Por que ler C.S. Lewis: literatura atual e útil

Para estrear a editoria ‘Por que ler?’, apresentamos C.S. Lewis, um dos escritores cristãos mais relevantes da história

Sabe quando pretendemos prestar vestibular e há algumas leituras obrigatórias para conseguirmos fazer a prova? Os livros de C.S. Lewis são praticamente uma leitura obrigatória para aqueles que querem conhecer mais sobre o Amor de Deus.

Clive Staples Lewis, comumente referido como C. S. Lewis , nascido na Irlanda em 1898 e falecido na Inglaterra em 1963, escreveu obras literárias sobre o Cristianismo durante um tempo em que a maioria de nós nem era nascida, o que prova que Deus é Único, Eterno e Imutável (Apocalipse 1:8).

Escritor, crítico, teólogo e professor

Se pensarmos na referência que Lewis é na literatura cristã e em todos seus conhecimentos, é difícil acreditar que ele nem sempre acreditou no amor de Jesus por sua vida. Apesar de ter sido criado sobre a Fé cristã, quando jovem teve que interromper seus estudos acadêmicos para lutar na 2º Guerra Mundial e viu muitas coisas ruins acontecerem, e dali afastou-se de tudo que fosse relacionado a Deus.

No entanto, sempre fora um homem interessado por assuntos intelectuais e lia livros de importantes escritores cristãos como Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino, mesmo não crendo em Deus.

C.S.Lewis se dedicou a muitas áreas e atividades intelectuais, uma delas era lecionar em universidades e ensinou literatura por muitos anos. Foi inclusive no ambiente da Universidade de Oxford que conheceu J. R. R. Tolkien, outro grande autor cristão e professor universitário.

A amizade entre Lewis e Tolkien, a forma que se conheceram e como um influenciou a vida do outro são muito interessantes. O tema rendeu o título de um livro ‘J.R.R. Tolkien e C.S. Lewis: O dom da Amizade’, escrito por Colin Duriez. Ambos professores de Oxford, Lewis tinha certa resistência em relação ao homem que viria se tornar seu grande amigo justamente pelo fato de ser cristão convicto. Apesar desse duro início logo nasceu uma grande amizade entre os dois professores e escritores de uma forma que se animavam e influenciavam em suas vidas com Deus.

Clive Staples Lewis
Crédito: Hooked to Books
Para estrear a editoria ‘Por que ler?’, apresentamos C.S. Lewis, um dos escritores cristãos mais relevantes da história – Foto: Hooked to Books

Sua proximidade com esses autores clássicos que eram cristãos e também com Tolkien fez com que Lewis tomasse uma decisão em sua vida: viver e aceitar o Amor de Cristo que tanto ouvia. Tornou-se cristão aos 31 anos de idade e a partir daí sua fé alimentou suas obras literárias. Seu primeiro livro foi o ‘Regresso do Peregrino’, publicado em 1933.

As obras de Lewis têm grande repertório filosófico e reflexivo
Crédito: Pinterest
As obras de Lewis têm grande repertório filosófico e reflexivo
Crédito: Pinterest

Ao longo de sua vida, Lewis escreveu mais de 30 livros que muito vendidos e relevantes na literatura cristã e inglesa até hoje. Mas os principais são:

  • ‘O Peso da Glória’, o livro é composto por nove sermões que fazem o leitor refletir sobre alguns conceitos do Cristianismo de forma simples e clara. Foi inspirado sobre os aprendizados que Lewis teve enquanto lutava na guerra e publicado em 1941.
  • ‘Cartas de um diabo a seu aprendiz’, publicado em 1942 em forma satírica é narrado do ponto de vista de um diabo e nos faz pensar sobre a origem das tentações que sofremos.
  • ‘A Abolição do Homem’ (1943), com um título que já chama atenção pela ousadia, Lewis dialoga com valores morais e científicos para dizer que o ser-humano pode acabar perdendo a humanidade.
  • A Última Noite do Mundo’, lançado em 1960, é um livro que discute temas que ninguém além de Lewis conseguiria discutir desta forma. Trazendo debates desde a oração até a possibilidade de existência de vida fora do planeta.
  • ‘Os quatro amores’, é uma interessante obra para quem deseja pensar de forma mais profundo sobre o motivo que levou Deus a nos criar: o Amor. Publicado em 1960, o livro explora as quatro maneiras de expressar amor: Afeição, Amizade, Eros e Caridade.
  • ‘Um Experimento em Crítica Literária’ (1961), um título coerente com seu tema, Lewis faz críticas sobre a literatura e declara que “Ao ler bons livros, tornei-me mil homens sem deixar de ser eu mesmo”.
  • ‘Cartas a Malcon’(1964), um livro em formato de cartas trocadas entre correspondentes que conversam sobre um grande privilégio da vida cristã, a oração.
  • ‘Deus no Banco dos Réus’(1970), analisa como o Cristianismo é visto de diversas formas pelo mundo. Com uma leitura um pouco mais densa, Lewis utiliza de várias fontes e textos para pensar sobre as questões teológicas e éticas.
  • ‘Sobre Histórias’ (2018), é um daqueles livros resultado de um grande desejo de saber mais sobre o brilhante homem que Lewis era. É um compilado de ensaios, artigos, resenhas crítica e tributos que mostram um outro lado da vida do autor.
  • ‘Reflexões Cristãs’, é uma obra para quem leu tudo e ficou com um gostinho de ‘quero mais’. É um texto que que aborda a carreira do grande autor e debate sobre temas como cultura, ética, literatura, música e práticas devocionais.
  • ‘Assunto do Céu’, mesmo que todas as suas obras sejam sobre ‘assuntos do Céu’, esta em específico é um complicado de trechos inspirativos dos escritos de Lewis para os 365 dias do ano.

