Por que Jesus teve que ser crucificado?

A crucificação de Jesus Cristo é o evento definitivo da história cristã. Mas por qual razão o Filho de Deus teve que passar pela morte brutal e humilhante na cruz? Esta pergunta intrigou estudiosos e crentes por séculos. Para entender, precisamos examinar o contexto histórico e as implicações teológicas por trás da crucificação.

A prática histórica da crucificação

A crucificação era uma forma de execução horrível e dolorosa usada pelos romanos para punir criminosos e dissidentes políticos. Conhecida como “pena mais cruel e assustadora”, a crucificação provocava lenta asfixia enquanto a vítima sangrava até a morte, muitas vezes ao longo de dias.

Jesus viveu sob o domínio do Império Romano. Naquela época, a Judeia era uma província turbulenta e os romanos usavam a crucificação para esmagar qualquer oposição. Dois “criminosos” foram crucificados ao lado de Jesus, confirmando o uso romano de crucificação para punir até mesmo pequenos delitos.

A nudez da vítima acrescentava humilhação pública ao sofrimento físico. Como um rabbi judeu, Jesus teria considerado uma grande vergonha ser colocado nu em praça pública desta forma. Sua crucificação ocorreu fora dos muros da Cidade Santa de Jerusalém, de acordo com o costume romano.

Se quiser mais detalhes, escrevemos uma matéria bem completa sobre os detalhes da crucificação nos dias do Império Romano. Clique no link para lê-la.

Cumprimento das profecias do Antigo Testamento

Os profetas de Israel haviam escrito séculos antes sobre o sofrimento do futuro Messias redentor. O Salmo 22 descreve os sofrimentos excruciantes de alguém sendo morto através da crucificação, muito antes de essa prática ter sido inventada. O profeta Isaías escreveu sobre o servo sofredor traspassado pelos pecados do povo (Isaías 53:5), cerca de 700 anos antes do nascimento de Jesus.

¹ Quem creu em nossa mensagem e a quem foi revelado o braço do Senhor?
² Ele cresceu diante dele como um broto tenro, e como uma raiz saída de uma terra seca. Ele não tinha qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada em sua aparência para que o desejássemos.
³ Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de tristeza e familiarizado com o sofrimento. Como alguém de quem os homens escondem o rosto, foi desprezado, e nós não o tínhamos em estima.
⁴ Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças, contudo nós o consideramos castigado por Deus, por ele atingido e afligido.
⁵ Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados.
⁶ Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós.
⁷ Ele foi oprimido e afligido, contudo não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca.
⁸ Com julgamento opressivo ele foi levado. E quem pode falar dos seus descendentes? Pois ele foi eliminado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo ele foi golpeado.
⁹ Foi-lhe dado um túmulo com os ímpios, e com os ricos em sua morte, embora não tivesse cometido qualquer violência nem houvesse qualquer mentira em sua boca.  
¹⁰ Contudo foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer, e, embora o Senhor faça da vida dele uma oferta pela culpa, ele verá sua prole e prolongará seus dias, e a vontade do Senhor prosperará em sua mão.
¹¹ Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento meu servo justo justificará a muitos, e levará a iniqüidade deles.
¹² Por isso eu lhe darei uma porção entre os grandes, e ele dividirá os despojos com os fortes, porquanto ele derramou sua vida até à morte, e foi contado entre os transgressores. Pois ele carregou o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.
Isaías 53:1-12

Ao ser pregado na cruz, Jesus cumpriu essas previsões milenares sobre o Messias. Sua crucificação confirmou que Jesus era o Cristo prometido que viera para redimir o povo de Israel e toda a humanidade. Até mesmo pequenos detalhes como a divisão de suas vestes e a oferta de vinagre para que ele bebesse haviam sido preditos séculos antes, e se cumpriram na crucificação.

O sacrifício pelo pecado da humanidade

De acordo com a lei judaica, sem o derramamento de sangue não há perdão de pecados (Levítico 17:11). Os sacrifícios de animais no templo apontavam para a necessidade de um sacrifício pelo pecado. Como o “Cordeiro de Deus”, Jesus cumpriu perfeitamente o papel de sacrifício supremo e definitivo para expiar os pecados da humanidade.

Sua morte na Páscoa faz alusão ao cordeiro pascal, um símbolo do povo de Israel libertado da escravidão no Egito. Da mesma forma, o sangue de Cristo na cruz agora liberta da escravidão do pecado todos os que nele creem, judeus ou gentios.

Demonstração máxima do amor de Deus

A cruz é a demonstração definitiva do amor e da graça de Deus pela humanidade. Enquanto ainda éramos pecadores e inimigos espirituais, Deus enviou seu Filho para morrer em nosso lugar e pagar nossa dívida de pecado.

O sacrifício do próprio Filho de Deus para nos salvar revela um nível de misericórdia e graça que transcende qualquer coisa que possamos imaginar. Em nenhum outro lugar vemos tão claramente a sinceridade do amor de Deus por nós.

Vitória sobre o pecado e a morte

Por fim, a ressurreição de Cristo da morte três dias depois proclama sua vitória definitiva sobre o pecado e suas consequências. A cruz não foi o fim da história! Como Cristo previu, ele conquistou a morte e agora vive para sempre como nosso Sumo Sacerdote e Salvador ressurreto.

A morte de Cristo assim conquistou tanto o pecado quanto a morte de uma vez por todas. Como Paulo declara, através da cruz veio “a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo!” (1 Coríntios 15:57). Seu sacrifício abriu o caminho da salvação eterna para todos.

A crucificação de Jesus cumpriu inúmeros propósitos fundamentais no plano redentor de Deus. Sua morte horrenda mas necessária serviu para confirmá-lo como o Messias prometido, oferecer o sacrifício definitivo pelo pecado, demonstrar o amor de Deus, e conquistar o pecado e a morte para sempre. Sem a crucificação, não poderia haver salvação para a humanidade. Por isso Jesus teve que ser crucificado por nós.

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Layon Lazaro
Layon é membro do Movimento Redenção e editor do portal redencao.co.Diácono, estudante de comunicação, cinema e literatura, paulistano e pai de dois meninos sapecas.email: layon@redencao.co