Em junho de 2024, a Redenção Igreja recebeu o médico Dr. José Machado, especialista em dor, ortopedia e cirurgia de coluna, para uma conversa sobre dor e esperança na quarta edição do nosso encontro ESSENCIAL.
O tema “Superando a Dor” foi explorado de diversas formas, abordando desde aspectos físicos até emocionais, revelando como nossas percepções e experiências pessoais moldam a forma como lidamos com a dor.
Nesta matéria você verá a transcrição adaptada do que foi dito pelo Dr. José Machado e pelo pr. Eli Moreira. Você também pode assistir à conversa completa no vídeo abaixo:
A Natureza Subjetiva da Dor
Dr. José Antônio Machado iniciou sua fala destacando a subjetividade da dor. Ele propôs uma atividade interativa, onde os participantes avaliavam imagens de situações dolorosas e atribuíam notas de 0 a 10 para a dor percebida em cada cena. A atividade mostrou que, embora todos estivessem olhando as mesmas imagens, as notas variaram significativamente, ilustrando como a dor é influenciada por fatores individuais e emocionais.
Dr. Machado explicou que a dor não é apenas uma resposta a um estímulo físico, mas é modulada por nossas experiências, expectativas e emoções. “Se eu dou uma martelada no meu dedo com a mesma intensidade e dou no dedo de cada um que está aqui, todo mundo vai ter a mesma dor? É difícil falar isso, né?”, provocou o Dr. Machado. Ele deu exemplos de como diferentes pessoas interpretam a dor de maneira única, como no caso de uma picada de abelha ou uma fratura óssea. Essa subjetividade é crucial para os profissionais de saúde ao considerar tratamentos personalizados, ajustando a analgesia e anestesia conforme a sensibilidade individual de cada paciente.
A Dor como Mecanismo de Proteção
A dor, apesar de muitas vezes vista como uma inimiga, desempenha um papel essencial na nossa sobrevivência. Dr. Machado destacou que a dor funciona como um alarme, alertando-nos para danos potenciais e incentivando-nos a buscar ajuda. Ele citou o exemplo da apendicite, uma condição que, no passado, era frequentemente fatal, mas que hoje é tratada com sucesso graças à intervenção médica motivada pela dor.
Além disso, ele mencionou casos como o de uma fratura de costela, onde a dor impede que o paciente use a parte do corpo lesionada, permitindo que o processo de cura ocorra sem maiores complicações. “Se a gente não tivesse aquela percepção da queimadura da panela, a gente ia continuar com o estímulo de dor naquela região e provavelmente ia aumentar nossas lesões”, explicou Dr. Machado, ressaltando a importância de respeitar a dor e buscar tratamento adequado, em vez de ignorá-la ou subestimá-la.
Impacto dos Hábitos de Vida na Dor
Respondendo a uma pergunta do Pastor Eli sobre a influência dos hábitos de vida na dor, Dr. Machado enfatizou que nossas escolhas diárias têm um impacto profundo na nossa saúde e na forma como experimentamos a dor. “O envelhecimento, que é esse processo natural da vida, que leva a uma degeneração, é o que vai condizer aos nossos hábitos lá no início da nossa vida”, afirmou Dr. Machado.
Ele mencionou a importância de uma alimentação equilibrada, a prática regular de exercícios físicos e a manutenção de um sono de qualidade. “Quantas pessoas aqui de fato falam assim, eu tenho um sono de qualidade. Qualidade, eu me cuido, horário de dormir, horário de acordar, evito tomar café à noite, evito estímulo”, questionou ele. Hábitos como cruzar as pernas frequentemente podem levar a problemas musculoesqueléticos ao longo do tempo, exemplificando como pequenas ações repetidas podem resultar em dores crônicas.
Dr. Machado também destacou a necessidade de educar as crianças desde cedo sobre a importância de hábitos saudáveis para prevenir dores e doenças no futuro. “Nós fazemos muitas coisas por hábito. E o livro tenta bater nessa tecla. Se você trocar algo ruim por algo bom e transformar isso em uma rotina, você acrescenta na sua vida hábitos bons”, mencionou, referindo-se ao livro “O Poder do Hábito”.
A Dor Emocional e Suas Consequências
O Pastor Eli Moreira trouxe à tona a complexidade da dor emocional, muitas vezes negligenciada em comparação com a dor física. Ele convidou os participantes a refletirem sobre suas dores mais profundas, aquelas que raramente são compartilhadas. A discussão revelou que muitas das dores mais significativas são de natureza emocional, relacionadas a traumas, perdas e experiências de vida difíceis.
“Quando a gente tem uma dor muito profunda, a gente não conta. Por exemplo, você pode ter sofrido um acidente e passado por um monte de tratamentos e cirurgias e tal, e não necessariamente você vai ter orgulho de contar isso para todo mundo”, comentou Pastor Eli. Ele enfatizou que ignorar a dor emocional pode levar a problemas mais graves, incluindo doenças psicossomáticas. A dor emocional pode se manifestar fisicamente, e o tratamento adequado dessas dores exige uma abordagem holística, que considere tanto os aspectos físicos quanto emocionais do indivíduo.
Superando a Dor com Auxílio Espiritual
No encerramento da conversa, o Pastor Eli abordou a dimensão espiritual da dor, citando o Salmo 42:5, onde o salmista fala com sua alma abatida, buscando esperança em Deus. “Por que estás abatida, minha alma? Por que você está perturbada dentro de mim? Espere em Deus, pois ainda o louvarei. A ele, meu auxílio e Deus meu”, recitou ele.
Ele destacou que muitas vezes, nossa alma pode estar perturbada e em desespero, e que é crucial buscar auxílio em Deus e em pessoas de confiança. “Eu queria falar que é uma dor que talvez você não saiba que existe, mas é a dor da sua alma. E é talvez uma das dores mais fortes que as pessoas sintam e que elas não saibam dar nome”, explicou Pastor Eli.
A mensagem final foi um convite para que todos reflitam sobre suas dores, físicas e emocionais, e busquem ajuda quando necessário. A importância de não ignorar a dor, mas enfrentá-la com coragem e fé, foi ressaltada como um passo fundamental para a superação e a cura. “Deus planejou uma vida perfeita para você porque Ele não é seu amigo, seu amiguinho, seu papaizinho desse mundo. Ele sabe o que está fazendo. E quando você luta contra Ele, você luta contra a vida”, concluiu Pastor Eli.
O evento ESSENCIAL proporcionou uma rica oportunidade de aprendizado e reflexão sobre a dor. Com as valiosas contribuições do Dr. José Antônio Machado e do Pastor Eli Moreira, entendemos melhor a complexidade da dor e a importância de abordá-la de maneira integral, considerando aspectos físicos, emocionais e espirituais.
Ao respeitar nossas experiências individuais e buscar auxílio adequado, podemos transformar a dor em uma aliada na nossa jornada de crescimento e superação.
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ESSENCIAL – Conversa com especialistas de diversas áreas sobre o que é essencial para a vida humana.
Toda terça às 19h na Av. Paulista 2200.
Entrada franca.
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