O que é pecado?

O pecado é uma transgressão da lei e uma rebelião contra Deus. Pecado é qualquer ação que prejudique o relacionamento que temos com Deus e/ou com outra pessoa. É escolher agir de uma forma que nos afasta de Deus.

Deus, quando criou a humanidade, nos projetou para nos relacionarmos com Ele de uma forma harmoniosa com a Sua natureza, que é totalmente santa. Deus não tolera o pecado e, por isso, o pecado quebra a nossa conexão com Deus.

O significado de Pecado

O significado das palavras usadas para “pecado” na Bíblia revelam as diferentes maneiras com as quais o pecado pode se manifestar. Em hebraico, uma das palavras para pecado, ‘awon, significa uma iniquidade ou injustiça malévola (1 Samuel 20:1). Rasha’ significa inquietação ou algo que está fora de controle (Isaías 57:21). Chata’ é a definição mais comum. Significa errar o alvo, ou sair do caminho (Juízes 20:16). ‘Abar significa transgredir ou ir além do que é permitido (Juízes 2:20).

No Novo Testamento, o grego hamartia é semelhante ao hebraico chata’, mas vai além. Não é apenas “errar o alvo”, mas também a compulsão interna ou a natureza que induziu o erro. Da mesma forma, pode ser um poder organizado que por decisão própria se propõe a fazer com que uma pessoa ou grupo caia em pecado.

Pecado na Bíblia

A origem do pecado

O pecado entrou no mundo quando Adão comeu do fruto da árvore que Deus havia proibido. Agora somos espiritualmente pecadores por causa da “natureza pecaminosa” que herdamos de Adão. Nascemos com a natureza pecaminosa e uma tendência natural para pecar. Nascemos com uma inclinação para rejeitar a Deus. Por causa de nossa identidade como descendentes de Adão, também carregamos os pecados dele – a isso, chamamos pecado original.

Mas não somos pecadores só porque somos filhos de Adão. O pecado também é toda ação individual contrária à lei de Deus.

O que é pecado
O pecado entrou no mundo quando Adão e Eva comeram do fruto da árvore que Deus havia proibido.

O pecado no Antigo Testamento

No Antigo Testamento, não há uma palavra principal para pecado. No entanto, o pecado lá é claramente reconhecido tanto quanto a o erro de um indivíduo quanto algo que separa os seres humanos e a nação de Israel de Deus.

O próprio SENHOR é o critério para o certo e o errado. Sua aliança com o povo, seus mandamentos e Lei, sua palavra falada por servos escolhidos expressam sua vontade normativa – e tudo aquilo em desacordo com essas coisas é pecado. O pecado é um afastamento de Deus e, portanto, traz dano e punição para quem o comete.

Os capítulos de 3 a 11 do livro de Gênesis nos fornece um exemplo claro da ideia de pecado do Antigo Testamento, descrevendo de maneira magistral o comportamento independente e autossuficiente da humanidade. O pecado se espalha em uma série de novos surtos, começando com a queda de Adão no pecado em Gênesis 3 e levando ao fratricídio (4:1–8), o canto orgulhoso do homicida Lameque (4:23–24), até o ápice de mal no mundo antes do dilúvio (6:1-6) e, finalmente, à construção da torre de Babel (11:1-9). A tendência de se afastar da ordem dada por Deus e se estabelecer em sua própria posição e seguir seu próprio caminho está assentada no coração.

O Senhor viu que a perversidade do homem tinha aumentado na terra e que toda a inclinação dos pensamentos do seu coração era sempre e somente para o mal.

Gênesis 6:5

O pecado é tanto um afastamento de um relacionamento de fidelidade a Deus quanto a desobediência a seus mandamentos e lei. Em ambos os casos, o povo de Deus se isola da comunhão com ele e se afasta de Deus.

Sim, todo o povo, porque no Antigo Testamento o pecado do indivíduo não pode ser separado do pecado da nação. Muitos livros bíblicos concentram-se na história dos erros recorrentes das nações, especialmente a de Israel.

O pecado para os judeus de Israel

No pensamento judaico, o conceito de pecado era fortemente ligado ao descumprimento da lei. Para o judeu religioso, a essência do pecado era acima de tudo a transgressão das leis e mandamentos de Deus. No entendimento deles, os não judeus, por não conhecerem a lei e os mandamentos de Deus, eram todos pecadores.

Os religiosos tinham seus olhos fixos na possibilidade da impecabilidade, sendo seus exemplos Abraão, Moisés, Elias e Enoque. A completa remoção do pecado era esperada no reino messiânico.

Idolatria, falta de castidade e derramamento de sangue eram considerados pecados imperdoáveis. A possibilidade de expiação dos pecados cometidos sem intenção era encontrada no sacrifício, nos ritos de purificação, nas boas obras, no sofrimento e no martírio.

Os vários sacrifícios do Antigo Testamento foram projetados para cobrir o pecado. Mas o sacrifício definitivo seria o do próprio Filho de Deus, o sacrifício de Jesus.

O pecado no Novo Testamento

No Novo Testamento, pecado é a expressão usada para abranger tudo que se opõe a Deus.