Mas duas criações de Lewis merecem destaque pela sua narrativa envolvente e tão educativa:

Cristianismo Puro e Simples

Lançado em 1952, é um dos livros mais famosos de C.S Lewiis
Crédito: Rafael Brum Studio
Lançado em 1952, é um dos livros mais famosos de C.S Lewiis
Crédito: Rafael Brum Studio

Cristianismo Puro e Simples nasceu de uma série de palestras de rádio da BBC que Lewis deu durante a Segunda Guerra Mundial. O conteúdo básico do livro foi publicado pela primeira vez como panfletos, e mais tarde, em 1952, foi expandido em um livro. É o livro de não ficção mais popular de Lewis.

No prefácio, Lewis apresenta a ideia de “cristianismo puro e simples”, que se refere a um grupo de doutrinas cristãs essenciais “acordadas, ou comuns, ou centrais” (como a Trindade, a encarnação e a expiação) que todos os ramos da cristandade histórica (ortodoxa, católica, protestante) afirmam. Assim, o objetivo do livro é explicar e defender as crenças e valores centrais do Cristianismo comum.

Lewis apresenta a fé cristã dividindo o livro em quatro partes. A primeira parte discute a ordem moral encontrada no universo como uma pista para o significado do cosmos e como um indicador para seu Deus criador. Assim, esta primeira seção concentra-se fortemente na discussão de Lewis sobre a origem e as implicações da moralidade.

A segunda parte explora a verdade doutrinária central do Cristianismo histórico. O que torna a fé cristã diferente de todas as outras religiões é o que Lewis chama de “a alternativa chocante” – Deus encarnou na pessoa de Jesus Cristo. Lewis, portanto, explora a encarnação e suas implicações para a salvação dos seres humanos.

A parte três examina o comportamento cristão em termos de moralidade e estilo de vida cristão. Lewis cobre as virtudes cardeais e teológicas, bem como o mais mortal de todos os vícios. Ele também fornece uma discussão cristã sobre moralidade sexual e a instituição do casamento.

A quarta parte apresenta a doutrina da Trindade como o entendimento único do monoteísmo bíblico. Lewis ajuda a explicar alguns dos conceitos teológicos mais profundos conectados à natureza trina de Deus. Lewis fecha o livro explorando o que significa ser transformado por Deus tornando-se novas criaturas em Cristo Jesus.

Ao longo de sua vida, C. S. Lewis escreveu mais de 30  livros que muito vendidos e relevantes na literatura cristã e inglesa até hoje.
Ao longo de sua vida, C. S. Lewis escreveu mais de 30 livros que muito vendidos e relevantes na literatura cristã e inglesa até hoje.

Por que vale a pena ler Cristianismo Puro e Simples?

Este livro é um clássico contemporâneo e foi eleito o livro cristão mais importante do século XX. Continua sendo um best-seller mais de 60 anos depois de ter sido escrito.

Talvez o que mais impressiona neste livro é seu estilo lúcido e enfoque obstinado na essência da fé. Saber o que você acredita e por que você acredita pode ajudar todos os cristãos a cumprirem o papel que Deus lhes deu de atrair outros a seguir a Cristo.

