Uma pergunta que as pessoas de todas as religiões fazem é sobre como será a vida no céu, no paraíso, ou enfim, como será quando dermos o último suspiro neste corpo. As religiões tem muitas respostas para este questionamento – da reencarnação, quando a pessoa passa por um aperfeiçoamento a cada encarnação que vive na terra, até outras que falam de como a pessoa atinge um estado de iluminação espiritual para encontrar libertação.
Quando a Bíblia descreve o céu, ela o faz de forma mais ampla no livro de Apocalipse. Os cristãos, então, passam a fazer descrições de como será o céu, mas muitos correm o risco de perder de vista o que é mais importante acerca do céu: Deus.
O Céu – espelho de quem Deus é
1.Uma das primeiras coisas que devemos pensar quando imaginarmos acerca do céu é sobre nossa visão sobre quem Deus é. O céu mudará esta visão porque nossa realidade de aproximação com Deus deve mudar dia a dia até o momento em que viveremos para sempre com Ele em plenitude de vida.
“Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido.”
1 Coríntios 13:12
2. As revelações que foram dadas ao apóstolo João são espirituais e tão sublimes que ele se diz sem forças e que caiu prostrado muitas vezes. Uma vez que o céu é um lugar que reflete quem Deus é, ele está cheio de glória espiritual. Confundirmos a glória espiritual com algo que temos no planeta terra seria um engano.
Explicando sobre este fato, o apóstolo Paulo nos diz o seguinte em I Corintios 15.40-46: “Também há corpos celestiais e corpos terrestres; e, sem dúvida, uma é a glória dos celestiais, e outra, a dos terrestres. Uma é a glória do sol, outra, a glória da lua, e outra, a das estrelas; porque até entre estrela e estrela há diferenças de esplendor. Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual. Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, e sim o natural; depois, o espiritual.”
3. As visões do apóstolo são de realidades que estão muito acima de nosso mundo e nossas realidades. Para falar acerca de sua visão é constante o uso do termo ως que é um comparativo como determinada substância ou aparência por uma única razão:
“Portanto, era necessário que as cópias das coisas que estão nos céus fossem purificadas com esses sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios superiores.”
Hebreus 9:23
Ou seja, o que existe no Paraíso é muito superior a tudo que conhecemos e experimentamos neste mundo por uma única razão, ele é o reflexo da plenitude que Deus preparou para que seus filhos vivam num futuro próximo.
Como será o Céu?
Existem promessas maravilhosas destinadas aos filhos de Deus que podemos descrever da seguinte forma:
No céu, não haverá falta de energia e nem crise de abastecimento, pois Deus é Todo-poderoso; não haverá pesadelos e nenhuma noite sem dormir – não há noite lá (Apocalipse 21:25). Nem haverá doenças, pandemias, hospitais, nem dinheiro, nem burocracia. Sem reclamações; sem conversa fiada; sem ódio; sem medo; sem nenhum crime.
O céu será um lugar de comunhão. Um lugar em que viveremos com Jesus Cristo e com o Deus Pai. Os filhos de Deus “se encontrarão com o Senhor nos ares e assim estaremos para sempre com o Senhor” (I Tessalonicenses 4:17).
O céu será um lugar para adorar a Deus.
“Assim como os novos céus e a nova terra que vou criar serão duradouros diante de mim”, declara o Senhor, “assim serão duradouros os descendentes de vocês e o seu nome.
De uma lua nova a outra e de um sábado a outro, toda a humanidade virá e se inclinará diante de mim”, diz o Senhor.
Isaías 66:22,23
O apóstolo João também prediz a mesma coisa, dizendo:
“Quem não te temerá, ó Senhor? Quem não glorificará o teu nome? Pois tu somente és santo. Todas as nações virão à tua presença e te adorarão, pois os teus atos de justiça se tornaram manifestos”.
Apocalipse 15:4
Tá bom, mas então vamos passar o tempo todo no céu cantando louvores enquanto os anjos tocam as harpas? Nada disso. Certamente o céu será um lugar de alegria e trabalho produtivo. Podemos ter certeza de que no céu seremos como Deus e Jesus, e eles sempre trabalharam. Jesus disse: “Meu Pai continua trabalhando até hoje, e eu também estou trabalhando” (João 5:17).
Isaías também no mostra que será um lugar onde se pode trabalhar e ver seu trabalho dar frutos:
“Construirão casas e nelas habitarão; plantarão vinhas e comerão do seu fruto.
Já não construirão casas para outros ocuparem, nem plantarão para outros comerem. Pois o meu povo terá vida longa como as árvores; os meus escolhidos esbanjarão o fruto do seu trabalho.
Não labutarão inutilmente, nem gerarão filhos para a infelicidade; pois serão um povo abençoado pelo Senhor, eles e os seus descendentes.”
Isaías 65:21-23
O céu terá uma beleza além da nossa imaginação. O melhor que João poderia fazer para descrever o céu era dizer que ele era como uma cidade inteira de ouro transparente. Ele diz: As paredes da nova cidade são joias preciosas. Os portões são doze pérolas únicas. A própria cidade e suas ruas são de ouro puro, mas como vidro transparente. Isso é encontrado em Apocalipse 21:18, 19, 21.
E toda a cidade é iluminada pela glória de Deus. O céu é um lugar de bênçãos incomparáveis. Jesus preparou uma mansão para nós lá. Um grande tesouro está armazenado para nós; de fato, os santos “herdarão todas as coisas” (Apocalipse 21: 7). As folhas da árvore da vida vão garantir nossa saúde. e a água pura e cristalina do rio da vida fluirá do trono de Deus para a árvore da vida eterna. Pela primeira vez desde o Jardim do Éden, os filhos de Deus podem comer desta árvore em Seu paraíso (Gênesis 3:22 e Apocalipse 2: 7).
