Qual foi o primeiro livro do mundo?

Todo mundo lê. Livros para a escola, clássicos da literatura, os poéticos, os juvenis, os best-sellers, os de estudo ou até mesmo as histórias em quadrinhos. Pode ser que nem todos tenham o hábito da leitura, mas ao longo da vida é impossível não se deparar com um livro: aí que a aventura começa. Às vezes, quando estamos muito acostumados aos objetos do cotidiano, não paramos para questionar suas origens. Afinal, quem vai parar a sua leitura para fazer a pergunta de qual foi o primeiro livro do mundo?

O livro como conhecemos hoje nem sempre existiu, teve que ser inventado. O conteúdo físico que trocamos pelas versões em PDF e leituras virtuais um dia foi criado, e depois sofreu diversas alterações. Para pensar nas origens do que compõe as diversas prateleiras e bibliotecas, é necessário que voltemos muitos anos na história, aproximadamente em 3.000 a.C. em um lugar chamado Mesopotâmia. 

Em uma terra bem distante, na origem das letras…

A famosa “terra entre rios” foi pioneira em muitas áreas, inclusive no ato de escrever. O método cuneiforme, tipo de escrita mais antigo que se conhece, surgiu com o povo que lá habitava. Antes de registrar acontecimentos desta forma, os povos pré-históricos faziam suas “anotações” com desenhos sem padronização, que conhecemos por pinturas rupestres. A escrita cuneiforme leva este nome devido à utilização de um objeto chamado cunha, em pedaços de argila, cerâmica ou até mesmo pedras. Pela necessidade da padronização da escrita para melhor entendimento e comunicação, os diversos povos que utilizavam deste sistema usavam cerca de 2000 símbolos, escritos da direita para a esquerda.

Antes da padronização dos 2000 símbolos da escrita cuneiforme, os registros eram feitos apenas pelas pinturas rupestres
Fonte: Portal R7

Mas até chegarmos no alfabeto com as poucas 26 letras comparadas aos 2000 símbolos dos mesopotâmicos houve muito avanço na técnica da escrita. Os povos egípcios deram um upgrade no método cuneiforme e criaram a escrita hieroglífica, hierática e demótica. Enquanto as duas últimas eram usadas em assuntos e documentos jurídicos, a primeira adquiriu certos sons em seus símbolos, o que vai nos aproximando cada vez mais do nosso A,B e C.

Agora vamos andar rumo ao oriente. O mandarim é uma das línguas mais faladas do mundo atualmente, mas também é considerada uma das mais difíceis de se aprender, ainda mais por habitantes do ocidente que têm um sistema de escrita completamente diferente. O idioma falado na China deriva da escrita chinesa, que é uma das mais antigas do mundo.

A escrita Chinesa é completamente diferente das técnicas ocidentais, acredita-se que surgiu há cerca de 4000 anos
Fonte: Site SuperInteressante

Mas foi nos moldes da escrita cuneiforme que surgiu a Epopeia de Gilgámesh, o primeiro “livro” do mundo. Imagina carregar um livro feito em pedra por aí? Ele era baseado em poemas sobre um rei da Mesopotâmia, o que não é estranho, já que a escrita saiu de lá, e o livro também. A história é formada por epopeias reunidas em um único livro por uma figura chamada Sin-léqi-unninni. Ela conta as aventuras interessantes do rei Gilgámesh, de Úruk. Segundo os registros, essa personagem lutou pela vida eterna, procurou a imortalidade, desafiou deuses e o final não foi o que ela mais desejava (sem spoilers). 

Mas, apesar de tantos fatores impressionantes sobre o primeiro livro do mundo, ele tem uma característica específica que chama a atenção. A história de Gilgámesh está muito relacionada à história do primeiro livro impresso do mundo e, até hoje, o mais vendido: a Bíblia Sagrada. 

Utnapishtim e Noé: uma curiosa semelhança 

Durante a aventura do rei mesopotâmico em busca da imortalidade, ele encontra uma figura chamada Utnapishtim, que apesar do nome desconhecido e de difícil pronúncia, tem um precedente muito parecido com o de Noé, registrado na Bíblia. Utnapishtim enfrentou grandes chuvas e levou consigo espécies de plantas e animais para que, quando a terra estivesse seca, pudesse prosseguir com a vida no planeta. 

