O Sinédrio foi um tribunal supremo na antiga Judeia que desempenhou um papel significativo na vida política e religiosa dos judeus na época. Esse tribunal é mencionado várias vezes no Novo Testamento, particularmente nos evangelhos, e sua história e legado continuam a ser estudados e discutidos por estudiosos e teólogos até hoje.
Origem e Composição do Sinédrio
O termo “Sinédrio” vem do grego “synedrion”, que significa “assembleia” ou “conselho”. O Sinédrio era composto por setenta membros, incluindo sacerdotes, escribas e anciãos, que eram responsáveis por julgar questões importantes da lei judaica.
A origem do Sinédrio é incerta, mas é possível que tenha sido estabelecido durante a época dos macabeus, no século II a.C. Em seu livro “Antiguidades Judaicas”, o historiador judeu Flávio Josefo relata que o Sinédrio foi estabelecido por volta do ano 300 a.C. pelo sumo sacerdote Simon II.
Sede e Autoridade do Sinédrio
O Sinédrio tinha sua sede em Jerusalém, especificamente no Templo de Jerusalém, onde realizava suas sessões. Era presidido pelo sumo sacerdote, que tinha autoridade sobre o tribunal.
O Sinédrio era considerado o tribunal mais alto da Judeia, embora ainda estivesse subordinado à autoridade romana na época. O Sinédrio não tinha autoridade para emitir sentenças de morte, mas poderia julgar casos de blasfêmia, violações do sábado, divórcio, herança e outras questões importantes da lei judaica.
O Sinédrio também tinha autoridade para julgar assuntos relacionados à vida política da Judeia. Por exemplo, em 37 a.C., o Sinédrio depôs o sumo sacerdote, Hircano II, e nomeou Antígono como novo sumo sacerdote. Isso levou a uma guerra civil na Judeia, que acabou com a vitória de Herodes, o Grande.
O Sinédrio e o Julgamento de Jesus Cristo
No Novo Testamento, o Sinédrio é frequentemente mencionado em conexão com o julgamento de Jesus Cristo. De acordo com os evangelhos, Jesus foi levado perante o Sinédrio após sua prisão, onde foi acusado de blasfêmia e condenado à morte.
No livro de Mateus 26:57-68 da Bíblia NVI, é relatado que Jesus foi levado perante o Sinédrio:
“Os que prenderam Jesus o levaram a Caifás, o sumo sacerdote, em cuja casa se haviam reunido os mestres da lei e os líderes religiosos. E Pedro o seguiu de longe até o pátio do sumo sacerdote, entrou e sentou-se com os guardas, para ver o que aconteceria.
Os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio estavam procurando um depoimento falso contra Jesus, para que pudessem condená-lo à morte. Mas nada encontraram, embora se apresentassem muitas falsas testemunhas.
Finalmente se apresentaram duas que declararam: “Este homem disse: ‘Sou capaz de destruir o santuário de Deus e reconstruí-lo em três dias’ ”. Então o sumo sacerdote levantou-se e disse a Jesus: “Você não vai responder à acusação que estes fazem?”
Mas Jesus permaneceu em silêncio. O sumo sacerdote lhe disse: “Exijo que você jure pelo Deus vivo: se você é o Cristo, o Filho de Deus, diga-nos”. “Tu mesmo o disseste”, respondeu Jesus. “Mas eu digo a todos vós: Chegará o dia em que vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu.”
Foi quando o sumo sacerdote rasgou as próprias vestes e disse: “Blasfemou! Por que precisamos de mais testemunhas? Vocês acabaram de ouvir a blasfêmia. O que acham?” “É réu de morte!”, responderam eles.
Então alguns lhe cuspiram no rosto e lhe deram murros. Outros lhe davam tapas e diziam: “Profetize-nos, Cristo. Quem foi que bateu em você?”
O julgamento de Jesus pelo Sinédrio foi ilegal e injusto, pois foi realizado à noite, o que violou as leis judaicas, e com base em falsas acusações e testemunhos. Além disso, a condenação à morte por blasfêmia foi considerada como uma interpretação exagerada das leis judaicas, uma vez que a pena máxima era a morte por apedrejamento.
Impacto do Sinédrio na História Judaica
O Sinédrio desempenhou um papel importante na história e na cultura judaicas, não apenas durante a época do Novo Testamento, mas também nos séculos seguintes. O tribunal foi dissolvido após a destruição do Templo de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C., mas o termo “Sinédrio” continuou a ser usado para se referir a tribunais rabínicos na era medieval.
Além disso, a influência do Sinédrio pode ser vista em várias tradições e práticas judaicas modernas. Por exemplo, a liturgia judaica inclui orações que foram desenvolvidas pelo Sinédrio, como a Oração de Kaddish, que é recitada em memória dos mortos.
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