O período de férias é um tempo muito especial. O descanso e o cansaço se misturam com o nascer e o por do sol. As roupas sérias dão lugar às roupas despojadas e revestidas de nuvem. Praias escondidas e lugares preservados têm areia tão branca que lembra o talco, um descanso para os pés.
As férias muitas vezes assumem forma de aventura, seja ela planejada ou apenas a consequência de algumas escolhas que fazemos sem muita orientação. Foi em uma aventura assim que, seguindo um aplicativo de mobilidade com um carro alugado, fiquei preso com minha família numa areia muito branca que havia engolido a estrada.
Não, não era uma duna, era uma estrada em estado de formação. A ferramenta dizia que era uma estrada formada. Mas não era. Fiquei ali muitos minutos ajoelhado na areia, tentando fazer tudo de que eu me lembrava ter feito antes, quando passei por uma situação com esta. Minha esposa saiu para procurar ajuda numa casa que nos alcançou por sua música. Quando ela retornou para onde estávamos atolados na areia, eu estava em posição de humilhação – ajoelhado, suado pelas tentativas sem sucesso, procurando algo para sustentar o sonho de sair do areal.
Ali, sob o céu azul e sobre a terra branca, ali comecei a sentir muitos desconfortos. Minhas costas, que suportavam a escavação na areia sem fim, avisavam que a posição não seria suportável por muito mais tempo debaixo de um sol implacável. Mas o que mais me incomodava era a pele que recobre os meus joelhos. Como uma areia tão macia poderia ter
mudado a cor de minha pele para uma cor avermelhada como se eu tivesse
participado de uma batalha invisível? Teria sido o calor da areia? Ou, talvez, teria sido o
atrito que os movimentos num lugar aparentemente macio haviam
provocado em meus joelhos despreparados.
Meus olhos então se voltaram para os céus. Lembrei-me das vezes em que estive ajoelhado na presença do Pai. Acredito que não exista um lugar tão acolhedor como o tempo em que derramamos o coração diante de Deus. Mas também me lembrei que é um lugar de grande atrito! Minha vontade não quer se ajoelhar! Ali, buscando a verdade, eu enxergo a mentira
que mora em mim, o que eu gostaria de ser mas não sou, o que gostaria de
dizer mas não posso porque Ele é a verdade.
De joelhos, olhando para a areia muito branca e sorvendo o calor ao meu redor, me lembrei das noites de oração, das madrugadas e dos dias de grande calor e intensidade dentro de mim. Lembrei-me do atrito que o propósito da vida segundo Deus provocou no meu egoísmo, insensatez, e obstinação de tirar o carro de minha vida dos buracos em que me meti.
Diante daquele céu azul rememorei minha história e resolvi me ajoelhar de verdade e reconhecer que nunca nesta terra conseguirei eliminar o atrito de minha pequenez que não quer depender de Deus por mais que eu lute.
Por outro lado resolvi lutar a batalha da rendição a Deus e me ajoelhar diante dEle para louvá-lo em todo tempo, em todo lugar e declarar que Ele é Senhor sobre minha vida.
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