É provável que em todas as culturas através da História, desde os escribas do Egito antigo até os agentes da Receita Federal de hoje, os cobradores de impostos tenham recebido sempre uma boa dose de desprezo e escárnio. E a leitura do Novo Testamento indica que não foi diferente nos tempos de Jesus: os coletores de impostos, ou publicanos, eram desprezados pela população em geral.
Nos anos de Jesus, o Império Romano, muito próspero na conquista de outras terras e povos, terceirizava a coleta de impostos. Os responsáveis por essa ocupação foram chamados de publicani, ou publicanos. Os publicanos adiantavam dinheiro ao governo pelo direito de recolher impostos e, depois, recuperavam o investimento cobrando impostos da população – com juros, custos de coleta e uma porcentagem de lucro.
O ofício era dividido entre os chefes dos publicanos e os publicanos comuns, uma classe mais baixa de funcionários empregados na coleta de impostos para o Governo Romano. Zaqueu foi um ganancioso chefe dos publicanos, e Mateus, autor do Evangelho de Mateus e um dos doze discípulos de Jesus, foi um publicano comum.
Por que os publicanos eram odiados?
Os judeus desprezavam os publicanos. Os fariseus – um dos três principais grupos entre os judeus da época de Jesus, ao lado dos saduceus e dos essênios – deixaram claro seu desdém pelos cobradores de impostos já nos seus primeiros confrontos com Jesus:
Durante uma refeição na casa de Mateus, muitos publicanos e “pecadores” estavam comendo com Jesus e seus discípulos, pois havia muitos que o seguiam.
Quando os mestres da lei que eram fariseus o viram comendo com “pecadores” e publicanos, perguntaram aos discípulos de Jesus: “Por que ele come com publicanos e ‘pecadores’? “
Ouvindo isso, Jesus lhes disse: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim para chamar justos, mas pecadores”.
Marcos 2:15-17
Um “pecador”, para um fariseu, era um judeu que não seguia a Lei (além das próprias regras dos fariseus). E um “publicano” era um judeu coletor de impostos para o Império Romano. Um pária!
Existem algumas razões para os judeus odiarem os publicanos.
1. Ninguém gosta de pagar dinheiro ao governo, especialmente quando o governo é um regime opressor como o Império Romano dos tempos de Jesus. Aqueles que arrecadavam os impostos para esse governo naturalmente teriam que encarar o descontentamento do povo.
2. Os publicanos da Bíblia eram judeus que trabalhavam para os romanos. Esses indivíduos eram vistos como traidores de seus próprios compatriotas. Em vez de lutar contra os romanos, os publicanos cobradores de impostos os ajudavam – e enriqueciam no processo, às custas de seus companheiros judeus.
3. Era de conhecimento geral que os publicanos, cobradores de impostos, enganavam as pessoas de quem cobravam. Eles coletavam mais do que o necessário e mantinham o extra para si como lucro. Todos sabiam que era assim que funcionava, e a classe era odiada por isso.
4. Os publicanos eram ricos e prósperos. Isso os separou ainda mais das classes mais baixas, que ficavam cada vez mais ressentidas dessa injustiça – além de darem seu dinheiro forçadamente aos romanos, ainda tinham que ‘patrocinar’ o estilo de vida luxuoso dos publicanos? Era demais. Os cobradores de impostos, marginalizados como eram da sociedade, formaram sua própria ‘casta’, separando-se ainda mais do resto da sociedade.
5. Para os judeus, os publicanos eram lembrança viva do status de povo dominado – por meio dos publicanos estavam sujeitos ao Imperador romano, já que o pagamento de imposto era visto como um reconhecimento da soberania do imperador.
Os publicanos do Império Romano tinham oportunidades aparentemente infinitas de perseguição e extorsão. Um publicano poderia cobrar todos os tipos de impostos, além de direitos sobre as importações e exportações. Havia pedágios de pontes, estradas, taxas portuárias, impostos sobre rodas, animais de carga, eixos e pedestres… Além disso, os publicanos também tinham autoridade para interceptar viajantes e exigir que eles descarregassem completamente seus animais de carga para inspeção até do menor pacote e do pergaminho mais pessoal. É claro que esses inconvenientes poderiam ser evitados… por uma taxa. Corrupção, como a gente bem conhece.
Jesus e os publicanos
Jesus ensinou que devemos amar nossos inimigos. Para enfatizar esse ponto, Ele disse:
Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa receberão? Até os publicanos fazem isso!
Mateus 5:46
A palavra ‘publicano’ aqui é significativa. Jesus estava dizendo à multidão que se nosso amor é apenas recíproco, não somos melhores do que um cobrador de impostos! A comparação deve ter tido grande impacto nos judeus que ouviam Jesus.
Dada a baixa estima que as pessoas tinham pelos cobradores de impostos, é notável que Jesus passasse tanto tempo com eles. A razão pela qual Ele estava comendo aquela refeição em Marcos 2 com “muitos cobradores de impostos” é que Ele tinha acabado de chamar Mateus, um cobrador de impostos, para ser um de Seus doze discípulos. Mateus estava dando um banquete porque queria que seu círculo de amigos conhecesse o Senhor. Muitos acreditaram em Jesus e passaram a segui-lo.
Quando os fariseus perguntaram aos discípulos “Por que ele come com publicanos e ‘pecadores’?”, Jesus respondeu à indignação deles declarando o propósito de Seu ministério: “Não são os sãos que precisam de médico, mas os enfermos. Não vim chamar justos, mas pecadores”.