Registros das epopeias em cerâmica. Fonte: BBC

Já Noé foi um homem da confiança de Deus, que construiu uma arca para abrigar sua família e os animais durante as grandes chuvas, chamadas de dilúvio, que assolaram a terra cheia de maldade. Essa história é narrada no capítulo 6, 7 e 8 de Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, que narra a criação do mundo por Deus e os primeiros acontecimentos do Seu povo.

O primeiro livro do mundo diferencia-se do primeiro livro que foi impresso. A chamada Bíblia de Gutenberg foi a primeira obra impressa em uma tecnologia que revolucionou a forma em que as pessoas recebiam informação. Calcula-se que a impressão tenha começado em 1450, quando a invenção tecnológica chamada prensa de Gutenberg surgiu, e terminado cinco anos depois, em 1455.  

Prensa de Gutenberg, a novidade que revolucionou

Agora não mais em pedaços de materiais resistentes ou pergaminhos, mas em papel: os livros podiam ser impressos. No século XV, especificamente no ano de 1450, um alemão chamado Johannes Gutenberg inventou um objeto que revolucionou o mundo ocidental, a prensa gráfica, chamada de prensa de Gutenberg. 

Antes da invenção de Gutenberg, os livros ou registros precisavam ser copiados em pergaminhos à mão por escribas e monges copistas, ou seja, era um trabalho que levava diversos anos para ser concluído. A criação da prensa possibilitou um maior fluxo de conhecimento, já que naquela época as pessoas não tinham acesso aos livros, às bibliotecas ou às outras informações. Ainda assim, a mudança foi gradual, atingindo primeiro os mais ricos e privilegiados, detentores de livros e alfabetizados, além dos profissionais da área de conhecimento e escrita, que dedicavam muito tempo para copiar uma obra inteira.

Não é à toa que se diz que a falta de bagagem teórica prejudica a vida de um cidadão. Pela detenção do conhecimento na mão de poucos, a exploração, o abuso de autoridade e a concentração do poder eram práticas muito facilitadas. É por esse motivo que a prensa de Gutenberg foi uma invenção marcante, não só para a indústria de tiragem de livros e para leitura ser uma prática mais difundida, mas por permitir a padronização e a preservação dos conteúdos, que com a impressão em papel podiam ser obtidos de forma mais prática, deixando de lado as extensas cópias em pergaminhos. É justamente pela sua criação que se marca na história a passagem da Idade Média para a Idade Moderna. 

Aos poucos, a tecnologia permitiu a reprodução em massa do conhecimento, o que proporcionou a alteração do poder, que antes ficava na mão de apenas alguns, inclusive da Igreja Católica. Foi também durante essa época que ocorreu a mudança do funcionamento tradicional da Igreja por meio da Reforma Protestante. Esse movimento só aconteceu do jeito que conhecemos devido à prensa de Gutenberg. 

Exemplar da Bíblia de Gutenberg

Bíblia: o primeiro livro impresso e o mais vendido

Lutero foi uma das figuras mais importantes dessa Reforma, com suas 95 teses, além de Calvino, outra figura emblemática. Eles acreditavam que os fiéis deveriam ter direito de ler sozinhos a Bíblia, em sua própria língua, e isso levou à expansão da alfabetização e à tradução da Bíblia Sagrada. O que possibilitou que cada pessoa, individualmente, pudesse conhecer a palavra de Deus, espalhando o Evangelho de Jesus Cristo.  

A Bíblia Sagrada, composta por 39 livros do Antigo Testamento (antes da vinda de Jesus) e 27 livros do Novo Testamento (depois da vinda de Jesus), pode ser considerada o maior best-seller de todos os tempos. Desde quando a prensa deu início à impressão do seu primeiro livro, a Bíblia de Gutenberg, esta obra não para de ser vendida ao redor do mundo. Estima-se que mais de cinco bilhões de cópias da Palavra de Deus já foram vendidas.

Disponível em diversas linguagens, traduções e versões, a Bíblia Sagrada reúne as o amor e as revelações de Deus para Seu povo, sendo Jesus Cristo, o maior exemplo disso. Atualmente podemos escolher ler a Bíblia não só no livro impresso, mas com uma revolução em cima de outra revolução, podemos acessar além de seu conteúdo, estudos bíblicos e muito mais em aplicativos. Veja aqui quais são os três melhores aplicativos para ler a Bíblia no celular

As Bíblias que a prensa de Gutenberg imprimiu foram vendidas mesmo antes de suas impressões terem sido finalizadas. Acredita-se que foram quase 200 cópias, atualmente guardadas e expostas nos Estados Unidos, em Londres e em Paris. 

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Hoje as Bíblias são encontradas no formato físico e no digital

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