No céu, receberemos novos nomes, novos corpos imperecíveis. e seremos vestidos com as vestes brancas da justiça. Não teremos doenças, nem deficiências, nem imperfeições. Seremos pedras vivas gloriosas; pilares no templo eterno de Deus (I Coríntios 15:52; 1 Pedro 2: 5; Apocalipse 3:12).
O melhor de tudo é que o céu com Deus e Jesus será um lugar de amor. Deus em amor enxugará todas as nossas lágrimas (Apocalipse 21: 4). Os anjos se regozijarão quando o céu se encher de cristãos justos (II Pedro 3:13). Aqueles espíritos que têm fome e sede de viver humildemente com Deus; aqueles com coração puro; aqueles que voluntariamente suportaram a perseguição; e aqueles que viveram pela paz de Deus, viverão juntos na vida e no amor para todo o sempre.
O que os judeus e antigos pensavam sobre o Céu
Para compreender como os judeus e os povos antigos pensavam a respeito do céu, podemos afirmar que havia o céu dos planetas, o céu das nuvens como o conhecemos e o terceiro céu onde Deus, a divindade habitava muito superior aos homens – reinando e conduzindo a vida como um todo.
O fato mais surpreendente e quase inacreditável é que o caminho para o céu não é complicado. A “passagem” para o Céu é dada àqueles que aceitam que Jesus morreu na cruz pelos nossos pecados para nos salvar da morte eterna. Quando pedimos a Deus perdão e um novo coração para guardar Seus mandamentos, Ele nos dará ambos.
O Paraíso no livro de Apocalipse
Na carta à igreja de Éfeso, Cristo faz uma promessa:
“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus.”
Apocalipse 2:7
Em seu comentário do novo testamento, o autor escocês William Barclay faz um exame interessante do termo:
A palavra “paraíso” é de origem persa. Xenofonte escreveu muito sobre os persas, e foi ele quem a introduziu no idioma grego. No princípio “paraíso” significava um jardim prazenteiro, com parques e cursos de água, com árvores frondosas e canteiros de flores muito belos, em geral povoado por animais semi-selvagens que aceitavam felizes o cativeiro num meio tão belo.
Quando Xenofonte descreve o lugar onde vivia o rei dos persas, diz que havia ali um paraíso, tal como eles o chamavam, cheio de todas as coisas belas e boas que a terra pode produzir (Xenofonte, Econômico, 4:13). “Paraíso” é uma bela palavra que descreve um lugar de serena beleza.
Na Septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento, a palavra “paraíso” tem dois significados. Em primeiro lugar, é usada comumente para referir-se ao Jardim do Éden (Gênesis 2:8; 3:1). “Paraíso” significa “jardim”, e o Éden era o jardim mais belo de todos.
Em segundo lugar, empregava-se com relação a qualquer jardim senhorial. Quando Isaías fala de um jardim que tinha ficado sem água, a palavra que usa, nessa tradução, é “paraíso” (Isaías 1:30). É a palavra que aparece no versículo de Jeremias que diz: “Edificai casas e habitai nelas; plantai jardins, e comei o fruto deles” (Jeremias 29:5, TB).
É a palavra que usa o pregador quando anuncia: “Fiz jardins e pomares para mim e nestes plantei árvores frutíferas de toda espécie” (Eclesiastes 2:5).
No pensamento cristão primitivo a palavra tem um significado muito especial. Segundo a concepção hebraica, depois da morte as almas dos vivos iam ao Hades, sem que houvesse diferença entre os bons e os maus. Hades era o reino das sombras, fantasmal, cinza, sombrio, onde se carecia de energia e forma definidas.
Os cristãos primitivos, pelo contrário, pensaram que entre a Terra e o céu havia um lugar intermédio, de transição, no qual todos esperavam que, depois da morte, ocorresse o juízo final e se implantasse o Reino. Para Tertuliano este lugar era uma enorme cova, debaixo da terra. Mas havia uma parte dessa cova onde estavam alojados os patriarcas e os profetas, e essa parte era um paraíso.
Filo descreve esse lugar dizendo: “Sem que os incomode a chuva, a neve ou o fluxo, mas acariciados pelo suave e refrescante zéfiro que sopra sempre sobre eles desde o mar”. Para Tertuliano havia somente uma classe de cristão que ia diretamente a esse lugar, e este era o mártir. “A única chave que abre as portas do paraíso é seu próprio sangue derramado”.
Os grandes pensadores primitivos não identificam o Paraíso com o Céu; o Paraíso era uma etapa intermediária, o lugar de aprendizagem onde as almas dos que eram aptos se preparavam para terem acesso à presença de Deus.
Mas a palavra Paraíso não manteve, com o passar dos séculos, este sentido de um lugar intermediário entre a Terra e o céu. Chegou a ser sinônimo de “céu”, a imediata presença e glória de Deus.
Quando pensamos na palavra “paraíso” nossa mente deve lembrar imediatamente as palavras que Jesus dirigiu ao ladrão penitente que foi crucificado junto com ele: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:43).
Aqui estamos na presença de mistérios diante dos quais seria irreverente e blasfemo dogmatizar. Acaso não nos deve ser suficiente como definição a que descreve o paraíso, ou o céu, como a vida na permanente presença e companhia de nosso Senhor Jesus?
Nas palavras de Jesus, o paraíso é a vida eterna com Cristo.
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Referências:
bible.ca
bibleinfo.com
O Novo Testamento – Comentários por William Barclay
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