O psiquiatra Augusto Cury afirma que o Sermão do Monte contém um verdadeiro código da felicidade. Esse famoso discurso de Jesus traz diversos ensinamentos para a manutenção da integridade espiritual e reavivamento dos cristãos. Veja quais são as grandes interpretações do autor registradas em seu livro O Homem mais feliz da História.
O Sermão da Montanha
Esse discurso é um dos mais famosos proferidos por Jesus Cristo. Pode ser encontrado em Mateus 5-7 onde são proferidos diversos ensinamentos de conduta e comportamento. Jesus realiza uma nova interpretação da Lei e dos Profetas, fornecendo verdades simples para seus seguidores.
Ao longo de suas palavras, Jesus enuncia uma série de condições que são necessárias para herdar o Reino de Deus. Ele considerava que o Reino já havia chegado em sua época, pois estava manifesto dentro e no meio das pessoas. Através do cumprimento de seus ensinamentos, os cristãos serão transformados pelo próprio Reino e, no final dos tempos, alcançarão a salvação.
Resumidamente, o Sermão do Monte pede que os fiéis de Deus sejam diferentes dos demais. Tanto dos romanos, quanto dos religiosos hipócritas. Ele ressalta a importância da justiça, humildade, piedade, compaixão, misericórdia. Como Moisés havia recebido as tábuas dos Dez Mandamentos, agora o próprio Cristo anuncia uma nova aliança por meio de um modelo de integridade totalmente novo e alicerçado nos princípios da fé e esperança.
O Homem mais feliz da História
Nesse livro, o doutor Augusto Cury continua sua história sobre a mente fascinante de Jesus. Após analisar a inteligência de Cristo em uma série de debates, no primeiro livro, o protagonista Marco Polo se lança em outra jornada. Agora ele pretende desvendar os códigos da felicidade presentes em um dos discursos mais famosos da história.
Marco Polo revela que as palavras de Cristo não são apenas um código de conduta, mas um conjunto de regras de ouro para o desenvolvimento de uma mente livre e de uma felicidade inteligente e sustentável. Ele expõe que Jesus foi o Mestre dos mestres da emoção, pois foi capaz de resolver conflitos, filtrar estímulos estressantes, gerir a própria inteligência. Além de controlar os cárceres mentais que afligem a humanidade, como o medo, a insegurança, e o passado.
Um Mestre que conclamava a sociedade a dar o melhor de si aos que pouco tinham, que aplaudia anônimos mais do que poderosos, que denunciava as injustiças sociais, que declarava a hipocrisia humana por trás da aparente ética, que corria risco de vida para proteger e exaltar os que viviam à margem da sociedade.
O Homem mais feliz da História
Códigos da felicidade
1 – Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Mateus 5:3
Essa primeira sentença expressa o valor da humildade. Pobres são os pequeninos, despojados, oprimidos, os humildes. A pobreza sugere a mesma ideia que a infância espiritual, absolutamente necessária para entrar no Reino. Aqui, Cristo está se identificando com os pequenos, com os infelizes e apartados da sociedade. O espírito tem o mesmo sentido que orgulho, representa o ego humano. “Felizes os que esvaziam seu ego”. Para esvaziar o ego é preciso duvidar constantemente de nossas crenças, ou melhor de nossos preconceitos sobre tudo. É preciso romper com o egocentrismo e saber que prazer efêmero não é felicidade.
Ele treinava seus alunos para desinflarem o ego, desocuparem a mente dos preconceitos e desobstruírem o próprio intelecto das falsas crenças, das verdades absolutas, da arrogância, e da autossuficiência.
O Homem mais feliz da História.
2 – Bem aventurados os que choram porque serão consolados. Mateus 5:4
Essa sentença significa “felizes os que estão tristes por causa do luto”. Segundo Augusto Cury, deve ser interpretado da seguinte forma: “felizes os empáticos, porque serão confortados”. Chorar para ser feliz? É aparentemente um paradoxo. Mas Jesus discursava sobre um choro saudável, altruísta, solidário. Ele se referia à empatia, a capacidade de se importar com a humanidade, de levar em conta os sentimentos e as necessidades dos outros. Portanto, para ser feliz é preciso se importar com o próximo, chorar por conta de suas conquistas e suas próprias felicidades.
Só é empático quem é capaz de chorar ou se emocionar pelos filhos, alunos, parceiro ou parceira. Só é empático quem rompe com o presídio do egocentrismo e enxerga o invisível. Você se emociona com a dor do outro?
O Homem mais feliz da História.
3 – Bem aventurados os mansos porque herdarão a terra. Mateus 5:5
Os mansos são pessoas calmas, humildes, sensatas. Elas terão parte no Reino de Deus. A mansidão é um dos atributos básicos de um cristão, retrata sua devoção ao exemplo de Cristo. Não pode ser confundida com inércia, ou negligência. Ser manso significa paz de espírito, tranquilidade, descanso no Senhor; não inatividade.
