Entenda qual foi o impacto da Reforma Protestante na pintura, na música e na arte.
A Reforma Protestante gerou impacto significativo na economia, na educação, na cultura e nas artes. A expressão artística emergida da reforma expressou os conceitos promovidos pelo próprio movimento, como a liberdade, respeito ao próximo, entre outros. Entenda o que foi a Reforma e os impactos no desenvolvimento da arte nos parágrafos abaixo:
A contribuição da Reforma Protestante para as artes
O que foi a Reforma Protestante?
A Reforma Protestante, também chamada de Reforma Luterana, foi um movimento reformista cristão liderado por Martinho Lutero que separou o que hoje conhecemos como a Igreja Reformada da Igreja Católica Apostólica Romana. O movimento teve início no dia 31 de outubro de 1517, quando Lutero publicou suas 95 teses na porta da Igreja Castelo de Wittenberg, questionando a forma como o catolicismo interpretava as escrituras sagradas, condenando a avareza e a infidelidade presentes na Igreja, discutindo as indulgências, entre outras coisas.
Em qual contexto artístico emergiu a Reforma Protestante?
Antes de falarmos sobre o impacto da Reforma Protestante nas artes é importante entendermos em qual período artístico o século XVI se encontrava: o Renascimento. Esse período é caracterizado pelo humanismo, o antropocentrismo, o individualismo, o universalismo, o racionalismo, o cientificismo e a valorização da Antiguidade Clássica. O fenômeno da Reforma Protestante, ocorrido na Europa do século XVI, é antagônico aos valores renascentistas e foi um dos mais importantes da Idade Moderna.
Quais os impactos da Reforma Prostestante na arte?
De acordo com Eli Moreira, pastor fundador do Redenção, a Reforma abriu espaço para a proximidade entre o ser humano e seu Criador ao discutir com o homem da Idade Média um novo paradigma – enquanto a religião católica tendia a centralizar e determinar o futuro do homem na área política e em todas as esferas do saber humano, inclusive da ciência, a Reforma deu ao ser humano uma nova perspectiva de como lidar com a Bíblia e com o conhecimento.
A reforma deu, como se diz hoje, um “empoderamento” ao homem, dizendo ao ser humano que ele pode e tem o dever de ler as Escrituras e interpretá-las.
Eli Moreira.
Essa nova autonomia de conhecer e se aprofundar na própria fé modificou a forma como o homem se relaciona com Deus. Isso deu origem ao Protestantismo, uma das três principais divisões do cristianismo, acompanhada pelo Catolicismo e a Ortodoxia. De acordo com Eli, a reforma permitiu aos fiéis maior liberdade de se aproximar das Escrituras e consequentemente de Deus, fazendo assim com que essa nova relação com o Divino fosse manifestada em forma de expressões artísticas.
Naquela época, apenas quem tinha acesso às Escrituras Sagradas era o Clero – um conjunto de sacerdotes responsáveis pelo culto religioso que, entre outras coisas, intermediava o acesso entre a Bíblia e o povo. Eli explica que a partir do momento em que os leigos entram em cena, tendo acesso às Escrituras, o mundo passou por uma profunda transformação na sua gênese, modificando assim a forma como seriam desenvolvidas as artes a partir daquele momento.
As artes passaram a ser desenvolvidas não a partir de uma visão humanista, mas de uma forma mais bíblica pelos seus agentes, os seus artistas.
O pastor ainda acrescenta que os artistas impactados pela Reforma Protestante possuem um conhecimento técnico incrível, citando o músico Johann Sebastian Bach e o pintor Rembrandt como exemplos incríveis dessa nova leitura artística que tem como base as experiências resultantes da aproximação entre o homem e Deus.
Qualquer um pode fazer uma leitura das escrituras e assim representá-las, e representar sua fé. Isso motiva esse novo movimento da arte na música, nas artes plásticas e em outras áreas das artes humanas.
Eli Moreira
O impacto da Reforma Protestante na Música
No movimento Renascentista, a música já havia passado por grandes mudanças se comparadas ao período histórico anterior. Na Idade Média, os cânticos entoados pela Igreja Católica possuíam letras em latim e melodias longas com o texto dividido em sílabas espaçadas, dificultando o entendimento das palavras.
No Renascimento surgiram questionamentos sobre a forma como a Igreja lidava com a música, criticando a passividade dos fiéis no culto. Além disso, também criticava-se o fato de a música não despertar paixões nos ouvintes e, por fim, a crítica à música afastada do texto que dificultava a compreensão do conteúdo que a canção queria passar.
Após a Reforma Protestante, os fiéis com vocação para música passaram a ter uma nova forma de se relacionar com ela, usando-a como meio de representação de sua fé. Um grande exemplo foi o icônico compositor Johann Sebastian Bach, que é conhecido pela genialidade e transcendência de sua obra.
Você vê em Bach uma pessoa profundamente dedicada a uma visão teológica, com um biblioteca extensa de procura.
Eli Moreira
O impacto da Reforma Protestante na Pintura
Os valores reformistas geraram um grande impacto na linguagem expressiva que motivava a produção artística no fim do período renascentista. É possível constatar diversas mudanças na forma como os artistas construíram suas pinturas após a reforma.
Uma característica marcante emergida após o movimento iniciado por Lutero foi a quebra dos valores humanistas nas obras, não priorizando-se mais a beleza e a estética humanas, mas sim o compromisso com a fé e também a expansão da linguagem, pintando a beleza da natureza como a expansão do poder de Deus.
Um exemplo de artista que teve sua obra impactada pelo protestantismo foi pintor Rembrandt, que passou a criar obras experimentais e tecnicamente inovadoras. Ele também se inspirou em temas bíblicos, como o retrato de Isaac e Rebeca, pintado de 1665 a 1669.
Em Rembrandt, na Holanda, você vê uma pessoa cuja experiência religiosa e visão de mundo influencia sua arte de uma forma incrível.
Destaca Eli Moreira.
Os impactos da reforma no século XXI, XX e XXI
Para além das artes e da religião, a reforma gerou um impacto significativo nas realidades econômicas, políticas e sociais do século XVI. Ao questionar a autoridade da igreja na Idade Média, criticando as indulgências, a participação dos fiéis na Igreja e a forma como a igreja conduzia os cultos, o movimento protestante ajudou a construir novas noções de liberdade, solidariedade, comunidade e democracia, que prevalecem até os dias de hoje.
Outros pensadores reformistas além de Martinho Lutero, como João Calvino e Philipp Melanchthon, também ajudaram a revolucionar a igreja trazendo importantes contribuições para o protestantismo. No decorrer dos séculos XXI, XX e XVI, muitos intelectuais que estudaram as áreas da teologia, filosofia, política, arte, sociologia e ética se apoiaram em valores estabelecidos após o movimento luterano que permanecem vivos até hoje.
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