Quem eram os moabitas?

Os moabitas são um fascinante povo antigo que deixou um legado marcante na história. Descendentes de Moabe, um dos filhos de Lot, sobrinho de Abraão, eles emergiram como uma tribo influente na região do Oriente Médio. Através de uma análise detalhada de textos bíblicos e descobertas arqueológicas, podemos desvendar a rica história, sociedade e cultura dos moabitas.

Acredita-se que os moabitas tenham se originado na área do sudeste do Mar Morto, conhecida como a região de Moabe. Essa terra, caracterizada por sua paisagem árida e desafiadora, moldou a identidade e estilo de vida do povo moabita. Rodeados por desertos hostis e afluentes do Rio Jordão, eles desenvolveram habilidades excepcionais para lidar com as adversidades impostas pelo ambiente.

Quem eram os moabitas?
Marcantonio Franceschini (1648–1729) – Lot and His Daughters

De acordo com a narrativa bíblica, a origem dos moabitas está ligada a um episódio peculiar envolvendo Lot e suas filhas. Após a destruição de Sodoma e Gomorra, Lot e suas filhas se refugiaram em uma caverna remota. Percebendo a ausência de perspectivas de casamento, as filhas de Lot tomaram uma decisão controversa: embebedaram o pai e conceberam filhos através dele. Moabe, o filho mais velho, foi o ancestral que deu nome ao povo moabita, com o termo “Moabe” significando “do pai” em hebraico.

À medida que os moabitas se estabeleciam e expandiam sua influência, entraram em contato com outras culturas e nações da região, como os israelitas e os amorreus. Eles se envolveram em conflitos territoriais, o mais notável sendo a guerra contra os amorreus, que resultou na perda de território moabita. Isso levou os moabitas a se estabelecerem na região ao sul do vale do rio Arnom, conforme registrado em Números 21:26-30.

A interação com os israelitas desempenhou um papel significativo na história moabita. Durante o período em que os israelitas vagaram pelo deserto por 40 anos, os moabitas observavam com preocupação o crescimento populacional do povo hebreu. O rei moabita Balac, temendo a expansão israelita, buscou aliança com os midianitas, cuja linhagem remontava à esposa de Moisés. Juntos, eles procuraram o profeta Balaão para amaldiçoar os israelitas, conforme descrito em Números 22:2-6. Essa conexão entre os moabitas e os eventos cruciais da narrativa israelita ilustra a complexa teia de relacionamentos e rivalidades que permeava a região.

Um dos momentos mais icônicos relacionados aos moabitas ocorreu quando os israelitas se aproximaram da Terra Prometida. Através das vastas Planícies de Moabe, Moisés subiu ao topo do Monte Pisga e vislumbrou a Terra Prometida antes de sua morte, como registrado em Deuteronômio 34:5-6. Esse momento simbólico marca a transição da liderança de Moisés para Josué e a proximidade dos moabitas com o cumprimento das promessas divinas.

Além das narrativas bíblicas, uma descoberta arqueológica notável lançou luz sobre os moabitas. Em 1868, uma inscrição foi encontrada em Dibom, datada de aproximadamente 900 a.C. Essa inscrição, conhecida como a Estela de Mesa, descreve a guerra do rei moabita Mesa contra o rei israelita Omri, como registrado em 2 Reis 3. A Estela de Mesa é considerada uma das mais antigas inscrições escritas já descobertas e fornece uma confirmação histórica impressionante da precisão de certos eventos relatados no Antigo Testamento.

A sociedade moabita era organizada em clãs e liderada por reis. A religião desempenhava um papel central em suas vidas, com a adoração de divindades locais, como Quemós, sendo comum. Eles também eram conhecidos por sua habilidade agrícola e o cultivo de vinhas nas encostas montanhosas, onde produziam vinho de qualidade. Além disso, os moabitas tinham uma tradição de artesanato habilidoso, como evidenciado por descobertas arqueológicas de cerâmica e esculturas.

O povo moabita deixou um legado duradouro através de um dos relatos mais emocionantes da Bíblia: o livro de Rute. A história de Rute, uma mulher moabita, narra sua jornada ao lado de sua sogra, Noemi, até retornar a Israel. Rute, com sua lealdade, coragem e virtude, conquistou o coração de Boaz, tornando-se uma figura fundamental na linhagem ancestral do rei Davi. A conexão entre os moabitas e a linhagem real de Israel demonstra como indivíduos de diferentes origens foram incorporados à história e ao propósito divino.

Os moabitas desapareceram como um povo distinto com o passar do tempo, assimilados por outras culturas e nações. No entanto, sua herança e legado permanecem vivos através de registros históricos, descobertas arqueológicas e influências transmitidas para futuras gerações. Os moabitas são uma peça fundamental no mosaico fascinante da história do Oriente Médio, lembrando-nos da rica diversidade e complexidade das sociedades antigas e de sua conexão com a narrativa bíblica.

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Layon Lazaro
Layon é membro do Movimento Redenção e editor do portal redencao.co.Diácono, estudante de comunicação, cinema e literatura, paulistano e pai de dois meninos sapecas.email: layon@redencao.co