Como é difícil chegar ao lugar das calmarias por causa do rio caudaloso das corredeiras da vida. Como parecem ser raras as águas tranquilas onde nossa alma pode encontrar descanso! Como precisamos do remanso que é criado na alma daquele que pode descansar de sua dura jornada.
Pelo contrário, todos os dias somos conduzidos pela força das águas dos nossos desejos, para lugares onde jamais planejamos chegar. Somos lançados sobre pedras áridas e nos sentimos frustrados por não termos obtido o que esperávamos, mesmo após ter enfrentado tanta turbulência.
“O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias.“
Salmos 23
Em meio à nossa grande necessidade de paz, nós nos deparamos com a canção que o salmista Davi compôs para declarar o pastoreio de Deus sobre as almas cansadas dos homens que nesta canção são representados através das ovelhas. Ele nos compara a ovelhas que necessitam do pastor para que todas as suas necessidades sejam atendidas. A canção afirma que o pastor é que leva suas ovelhas para as águas que dão descanso. As ovelhas são muito parecidas conosco. Elas não descansam enquanto não comerem e se hidratarem. Seus corpos inquietos continuam à procura de novos alimentos e de água para matar a sua sede. Só após longas horas de alimentação e de sua aproximação das águas serenas, onde elas podem beber sem correr o risco de serem postos num rio bravio, onde poderiam rolar rio abaixo, por ter seus pelos encharcados por águas mais fortes do que o rebanho. Quando as ovelhas encontram estas águas de repouso, elas se deitam sob as vistas cuidadosas do pastor.
Durante toda a canção somos avisados sobre os inimigos que estarão presentes quando elas estiverem à caminho dos pastos verdejantes. Na região do oriente, estes pastos podem ser encontrados nos platôs que ficam no topo dos montes. Para alcançar estes lugares de pastos abundantes, elas tem que atravessar os vales da sombra da morte, onde os lobos e predadores aguardam escondidos e prontos para devorá-las. Só a companhia do pastor dará proteção e consolo frente aos inimigos. Diariamente, elas estão famintas e sedentas. Vivem as lutas para determinar o território onde cada uma irá se alimentar. Elas também são o alvo de insetos que se proliferarão, depositando larvas em suas orelhas, as quais, causarão grande sofrimento a menos que, o pastor cuidadosamente derrame óleo sobre suas cabeças até que elas sintam alívio do desconforto dos parasitas que foram retirados do interior de seus tímpanos.
As ovelhas precisam de refrigério. Refrigério é a palavra usada pelo salmista para se referir ao cuidado do pastor pela alma de suas ovelhas. Esta palavra também pode significar ter a sua alma de volta. Ela é muito interessante porque nos ensina que as ovelhas só encontram descanso no seu pastor. A presença do pastor trará uma paz que nenhuma outra circunstância poderá conceder. Não há descanso simplesmente por causa das águas tranquilas. Não há sossego porque existem pastagens verdejantes. Em todo o tempo, o refrigério é o pastor. Ele é o descanso. Ele é aquele que traz segurança para o coração da ovelha desgarrada à procura de seus próprios desejos. O pastor é o consolo no vale de sombra e morte. Ele é a causa da socorro das ovelhas e não um suprimento passageiro. Porque elas o tem como seu pastor, elas podem afirmar que nada lhes faltará.
Deus é o nosso pastor. Ele criou todas as coisas e nos amou a ponto de enviar Jesus para ser o nosso pastor. Este é o verdadeiro refrigério. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva- me para junto das águas de descanso; refrigera- me a alma.
Eli Moreira
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