Os quatro Evangelhos chamam o lugar onde Jesus foi crucificado de Calvário, ou Gólgota (em latim: Calvaria, em aramaico: Gûlgaltâ; em grego: Κρανιου Τοπος; transl.: Kraniou Topos), que significa “o lugar da caveira” (Mateus 27:33; Marcos 15:22; Lucas 23:33; João 19:17).
Levaram Jesus ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer Lugar da Caveira.
Marcos 15:22
No entanto, não sabemos exatamente onde estava o Gólgota.
Esse lugar estava perto de Jerusalém, como João 19:20 nos diz, e provavelmente se tratava de uma colina ou monte, já que Marcos 15:40 diz que a cruz podia ser vista à distância.
E também ali estavam algumas mulheres, olhando de longe, entre as quais também Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé;
Marcos 15:40,41
As quais também o seguiam, e o serviam, quando estava na Galiléia; e muitas outras, que tinham subido com ele a Jerusalém.
Também sabemos que não foi em um lugar afastado da cidade, como Marcos 15:29 e Mateus 27:39 dizem que pessoas que por ali passavam comentaram sobre o evento.
E os que passavam blasfemavam dele, meneando as suas cabeças, e dizendo: Ah! tu que derrubas o templo, e em três dias o edificas,
Marcos 15:29,30
Salva-te a ti mesmo, e desce da cruz.
É muito difícil encontrar o lugar do Calvário na atual Jerusalém pelas grandes mudanças que a cidade sofreu nos últimos 2.000 anos. Logo em 70 d.C., a cidade foi destruída pelos romanos. Desde então, várias outras batalhas aconteceram na região e diferentes grupos de pessoas com interesses variados em identificar o local da morte de Jesus assumiram o seu controle.
Onde fica, hoje, o lugar onde Jesus morreu?
Dois locais atuais reivindicam a localização histórica do Calvário – isso é, do lugar onde Jesus morreu crucificado.
A Igreja do Santo Sepulcro
Primeiro, a Igreja do Santo Sepulcro, também chamada de Basílica do Santo Sepulcro, um templo cristão localizado na Cidade Antiga de Jerusalém, reivindica que está assentada no local Jesus teria sido crucificado, sepultado e, ao terceiro dia, ressuscitado.
Embora esteja hoje dentro dos limites de Jerusalém (vimos acima que o Calvário estava um pouco afastado da cidade), 2000 mil anos de História podem facilmente alargar ou estreitar as fronteiras de qualquer cidade.
Quando o imperador romano Adriano reconstruiu Jerusalém em 130/131 DC, ele construiu um templo para Júpiter e Vênus no local da atual Igreja do Santo Sepulcro. Em 325 DC, Constantino ordenou a remoção do templo de Adriano. A tradição cristã local afirmava que este era o local da tumba de Jesus e, notavelmente, quando o templo de Adriano foi removido, uma área de tumba foi realmente descoberta abaixo dela. Constantino mandou construir uma igreja no local e construiu uma pequena estrutura, ou edícula, dentro do prédio para fechar a própria tumba. A atual Igreja do Santo Sepulcro é a continuação dessa igreja criada por Constantino.
A favor da autenticidade deste local está o fato de que houve uma presença cristã contínua em Jerusalém desde a morte de Jesus até Constantino descobrir a tumba. Esta comunidade cristã, sem dúvida, teria venerado o local do sepultamento de Jesus, preservando a memória do local de seu túmulo. Além disso, o local da igreja era uma antiga pedreira no tempo de Jesus, embora pelo menos parte dela tivesse sido transformada em jardim (Jo 19,41).
O fato de o local da Igreja do Santo Sepulcro ter sido uma pedreira implica que ela estava fora dos muros da cidade (hoje está dentro da Cidade Velha). Isso concorda com o fato de que Jesus foi crucificado fora dos muros. Nesta área foram descobertos pelo menos quatro túmulos escavados na face ocidental da rocha, apenas um dos quais corresponde ao tipo de túmulo em que Jesus foi sepultado.
Leia sobre como era a crucificação no tempo de Jesus na nossa matéria dedicada.
O Calvário de Gordon
E um segundo indicado é o Calvário de Gordon, identificado há cerca de 150 anos. O Calvário de Gordon fica numa região chamada de Jardim do Túmulo, que fica ao norte do Santo Sepulcro, localizado fora da atual Porta de Damasco, em um lugar que era utilizado para enterros no período bizantino. O jardim tem uma penhasco com dois grandes buracos fundos, que o povo dizia serem os olhos da caveira – seria ali, então, o verdadeiro Lugar da Caveira?
O Jardim do Túmulo não tem tradição antiga que corrorobe sua reivindicação. Foi sugerido como o local do enterro de Jesus depois que o renomado herói militar britânico Charles Gordon, ao visitar Jerusalém em 1883, sugeriu que o Calvário estaria localizado em uma colina próxima. Sua identificação foi baseada em uma interpretação fantasiosa da antiga Jerusalém como tendo a forma de um esqueleto humano, com o crânio (ou seja, Gólgota) posicionado em uma colina ao norte do Portão de Damasco. Isso levou à identificação de uma tumba no lado oeste da colina como o local do sepultamento de Jesus, uma vez conhecida como Tumba de Gordon, ou Calvário de Gordon.
Investigações modernas do Jardim do Túmulo e nas proximidades, no entanto, indicam que eles faziam parte de um cemitério datado do período de cerca do século VI a.C, e não do século I dC.
O que realmente importa
Apesar da reivindicação desses dois lugares, ninguém sabe exatamente onde Jesus foi crucificado. E isso realmente importa? Na verdade, não. A localização exata, se alguma vez for identificada, tem significado histórico, mas não espiritual. O que é significativo é o que aconteceu lá e nas proximidades: Jesus morreu, foi sepultado, depois ressuscitou, vencendo a morte e concedendo vida eterna a todo aquele que nEle crê.
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Referências:
KEENER, Craig. Comentário histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento
biblearchaeology.org
compellingtruth.com
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