Por que Deus permite o sofrimento?

O sofrimento humano, as nossas quedas, as intempéries que temos que enfrentar para chegar a determinado destino, são muito mais frequentes do que gostaríamos de acreditar. Todos os dias, o sofrimento humano é
o sentimento mais experimentado pelos habitantes de nosso planeta. As pessoas que gozam de conforto, uma boa posição social, aquelas que puderam ter seus pais presentes enquanto cresciam, aquelas que tiveram recursos para ter uma base para seu futuro, são uma pequena minoria dos habitantes de cada país. A grande maioria dos habitantes de nosso planeta sofrem para obter água potável, para ter comida de boa qualidade, para ter uma base familiar estável. Milhões de pessoas não tem uma infância que inclua brincadeiras, sem ter que desde cedo assumir a vida de adulto, ao invés de poder optar por brincadeiras infantis.

Por esta razão, quando falamos acerca do sofrimento somos conectados com toda a raça humana , porque uma imensa maioria dos moradores do nosso planeta tem que enfrentar toda espécie de dor, de separação, de toda espécie de preconceito, de violência e isolamento dos melhores recursos que estão reservados para os mais ricos. Ao passo que, quando falamos de conquistas pessoais de qualquer natureza, elas são muito específicas e não tem a capacidade de nos conectar com um grande número de pessoas, uma vez que, nossas conquistas nos alegram e alegram em menor intensidade as pessoas que nos amam. Estas conquistas serão um prazer para nós próprios e para um círculo muito pequeno de nossos amigos. Ao passo que, quando compartilhamos o sofrimento que experimentamos somos unidos com todos os outros seres humanos que enfrentam sofrimentos semelhantes aqueles que estamos enfrentando.

Cicatrizes e livre-arbítrio

Cicatrizes falam de sofrimentos que aconteceram, que acontecem e que acontecerão com cada ser humano. Eles falam de coisas que não deram certo. Cicatrizes descrevem histórias que não tiveram o fim que planejávamos. Estigmas descrevem acontecimentos que deixaram marcas, das quais não conseguimos nos livrar. Tentamos nos lembrar dos fatos e circunstâncias boas e alegres mesmo que cercadas por quedas e contusões. Diante do sofrimento surgem questionamentos muito profundos acerca do porque estamos
enfrentando uma tributação tão grande, e por qual razão, as tempestades parecem estar somente sobre a trajetória do nosso barco? Por que a vida humana pode ser visa sob este ângulo do sofrimento? Por que ela não poderia seguir os contos de fadas e só ter finais felizes? Por que Deus permite o sofrimento? Qual a causa de todo o mal que o mundo vive em nossos dias? As enfermidades foram causadas por Deus? Quem é a causa do sofrimento humano? Estas são perguntas que ouço das mais variadas vertentes do pensamento humano, muitos destes desejam que a humanidade viva dias mais justos e melhores.

Prefiro usar uma raciocínio cosmológico acerca da criação do homem expondo a Deus como a causa de
toda a criação sob a perspectiva bíblica. Quando Deus criou o homem resolveu fazê-lo um ser livre que tivesse arbítrio para fazer suas escolhas. Em razão de sua liberdade, o homem teria que arcar com suas escolhas. Se a liberdade que Deus concedeu ao homem que chamamos de arbítrio, fosse retirado do homem cada vez que sua escolha fosse equivocada, o fato é que não existiria arbítrio, pelo contrário, o homem seria uma peça no tabuleiro divino onde os movimentos pertenceriam somente ao Criador. Desta forma, quando Deus criou ao homem deu-lhe a oportunidade de fazer escolhas. Ele poderia andar com Deus e viver debaixo de sua graça que o aproximaria de seu Criador e de suas perfeições, ou poderia afastar-se dEle aproximando-se da escuridão que jaz na distância que assumimos em relação a Deus.

Desde que o homem optou por tornar-se senhor de sua vida, e optou por desobedecer ao seu criador e seguir
pelo seu próprio caminho. Desviou-se tanto de Deus que passou a duvidar de sua existência. Desta forma o
homem inclinou-se para o mal e começou a viver para si, considerando os seus semelhantes como seus inferiores, inimigos ou rivais. A maldade que podemos encontrar no homem tem destruídos as matas, os seres vivos, lançado lixo nos rios e mares, e matado os outros homens de uma maneira tão violenta que ficamos perplexos com a extensão da crueldade que pode habitar no coração humano. A maldade humana é tamanha que poderíamos dizer que 4/5 do sofrimento humano é provocado pelo próprio homem.