As Crônicas de Nárnia

Fonte: Amazon
‘O mal será bem quando Aslan chegar’ – Fonte: Amazon

‘O Sobrinho do Mago’, ‘O Leão, a Feiticeira e o Guarda Roupa’, ‘O Cavalo e seu Menino’, ‘Príncipe Caspian’, ‘A Viagem do Peregrino da Alvorada’, ‘A Cadeira de Prata’ e ‘A Última Batalha são os sete livros de fantasia que formam a coleção das ‘Crônicas de Nárnia’. C.S. Lewis começou a escrever em 1950 e terminou em 1956 a série que tem como protagonistas quatro irmãos, Lúcia, Edmundo, Susana e Pedro, e claro, um grande e belo leão chamado Aslan. Apesar do grande mundo encantado de Nárnia, local onde se passa a maioria da narrativa, ser fantasioso, os livros da saga de Lewis fazem clara referência à narrativa das histórias que encontramos na Bíblia.

Os elementos da história são uma metáfora para valores cristãos que o autor quis passar em sua obra. No primeiro livro escrito, ‘O Leão, a Feiticeira e o Guarda Roupa’, Lúcia, a mais nova entre os irmãos encontra o mundo de Nárnia, criado por Aslan, o Leão que representa Deus na história.

O Leão andava de um lado para o outro na terra nua, cantando a nova canção. Era mais suave e ritmada do que a canção com a qual convocara as estrelas e o sol; uma canção doce, sussurrante. A medida que caminhava e cantava, o vale ia ficando verde de capim. O capim se espalhava desde onde estava o Leão, como uma força, e subia pelas encostas dos pequenos montes como uma onda. Todo esse tempo, prosseguiam a canção do Leão e seu majestoso caminhar, de um lado para outro, para a frente e para trás. Ouvir a canção era ouvir as coisas que ele estava criando: olhava-se em volta, e elas estavam lá. No entanto, o que a canção provocava nos seres humanos não era nada, se comparado com o que estava acontecendo ao resto daquele mundo. Você é capaz de imaginar um monte de terra relvosa a borbulhar como água na chaleira? Não pode haver melhor descrição do que estava acontecendo. Por todos os lados a terra se inchava em corcovas. E as corcovas mexiam-se e ficavam inchadas até estourarem: aí, a terra se derramava e de cada monte surgia um bicho. Pela primeira vez, o Leão ficou em total silêncio, indo e vindo entre os animais. O Leão abriu a boca, mas não produziu nenhum som: estava soprando, um sopro prolongado e cálido. Depois, vindo do céu ou do próprio Leão, surgiu um clarão feito fogo (mas que não queimou nada). A voz mais profunda e selvagem que jamais haviam escutado estava dizendo:


— Nárnia, Nárnia, desperte! Ame! Pense! Fale! Que as árvores caminhem! Que os animais falem! Que as águas sejam divinas!

LEWIS, C. S. A criação de Nárnia. In: As crônicas de Nárnia: O sobrinho do mago. Vol. 1., Cap. 9)

Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente.

Gênesis 2:7

No desenrolar da história, Lúcia convence seus irmãos a visitarem este mundo com ela. Entre novas amizades com seres mágicos e descobertas de um mundo que há pouco conheceram, Edmundo é convencido pela Feiticeira, vilã que deseja acabar com o poderio de Aslan sobre Nárnia, a ajudá-la contra o Leão. Tudo isso enquanto todos os seu irmãos conhecem este que representa Deus e decidem ficar ao Seu lado durante o conflito que está travado entre o bem e o mal.

No primeiro livro, apesar da traição de Edmundo, Aslan entrega sua vida por ele. Já conhecemos essa história e podemos até falar que Edmundo representa Judas, o discípulo que traiu Jesus Cristo. Mas não, Edmundo representa todos nós. Afinal,

Jesus entregou sua vida por nossos pecados, a fim de nos resgatar deste mundo mau, conforme Deus, nosso Pai, havia planejado

Gálatas 1:4

A forma como Lewis traz a narrativa cristã para dentro deste mundo fantasioso é diferente de todos os livros que já foram escritos. A descrição e a forma que ele utiliza das palavras ao longo da história é doce, simples e leva o leitor a criar exatamente a imagem em sua imaginação

Os três principais livros tiveram suas adaptações para filmes. Em uma cena clássica, Aslan declara para Lúcia "Em seu mundo eu tenho outro nome, devem aprender a me reconhecer nele"
Fonte: Site Teologia e Filosofia em foco
Os três principais livros tiveram suas adaptações para filmes. Em uma cena clássica, Aslan declara para Lúcia “Em seu mundo eu tenho outro nome, devem aprender a me reconhecer nele”
Fonte: Site Teologia e Filosofia em foco

Se quiser entender um pouco mais sobre qual a relação da história do livro com as histórias da Bíblia, vamos deixar este vídeo como dica!

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