Ode sobre um tanque a queimar – Terras Santas – Outubro de 1973
A voz contou esta antiga estória. Sangue precioso entoou este antigo conto.
Certo homem tinha dois filhos, um era rico e o outro pobre. O filho rico não tinha filhos enquanto que o pobre fora abençoado com muitos filhos muitas filhas.
Com o passar do tempo, o pai caiu enfermo. Ele estava certo que não viveria mais uma semana e por isso no sábado chamou os filhos para o seu lado e deu a cada um deles metade da terra de sua herança. E depois morreu.
Antes do pôr do sol os filhos sepultaram seu pai com respeito como o costume requer.
Naquela noite, o filho rico não conseguiu dormir. Ele disse para si mesmo:
“O que o meu pai fez não foi justo. Eu sou rico, e meu irmão é pobre. Eu tenho pão suficiente e de sobra enquanto que os filhos de meu irmão comem um dia e confiam que Deus os alimentará no dia seguinte. Preciso mudar o marco que nosso pai colocou no meio das terras de forma que meu irmão tenha um quinhão maior. Ah, mas ele não pode me ver. Se ele me vir, ficará envergonhado. Preciso levantar de madrugada, antes do sol nascer, e mudar o marco!”
Com isso ele adormeceu e o seu sono foi seguro e pacífico.
Nesse ínterim, o irmão pobre não conseguiu dormir. Enquanto estava deitado inquieto na sua cama, disse para si próprio: “O que meu pai fez não foi justo. Aqui estou eu rodeado da alegria de meus filhos e muitas filhas, enquanto meu irmão diariamente enfrenta a vergonha de não ter filhos que ostentem seu nome, nem filhas para consolá-lo na sua velhice. Ele deveria possuir a terra de nossos pais. Talvez isso em parte lhe compensasse pela sua indescritível pobreza. Ah se eu lhe der ele ficará envergonhado. Preciso levantar de madrugada, antes do sol nascer, e mudar o marco que nosso pai colocou!”
Com isto adormeceu e o seu sono foi seguro e pacífico.
No primeiro dia da semana – bem de madrugada, muito antes de o romper, os dois irmãos se encontraram no lugar do velho mato.
Caíram em lágrimas nos braços um do outro. E naquele lugar construída a cidade de Jerusalém.”
Texto de Kenneth Bailey
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