O leproso não tinha com quem contar. Ele era um homem com uma das doenças mais graves de seu tempo. Ele não podia contar com a piedade dos homens de seu tempo. Ele colocou o seu rosto em terra diante de
Jesus e clamou por misericórdia: se quiseres podes me curar! Fico maravilhado com a atitude de Jesus diante do sofrimento humano. Apesar de termos nos afastado de Deus, Ele é o Messias, o filho de Deus enviado ao
mundo para padecer por nossos pecados: “pelas suas pisaduras fostes sarados”, homem de dores que sabe o
que é padecer. Ele morreu pelas nossas transgressões para nos ligar a Deus. Ele se encarnou e viveu para
tornar-se o nosso Redentor, o nosso Salvador e morreu para salvar a todo que o invocar como seu senhor.

A maneira como Jesus age para libertar aquele homem dominado por uma enfermidade grave nos ensina sobre a natureza de Deus, nos ensina sobre como nos relacionarmos com Ele e finalmente nos ensina como devemos viver neste mundo de tantas diferenças e sofrimentos a que todos somos submetidos nesta vida.
Observe a maneira de Jesus agir e cresça em direção a Deus. Note como ele trata ao homem que sofre de
hanseníase e que viveu o isolamento por um tempo que não podemos imaginar:

Jesus foi profundamente tomado por compaixão.

Esta palavra no português é muito rica porque pode ser dita como: com paixão. Jesus olhou para o sofrimento daquele homem, viu sua fé, viu uma história de dor ao mesmo tempo que sabia que ele próprio é a restauração para todo aquele que o invocar. Compaixão não é uma palavra para pessoas cínicas, ásperas, rudes, cruéis e incrédulas. Compaixão nasceu no coração de Deus e foi compartilhada para todas as suas criaturas. De maneira especial, todo aquele que invoca ao nome de Deus pode compartilhar do seu amor e experimentar o que o coração divino sente por suas criaturas. O amor de Deus é invencível, incansável, ressurrecto e cheio de bondade em todo tempo, para todo o sempre.

Jesus o tocou.

Nós brasileiros amamos um abraço. Gostamos de nos cumprimentar calorosamente. Neste período de pandemia sentimos como se nossos membros tivessem sido cortados. Não sabemos que gestos temos que ter para demonstrar nosso carinho. Ninguém tocaria num leproso. O que se sabia acerca do contágio desta doença era um misto de superstição e medo. Uma vez que você fosse contaminado pela lepra, você poderia se esquecer dos abraços e de todos os gestos ternos que havia experimentado em sua vida sem enfermidade. Jesus o tocou mas não precisava tê-lo feito. Ele poderia curá-lo pelo poder de sua palavra. Mas a cura que Jesus praticou não tinha como alvo somente a hanseníase, mas o próprio isolamento. Ele compartilhou sua vida. Ele não teve medo de perdê-la. Derramou-a como um vento suave sobre a vida daquele homem súplice. Foi como água que toca a terra seca e a transforma imediatamente.

Jesus o reintegrou à sociedade e a vida em família.

Vá mostrar-se ao sacerdote fazer a oferta segundo Moisés ordenou. Ou seja, Jesus disse cumpra tudo o que foi ordenado pela lei para que você volte a vida. Volte aos abraços, volte para a sua família, volte para uma vida cheia de propósitos. Jesus não somente o curou de sua enfermidade, mas o curou do isolamento para o qual a sua enfermidade o sentenciou. Olhe para o mal no mundo. Olhe como ele se espalha como se fosse um fogo selvagem em terra sem chuva. Olhe para os acontecimentos estarrecedores que os noticiários nos informam diariamente e pergunte-se sobre qual é a origem do mal ou melhor, talvez devêssemos nos perguntar como a bondade e o amor podem vencer o mal. Este foi o ensino do Mestre Jesus. Volte para sua vida, espalhe bondade por onde for, eu quero que você seja curado!

Deus não vê a vida como a vemos!

A vida que conhecemos é um arroubo da eternidade. A vida é muito mais do que o corpo e o alimento. Os fatos e valores mais importantes de nossa existência são muito mais importantes do que aquilo que é passageiro. Diversas vezes quando Jesus curou pessoas de diversos males, ele acrescentou: Vá porque a tua fé te salvou. Segundo Deus a vida é eterna, ao passo que, nós a medimos pela ausência de sofrimento e de cicatrizes. Deus pensa a vida através de seu poder transformador ainda que através de sofrimentos.

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