A ideia dominante é a das faltas individuais cometidas contra a lei ou contra o próximo. O pecador é aquele que não cumpre a lei e a interpretação farisaica dela. Como resultado, o pecador é colocado no mesmo nível do publicano cobrador de impostos (Mateus 9:10; Marcos 2:15–16) e é considerado como gentio ou ímpio (Mateus 26:45; Marcos 14: 41; Lc 6:32-34). A combinação “geração adúltera e pecadora” em Mc. 8:38 implica que o pecado separa alguém de Deus; portanto, o arrependimento e o perdão são necessários.

A pregação de Jesus foi além do conceito judaico de pecado quando, como no Sermão da Montanha, ele radicalizou a lei e estabeleceu sua vinda e sua pessoa como um novo padrão que trouxe um novo estado de coisas (Mt 7 :21–23; 12:31; Mc 3:28–35; Lc 12:10). A nova situação é revelada pela mistura de Jesus com os pecadores. Jesus vem aos pecadores, não aos justos (Mateus 9:13; Marcos 2:17; Lucas 5:32). Ele declara os pobres bem-aventurados (Mt 5:2-11) e chama os sobrecarregados a Ele (11:28).

Por isso, Jesus é chamado de uma espécie de “amigo de pecadores”.

Estando Jesus em casa, foram comer com ele e seus discípulos muitos publicanos e “pecadores”.
Vendo isso, os fariseus perguntaram aos discípulos dele: “Por que o mestre de vocês come com publicanos e ‘pecadores’? “

Mateus 9:10,11

A comunhão de Jesus com os homens tidos como “‘publicanos e pecadores'” e suas observações sobre os fariseus revelam que Ele não veio salvar apenas humanos justos, supostamente sem pecado. Na verdade, com a vinda de Jesus, o critério para distinguir o justo do pecador foi alterado. No ministério de Jesus, aqueles que foram reconhecidos como justos de acordo com os padrões legais judaicos são mostrados como pecadores diante de Deus, tendo em vista a sua justiça própria, hipocrisia e rejeição ao próprio Jesus Cristo.

No Novo Testamento, todos nós, justos ou injustos, somos pecadores. O que faremos então? Jesus já fez. Jesus é aquele que salva seu povo dos pecados, pelo seu próprio sacrifício.

O sacrifício de Jesus que expia o pecado

Com seu sacrifício na cruz, Jesus substituiu a velha aliança e os rituais do Antigo Testamento por uma nova Aliança, marcada pela entrega da sua própria vida.

Como resultado de nossa incredulidade e atos injustos, todos nós caímos sob a ira de Deus. A lei produz conhecimento do pecado, mas não o domínio dele. A lei não é, portanto, invalidada, mas serve para nos levar à fé em Cristo. A justiça de Deus não pode ser alcançada pelo caminho da lei.

Lei-pecado-morte: esse é o caminho que todos nós trilhamos sem Cristo e sem fé. Adão é um exemplo disso. Por meio de seu pecado, ele criou a morte, tanto para si mesmo quanto para toda a raça humana.

É somente quando alguém chega a conhecer a Cristo que todo o poder do pecado é revelado.

Assim está escrito: “O primeiro homem, Adão, tornou-se um ser vivente”; o último Adão, espírito vivificante.

1 Coríntios 15:45

Jesus Cristo, como a contraparte de Adão, quebrou este caminho de morte. Ele tomou sobre si a maldição da lei no lugar de todos os seres humanos (Gálatas 3:10-14). Morreu levando consigo todos os nossos pecados – e o fez porque Ele mesmo não tinha pecado. Assim, estabeleceu a justiça de Deus. Por meio de sua vitória, Jesus venceu a lei, o pecado e a morte, substituindo-os pela justiça e pela vida.

Assim, temos duas vertentes no ensino do Novo Testamento sobre o pecado.

1.Todos os seres humanos estão sujeitos ao poder do pecado, mas podemos ser redimidos por meio de Jesus Cristo – a vida, morte e ressurreição de Jesus é um ato de reconciliação definitiva de Deus com a humanidade.

2. Deus chama todos para serem servos de Cristo em vez de servos do pecado, e assim andarem no Espírito, e não mais na desobediência e afastamento de Deus.

À medida que reconhecemos o sacrifício de Jesus e o temos como o nosso Senhor e Salvador, o Espírito Santo habitará em nós, e a nossa natureza pecaminosa dará espaço a uma nova natureza, a uma nova mente e coração, capazes de amar, de perdoar, de obedecer e muito mais.

E ainda assim, se por qualquer motivo cometermos atos individuais de pecado, somos capacitados a nos aproximar do trono da graça com confiança (Hebreus 4:16), sabendo que vir a Deus e confessar nossos pecados nos permitirá renovar nosso relacionamento com ele.

Assim sendo, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade.

Hebreus 4:16

Referências:
VERBRUGGE, Verlyn D. Zondervan New International Dictionary of New Testament Theology.

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Eli Moreira
Eli Moreira é pastor e escritor. Fundou o Redenção para comunicar a mensagem da paz de Jesus à diversidade cultural de nosso País. Todos são convidados para irem aos nossos encontros às 20h30 na Rua Augusta 2283 - São Paulo, SP.