Os fariseus viam os publicanos cobradores de impostos como inimigos, um tipo de gente abominável, que devia ser evitado. Jesus os via como espiritualmente doentes, homens a serem curados. E foi o que Ele fez: Jesus ofereceu aos publicanos o perdão dos pecados e a esperança de uma nova vida. Não é à toa que os publicanos gostassem de passar tempo com Jesus, e que cobradores de impostos como Mateus e Zaqueu tenham sido transformados pelo evangelho e seguido o Senhor.
Zaqueu, chefe dos publicanos, após sua confissão ao Senhor, ouviu da boca de Jesus que ele tinha sido salvo:
Mas Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: “Olha, Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais”.
Jesus lhe disse: “Hoje houve salvação nesta casa! Porque este homem também é filho de Abraão.”
Lucas 19:8,9
Jesus pagou sua parte nos impostos e ensinou que era certo fazê-lo mesmo sob o duro sistema dos romanos. Mas Jesus, embora não tolerasse a corrupção dos cobradores de impostos, jamais excluiu publicanos e pecadores de seu convívio, pelo contrário, se aproximou deles.
A mensagem de João Batista era que todos precisam se arrepender, não apenas os cobradores de impostos e outros pecadores óbvios. Os fariseus não viam sua necessidade e se recusavam a ser classificados como pecadores, no mesmo nível de reles publicanos. Para os que se julgam justos e sem falhas, acima de outros seres humanos, Jesus disse:
“Digo-lhes a verdade: Os publicanos e as prostitutas estão entrando antes de vocês no Reino de Deus. Porque João veio para lhes mostrar o caminho da justiça, e vocês não creram nele, mas os publicanos e as prostitutas creram. E, mesmo depois de verem isso, vocês não se arrependeram nem creram nele”.
Mateus 21:31,32
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Referências:
compellingtruth.org
Gostei do artigo, muito bom. Mesmo assim ainda acho precipitado dizer que Zaqueu era ladrão e estava enriquecendo de forma ilicita, baseado na pratica ou no comportamento de outros publicanos. Em nenhum momento é mencionado que era ladrão, nem ao menos que Matheus também era ladrão, visto que era também cobrador de impostos.
Na nossa cultura existe problema sério de achar que toda pessoa que enriqueci é de forma ilicita as custas do pobre ou ajudando nossos inimigos. Jesus chama isso de juízo precipitado ou temerário, visto não havia ou a bíblia não mostra provas conta Zaqueu, a não ser a pratica de outros publicanos pecadores. Devemos ressaltar que Deus viu o coração de Zaqueu e que ele também precisava de salvação, não por causa do fato de ser ladrão ou não, mas Deus viu a sua fé ao subir na arvore para querer ver o Mestre. E Deus olhou e notou que a havia uma alma com o coração aberto para receber salvação.
Ele faz o mesmo com todos outros pecadores, olhando o coração aberto para recebebr sua palavra, indenpendente do praticado pelo pecador.
Vale notar também que Deus só repreende o pecado quando o coração não esta aberto a sua palavra como fazia com os fariseus, por causa da hipocrisia deles. Quando a pessoa esta de coração aberto dificilmente Deus coloca em evidência o pecado da pessoa, como com: a mulher samaritana, a mulher pega em adultério e outros…
Mas era assim que os judeus viam os publicanos, como pecadores e traidores, pois eles trabalhavam para o império romano.
Concordo com a opinião fo João Henrique. Se nós observarmos na leitura leitura. Zaqueu se defende, por que, ele disse: se eu defraudei alguém eu restituo quatro vezes mais. Em nenhum mindnte a Bíblia diz ou esta escrito que Zaqueu era ladrão.
Ótimo texto! Aprendi muito!
O próprio Zaqueu admite a sua condição ao assumir o compromisso de dar metade dos seus bens aos pobres e restituir 4x mais àqueles que ele tivesse extorquido.
No contexto da sua condição de publicano, dar metade do seu patrimônio aos pobres não foi um ato de caridade ou benevolência, e sim de arrependimento e conversão. Uma obra da fé e da aceitação do Evangelho, que exigem ação e não somente palavras.
Com essa atitude ele reconhece que parte da sua riqueza adveio do regime opressor, que, embora “legal” (baseado na “lei” romana), não era justo!
Da mesma forma o compromisso de restituição em quádruplo. Não tivesse ele praticado extorsão, simplesmente declararia não tê-la cometido, porém, ele se propõe a fazer um exame de consciência para devolver 4x o que porventura extorquiu (além de abdicar da metade da sua riqueza).
Então, sim, o contexto mostra que Zaqueu foi um publicano como qualquer outro que, porém, por ter um coração aberto e sensível, aceitou (DECIDIU aceitar) o Senhor Jesus não apenas com palavras, mas com ações, exemplo magnífico da verdadeira conversão.
Eu não vejo motivo para esse tipo de avaliação, se Zaqueu roubou alguém ou não de qualquer for o que podemos ver é o amor de Jesus que reunia-se com essas pessoas para recuperá-los
Tbm não, até vejo em Zaqueu uma pessoa que se disponibilizou a fazer uma auto avaliação, para em caso de ter cometido algum delito restituir de forma generosa, só faz isso uma pessoa que tem a consciência limpa