘Pequeno Cristo’. As pessoas identificavam os discípulos que andavam com Jesus dessa forma, porque apesar de não serem o próprio Filho de Deus, dedicavam suas vidas a se parecer com Ele. Isso significa que eles procuravam amar como Jesus amou, entregar suas vidas para servir aos outros, serem humildes, não julgar os outros e acima de tudo, temer e amar o Nome de Deus.

Por nenhuma outra razão a não ser a extrema obediência dos mandamentos de Jesus (amar o Senhor de todo o coração, alma, entendimento e força e amar o próximo como a si mesmo – Marcos 12:30-31), os discípulos eram chamados de Cristãos. E uma diferença importante nisso é que eles eram denominados, assim, as pessoas ao seu redor reconheciam que estes pareciam com o Homem que chamava Jesus e havia caminhado por aqueles arredores há pouco tempo. Este termo também nos deixa um questionamento: será que as pessoas que observam nossas vidas, nos chamariam de cristãos, porque nos vivemos como Jesus viveu?

Uma dica muito prática para se parecer com Jesus é estar com Ele. Quando convivemos muito com uma pessoa começamos a saber do que ela gosta ou não, ou até mesmo temos em nós alguns de seus trejeitos. Relacionamento a partir de oração e leitura da Bíblia é a única forma de nosso caráter ser mais parecido com o de Cristo. Além disso, uma simples pergunta pode guiar nossas decisões para serem mais parecidas com as dEle: Será que Jesus faria isso?

Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados - Efésios 5:1
Crédito: Unsplash
Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados – Efésios 5:1
Crédito: Unsplash

Protestante

A Reforma Protestante foi um movimento que aconteceu durante a Idade Média e contribui de forma grande para seu declínio. Em um contexto em que a Igreja Católica dominava o poder, soberania e educação da época, mas não fazia isso da forma que alguns cristãos da época acreditavam ser a melhor forma, a Reforma Protestante foi proposta. Apesar de ter sido um movimento gradual ao longo de diversos anos, a data decisiva da Reforma foi no dia 31 de outubro de 1517, quando Martinho Lutero, uma das principais figuras do movimento, pregou suas 95 Teses, que de forma geral, questionavam a forma que a Igreja e os fiéis vinham vivendo sua Fé.

As 95 Teses de Martinho Lutero foram publicadas na Paróquia de Wittenberg, na Alemanha
Crédito: Folha Gospel
As 95 Teses de Martinho Lutero foram publicadas na Paróquia de Wittenberg, na Alemanha
Crédito: Folha Gospel

As 5 solas (em português, significa somente) mostram exatamente os pontos o que os reformadores propunham para a mudança e quebra do Catolicismo como vinha sendo feito.

  • Sola Scriptura = Somente a Escritura 
  • Solus Christus = Somente Cristo
  • Sola Gratia = Só a Graça
  • Sola Fide = Só a Fé
  • Soli Deo Gloria = Somente a Deus a Glória

A Reforma queria garantir que cada fiel pudesse ler a Bíblia por conta própria, em sua língua. Essa crença fez com que houvesse um grande movimento a favor da alfabetização, tradução e impressão de Bíblias, que foi o primeiro livro impresso no mundo, pela prensa de Gutenberg. Assim, a Reforma Protestante não foi só um movimento religioso, mas que englobou outras áreas da sociedade como a educação e consequentemente afetou a soberania que a Igreja tinha e contribuiu para o fim da Idade Média.

Assim, o termo ‘protestante‘ é usado para aqueles que se identificam com o que foi mudado neste grande marco histórico que foi a Reforma. Uma denominação parecida é a ‘reformado’, que são os cristãos que aderem às pautas de mudanças que a Reforma Protestante propôs. São os que não se identificam mais com as tradições católicas, mas vivem essa recuperação do Cristianismo Bíblico. Após o fim da Reforma, países como Portugal, Espanha e França mantiveram-se Católicos, mas países como Alemanha e Suíça são os mais populares por terem aderido ao protestantismo.

Outra grande figura da Reforma Protestante foi João Calvino. Apesar de sua participação no movimento anos depois de seu início, ele não desejava criar outra igreja, mas recuperar alguns conceitos perdidos. A partir de seu protagonismo, muitas pessoas hoje se declaram como cristãs reformadas calvinistas, isso significa que na visão delas toda o controle, glória e soberania estão centrados em Deus. Também é por graças a Ele a salvação feita na Cruz por Jesus Cristo e a Graça Irresistível que Deus oferece a uma pessoa.

Evangélico

Evangélico‘ é outro termo que vem sendo mal empregado. De forma geral, é possível dizer que esta diferenciação foi dada para separar os cristãos católicos dos cristãos não católicos, ou evangélicos, ou protestantes.

Depois da Reforma Protestante, que iniciou no ano de 1517 com as 95 Teses de Lutero para que a Igreja da época passasse por uma reforma, o cristianismo viveu essa divisão entre os que foram adeptos às mudanças propostas e defendidas por Lutero e Calvino, grandes personalidade da Reforma Protestante, e os que não eram favoráveis às mudanças, no caso, os Católicos que logo depois propuseram um movimento de Contra Reforma.

Nesse contexto da separação da Igreja, alguns países se mantiveram católicos e alguns aderiram ao protestantismo. No caso, o Brasil é o país em que mais pessoas de declaram cristãs católicas, mais de 60% segundo os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Apesar do uso pejorativo que o termo ‘Evangélico’ tem, a conclusão é que cristãos evangélicos e cristãos protestantes não se diferenciam. Na verdade, se formos pensar na origem da palavra, todos os cristãos são evangélicos pelo simples fato que de ‘evangélico’ se refere à pessoa que crê e vive pela mensagem do Evangelho: de que Deus amou o mundo de tal forma que enviou Seu Único Filho para que todo aquele que nEle crê, não morra, mas tenha a Vida Eterna. (João 3:16). Assim, se nos consideramos viventes do Evangelho, que é a Boa Notícia do Amor de Jesus Cristo, outro questionamento nos é dado: Será que nossa vida anuncia essa Boa Notícia do Evangelho, como diz aquele termo que nos chamam?

Gospel

Apesar do termo ‘Gospel‘ ser altamente ligado às músicas cristãs, é uma palavra inglesa que tem como significado ‘Evangelho’. Derivado de ‘God Spell’, ou seja, quando Deus fala ou profere algo, assim a ‘Palavra de Deus’.

Aqui no Brasil, o termo é muito usado para caracterizar músicas, objetos e produções do meio cristão. O que é coerente com a forma que ‘Gospel’ surgiu. Era um estilo musical, exclusivo das comunidades negras nos Estados Unidos. Era tocada e cantada nos cultos e tinha um ritmo folclórico e misturado com blues. Hoje, a música Gospel abrange todos os países e pessoas, não mais apenas os negros norte-americanos. A música procura ser uma forma de adorar a Deus com as canções e tem tanta influência no mundo hoje em dia que possui uma categoria específica para premiações no Grammy, reconhecida premiação da industrial musical norte-americana. As categorias são Melhor Performance Gospel Contemporânea, Melhor Canção Gospel, Melhor Canção Cristã Contemporânea, Melhor Álbum Gospel e Melhor Álbum de Música Cristã Contemporânea.

Sunday Service Choir é um grupo gospel norte-americano liderado pelo rapper Kanye West
Crédito: Portal RapMais
Sunday Service Choir é um grupo gospel norte-americano liderado pelo rapper Kanye West
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