Entendemos formalidade como a característica que uma pessoa ou grupo possuem de se manterem estratificados numa posição que parece perpetuar-se ao longo do tempo. É uma prática que existe há muito tempo por razões culturais, sociais e até religiosas.
Quando esta característica se cristaliza, poderíamos até falar em formalismo. O ato de se extremar passa a afirmar que os que vivem e pensam de outra maneira são de alguma
maneira menores do que aqueles que adotam o mesmo estilo de vida e conceitos.
“…Este povo honra-me com os lábios, mas o seus coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.”
Marcos 7:6 b-7
Do ponto de vista religioso tem entendido formalidade como a características de grupos e pessoas de guardarem-se apegados a tradições religiosas ao longo dos anos.
Eu não creio que exista um lugar onde a manutenção de costumes seja enfatizada como na igreja. A tendência a perpetuação parece tornar-se um fim em si mesma, como se a preservação de hábitos e costumes pudesse tornar alguém um ser espiritual.
Formalismo nas igrejas
Existe formalismo em todo tipo de religião cristã ou não cristã. Basta que eu repita ações e costumes sem refletir e eu serei uma pessoa que está seguindo uma formalidade.
O formalismo não é uma característica de igrejas históricas, mas uma manifestação humana de manter-se fiel à costumes e práticas que se repetem, de modo que eu torne a fazer o que meu pai e meu avô fizeram, sem refletir no completo significado de minhas ações. Assim, torno a fazer aquilo que meus antecessores fizeram, sem entender o profundo significado de um relacionamento com Deus.
Você pode fazer parte de uma igreja que valoriza diversos instrumentos musicais contemporâneos ou participar de uma igreja que ainda valoriza o órgão de tubo tão usado
nos concertos do passado – ainda assim, apesar das diferenças, você pode ser uma pessoa na qual o formalismo está se consolidando como parte de suas tradições e repetições sem reflexão, sem meditação.
Quando assumo este princípio de vida, colocando o relacionamento com Deus em segundo plano, e quando a repetição torna-se a essência de minha vida, torno-me um seguidor de doutrinas de homens e não alguém que procura intimidade com Deus.
Quando uma igreja torna-se formal, perde sua missão, que é relacionar-se com Deus, um Deus que intervém em sua história, optando por doutrinas humanas de repetição. Mas pelo contrário, porque Deus está vivo e deseja estar próximo de Seu povo, e porque aproximar-se dEle é a essência da verdadeira abandonemos doutrinas e preceitos humanos que nos afastem desta proximidade.
Como saber se sou apegada as formalidades em minha fé?
Para adorar a Deus e segui-lo você precisa de coisas físicas, como o ambiente que siga uma métrica exatamente igual ao que está acostumado e uma sequência de ações repetidas sem que você reflita profundamente em seus atos?
Observe o que a Bíblia afirma:
“Mas, quando orarem, cada um vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, em segredo. Então seu Pai, que observa em segredo, os recompensará. Ao orar, não repitam frases vazias sem parar, como fazem os gentios. Eles acham que, se repetirem as palavras várias vezes, suas orações serão respondidas. Não sejam como eles, pois seu Pai sabe exatamente do que vocês precisam antes mesmo de pedirem.”
Mateus 6.6-8
Veja como Israel mantinha suas práticas religiosas e, contudo, se afastou de Deus:
“‘Andem, vão a Betel cometer pecados! Continuem a desobedecer em Gilgal! Ofereçam sacrifícios todas as manhãs e tragam seus dízimos a cada três dias. Apresentem seu pão com fermento como oferta de gratidão. Entreguem suas ofertas voluntárias para saírem se gabando delas! É o tipo de coisa que vocês, israelitas, gostam de fazer’, diz o SENHOR Soberano. ‘Eu trouxe fome sobre toda cidade, escassez de alimento sobre todo lugar. Nem assim vocês voltaram para mim’, diz o SENHOR.”
Amós 4.4-6
Quando você participa de cultos e eventos religiosos, você se sente vazio e sem sentido, não sabe a razão porque está aderindo a compromissos e atos religiosos?
Ou ainda quando você se compromete com ações que chama de “espirituais”, faz isto objetivamente por obrigação ou compromisso com a liderança de sua igreja?
O resumo de toda a lei de Deus é amar a Deus de todo o seu coração. Suas ações segundo a Bíblia precisam de alma, tudo que você fizer deverá ser reflexo do seu coração observe as palavras de Jesus:
“Respondeu-lhe Jesus: ‘Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua
alma e de todo o teu entendimento.'”
Mateus 22:37
Até quando o espelhamento de suas ações em seus lideres pode ser uma mera repetição ou uma ação espiritual?
“Sejam meus imitadores, como eu sou imitador de Cristo.”
1 Coríntios 11:1.
Enquanto eu vejo a conduta de alguém que vive de maneira espiritual e esta ação está conectada com a maneira como Cristo viveu e nos ensinou nas Escrituras, esta ação de procurar fazer o melhor vem de Deus. Quando ela é uma imitação de uma personalidade que você passou a seguir e que não reflete o que Cristo ensinou você pode
estar se afastando do Caminho que é o próprio Jesus.
“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.”
João 14:6
As repetições não deixam marcas eternas no coração, elas partem de fora de comportamentos de repetição e se não foram fundamentadas no coração elas não se perpetuarão. Segundo o Senhor Jesus todas as ações espirituais deverão partir do coração e então tomar tudo
o que somos:
“Então, lhes disse: Assim vós também não entendeis? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar, porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e sai para lugar escuso? E, assim, considerou ele puros todos os alimentos. E dizia: O que sai do homem, isso é o que o contamina. Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem.”
Marcos 7.18-23
Se me é permitido, partilho aqui um artigo que escrevi sobre a linguagem alegadamente “bíblica” que, afinal, não é mais do que uma construção tradicionalista e ritualista de conceitos quer do Antigo Testamento, quer de contextos extrabíblicos: https://vidaemabundancia.blogspot.com/2024/09/num-domingo-qualquer.html