É preciso ter acima de tudo paciência. “Felizes os que têm paciência”. Isso significa que é preciso treinar para ser tranquilo, não sofrer por antecipação e contemplar as belezas da vida. Milhões de pessoas sofrem com ansiedade, principalmente por conta da obtenção exorbitante de dados e informações no dia-a-dia. Jesus ensinou a contemplar as pequenas coisas da vida, para que as demais sejam menos importantes. É preciso abandonar o mundo virtual e informacional por alguns instantes e dedicar o tempo livre para coisas simples. Conversar, ter encontros, ler, contemplar, refletir. São atividades que requerem nossa atenção e dedicação.
Ou você treina a esvaziar o ego, a ser empático para valorizar cada ser humano anônimo, refinar o olhar para aplaudir os pequenos lírios do campo, ou será infeliz.
O Homem mais feliz da História.
4 – Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Mateus 5:6
Ter fome e sede é uma manifestação natural do organismo, e são verdadeiramente intensas. Os que possuem fome e sede de justiça são insaciáveis enquanto viveram, pois o mundo está cheio de injustiça. Os cristãos devem ser inconformados o tempo inteiro com a corrupção, com a violência, com a fome, com o terrorismo e o autoritarismo. É importante se dar conta que vivemos em um mundo anormal para Deus. Ele não se contenta com nossas formas de viver, hierárquicas e desiguais. Ele quer o nosso esforço e nossa luta.
Não faltam injustiças. Violência na infância, contra as mulheres, contra pretos e pobres. Desigualdade de oportunidades, desemprego, caos na saúde pública, desmatamento, devastação ambiental. Os que querem ser feliz devem pensar como humanidade, lutar pelos direitos humanos, defender as minorias, abraçar todos os que necessitam de ajuda. É preciso querer uma sociedade mais justa, solidária e igualitária. Por último, é preciso dizer a verdade, porque a mentira é a porta da injustiça. Quem quer ser feliz precisa ser inconformado diante da existência social humana.
O Mestre da emoção treinava seus alunos radicais a não descriminarem, a esvaziarem o próprio ego, a terem empatia, a terem sede e fome de justiça e serem tranquilizadores das mentes dos outros. Eles o viam transformar prostitutas em rainhas e leprosos em príncipes.
O Homem mais feliz da História.
5 – Bem aventurados os misericordiosos porque encontrarão misericórdia. Mateus 5:7
Todo o sacrifício de Cristo está baseado no amor e na misericórdia. Deus perdoou a todos. Mas ter misericórdia não é apenas perdoar, é ter compaixão também. A consciência humana é naturalmente individualista, por isso temos que lutar constantemente para sermos inclusivos e se aproximar das pessoas. Precisamos de nossas relações uns com os outros, e quanto mais somos sociáveis, mais compaixão desenvolvemos. Empatia é se colocar no lugar do próximo, compaixão é sentir suas dores e fazer algo para ajudar. Assim, é preciso compreender e se oferecer. Igualmente temos de ser tolerantes, e lutar contra nosso autoritarismo de querer sempre estar certo e mandar nos outros.
Todos os dias seus alunos deveriam se esvaziar de si mesmos, ser inconformados, ser regados a paciência, ter fome e sede de justiça, ser repletos de tolerância e compaixão.
O Homem mais feliz da História.
6 – Bem aventurados os puros no coração, porque verão a Deus. Mateus 5:8
Augusto Cury apresenta que ser puro é ser transparente. Quem não é transparente se perde dentro de si próprio, em suas mentiras, vaidades, medos e inseguranças. A transparência significa verdade, integridade, honestidade. Jesus pediu que fôssemos como Ele, que seguíssemos seus exemplos, cumprindo suas orientações e mandamentos. Ser transparente é também lutar pela verdade coletiva, buscar saber quais são as verdadeiras intenções das pessoas. Não se conformar com o obscurantismo e a ocultação dos fatos. Portanto, se expressar gentilmente é a melhor forma de ser puro e transparente. Conversar, expor suas ideias, planos e objetivos. Aceitar conselhos, pedir orientações.
Felicidade é um treinamento, não um dom de uma casta. Podemos educar nossa emoção para sermos felizes, relaxados e criativos.
O Homem mais feliz da História.
7 – Bem aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Mateus 5:9
Deus se alegra com as pessoas que semeiam e cultivam a paz. A harmônia deve partir do nosso próprio interior. Precisamos estar em paz com nós mesmos. Isso é essencial para que possamos disseminar a paz. Nesse sentido, não podemos nos esquecer que os atributos principais do Reino de Deus são a paz e a justiça. Por isso, os cristãos devem se policiar o tempo inteiro para pregar ambos. Paz não é omissão, nem fechar os olhos. Fomos advertidos de que temos o dever de alertar as pessoas segundo o amor e a misericórdia de Deus. Dessa forma, é necessário saber respeitar, pois não cabe a nós impor nada.
Deus dotou o ser humano de capacidade de escolha para tomar suas decisões e se tornar autor da própria história e senhor do próprio destino. Se ele intervier, torna o ser humano um servo, um escravo, controlado por sua vontade. Nesse caso, teria bajuladores, não amigos, serviçais, não filhos.
O Homem mais feliz da História.
